O dado faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As famílias nucleares continuam sendo maioria, representando 65,7% dos lares em 2024. Mas a participação caiu 4 p.p. no mesmo período.
Segundo o IBGE, dois fenômenos explicam o aumento das moradias unipessoais: o envelhecimento da população e os fluxos migratórios.
Distribuição dos domicílios por tipo — Foto: Arte/g1
Os resultados da PNAD confirmam uma tendência já apontada por outras pesquisas, de que a pirâmide etária brasileira está passando por uma transformação significativa.
- Enquanto a base se estreita, indicando a redução da população jovem, o topo se alarga, evidenciando que as pessoas estão vivendo mais.
Além disso, as mulheres brasileiras têm vivido mais do que os homens.
“Embora nasçam mais homens do que mulheres no Brasil, elas costumam cuidar mais da saúde e manter hábitos mais saudáveis, o que contribui para uma maior longevidade”, afirma William Kratochwill, analista da pesquisa PNAD Contínua.
Ele acrescenta que muitas dessas mulheres acabam vivendo sozinhas após a saída dos filhos de casa, ou em decorrência de divórcios e viuvez — contribuindo para a redução dos lares formados por núcleo familiar tradicional e para o crescimento dos domicílios compostos por apenas uma pessoa.
- Dados da PNAD revelam que 40,5% das pessoas que viviam sozinhas em 2024 tinham 60 anos ou mais;
- No recorte por gênero, as mulheres com mais de 60 anos representam 55,5% desse grupo. Já entre os homens da mesma faixa etária, a participação é de 28,2%.
Considerando o total geral, sem distinção por idade, os homens são maioria entre os brasileiros que vivem sozinhos, representando 55,1% dos lares unipessoais, contra 44,9% das mulheres.
Já em relação à faixa etária, o grupo mais representativo está entre 30 e 59 anos, reunindo 47% das pessoas que moram sozinhas. Nesse recorte, os homens também lideram, com 57,2%.
“São homens solteiros ou que se separaram, e os filhos geralmente permanecem com as mães”, observa Kratochwill.
Na avaliação do analista do IBGE, o crescimento dos lares unipessoais está ligado a uma mudança cultural, em que muitos brasileiros passaram a adiar o casamento ou até deixaram de considerá-lo como objetivo de vida.
“Morar sozinho tornou-se uma realidade mais frequente — seja por decisão própria, por fatores externos ou por necessidade.”
Distribuição por idade e território
Em relação à localidade desses lares, grande parte das moradias unipessoais está em regiões que concentram forte fluxo de chegada de pessoas em busca de melhores oportunidades de trabalho.
O Sudeste lidera, com 19,6% dos domicílios compostos apenas por pessoas idosas, seguido pelo Centro-Oeste (19%) e pelo Sul (18,9%).
Unidades domésticas unipessoais por região — Foto: Arte/g1
Ao todo, o levantamento “Características gerais dos domicílios e moradores 2024” apontou 77,3 milhões de moradias no país, onde viviam 211,9 milhões de pessoas.
A distribuição da população é desigual entre as regiões. O Sudeste concentra 88,6 milhões de habitantes (41,8% do total), seguido pelo Nordeste (26,9%) e pelo Sul (14,7%). As menores participações estão no Norte (8,6%) e no Centro-Oeste (8%).
Além do aumento de idosos, o número de pessoas com menos de 30 anos caiu de 98,2 milhões em 2012 para 89 milhões em 2024, uma redução de 9,4%.
“A estrutura etária mostra o estreitamento da base populacional, reforçando a tendência de envelhecimento”, explica William Kratochwill, analista da PNAD Contínua.
Distribuição da população residente por idade — Foto: Arte/g1
Servidores do IBGE em Roraima — Foto: Samantha Rufino/g1 RR