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Por que tarifaço é risco para o café e o hambúrguer nos EUA

por Redação
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Ainda assim, os setores ligados a esses produtos dizem acreditar que eles poderão ser contemplados em acordos futuros.

“A lista de exceções nos sinaliza espaço para caminhos de negociação”, afirma a associação da indústria de café, a Abic. Trump adiou o início da medida, que seria nesta sexta (1º), em uma semana.

Não é só o Brasil que perde com o tarifaço: os EUA compram de fora 99% do café que consomem e o Brasil é o principal fornecedor, respondendo por cerca de 30% do mercado norte-americano.

O Brasil também é o principal fornecedor de carne bovina para indústrias nos EUA, que a transformam em hambúrguer, por exemplo. O país norte-americano até compra mais carne da Austrália, mas aí são aqueles cortes que vão direto para os mercados.

Brasil é o maior fornecedor para os EUA de café e de carne para indústria — Foto: Pexels

Sem mencionar o Brasil, ele citou ainda a manga, o abacaxi e o cacau, mas esses produtos também não entraram na lista de exceções.

EUA dependem do café brasileiro

O Brasil é o maior fornecedor de café não torrado para os EUA, seguido por Colômbia, Vietnã e Honduras, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA.

Antes da confirmação da sobretaxa de 50%, o setor já esperava que as vendas para os EUA continuassem no mesmo patamar mesmo com a imposição de Trump.

“Nesse momento, o importador ainda tem em estoque o café que não foi taxado, então ele pode praticar um preço médio para o consumidor norte-americano”, disse Celírio Inácio, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que seguirá em tratativas com seus pares dos EUA, como a National Coffee Association (NCA), para que o produto passe a integrar a lista de exceções do governo americano.

Isso porque abandonar o café brasileiro não seria uma saída para os EUA.

Tanto o Brasil quanto a Colômbia produzem principalmente o café do tipo arábica, mais suave, que é o preferido pelo consumidor americano. Mas a produção colombiana não se compara à brasileira em volume.

E ela deve ser ainda menor na safra em 2025/26, em relação à anterior, por causa do excesso de chuvas, segundo projeção do USDA.

Uma saída para o mercado americano seria priorizar o café do tipo robusta. Mas isso exigiria mudar o gosto do consumidor, já que este é um café mais encorpado.

Por outro lado, o Vietnã é o líder mundial na produção desse tipo de café (o Brasil é o segundo colocado). E a sobretaxa de Trump sobre importações de produtos país asiático é menor que a do Brasil: caiu de 46%, como anunciado em abril, para 20%, em acordo fechado agora em julho.

Os EUA são o maior cliente do café brasileiro, mas a Alemanha compra um volume semelhante (veja no gráfico ao fim da reportagem).

Carne está cara nos EUA, e importações sobem

As vendas de carne bovina do Brasil para os EUA chegaram a bater o recorde histórico no começo do ano, antes de Trump anunciar o tarifaço de 10% em abril (e agora subirá para 50%). Depois, começaram a cair.

Os EUA estão importando mais carne porque faltam bois para o abate.

A inflação do alimento no mercado americano está batendo recorde por causa de uma redução histórica do rebanho do país, que encareceu o preço do boi por lá – em maio, ele estava custando duas vezes mais que o boi brasileiro.

Segundo a Abiec, nenhum mercado pode substituir imediatamente os EUA, em virtude do grande volume demandado pelos importadores e do preço que eles estão em condições de pagar.

Os EUA não são o maior cliente da carne do Brasil: ficam bem atrás da China em volume de compras.

Mas as empresas brasileiras de carne bovina esperavam vender cerca de 400 mil toneladas até o final do ano para os EUA, o que agora é considerado inviável.

“As fábricas já pararam de produzir as carnes especificamente para os EUA”, afirmou o presidente da Abiec, Roberto Perosa.

Pescados dependem dos EUA

Os pescados, por sua vez, têm o mercado norte-americano como destino de cerca de 70% das exportações. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) lamentou o alimento não ter entrado na lista de exceções do tarifaço.

“Não há alternativas viáveis de mercado”, diz a Abipesca. “O impacto será severo e imediato, com repercussões sociais e econômicas profundas, especialmente em regiões onde a atividade pesqueira é a principal fonte de emprego e renda.”

A associação destacou o Ceará, “onde empresas têm sua operação diretamente atrelada a esse fluxo”.

“Mais de um milhão de pescadores profissionais, além de milhares de famílias, serão diretamente afetados”, disse a nota.

Raio X da exportação — Foto: arte g1

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