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Pacote deve ajudar exportadores, mas pode piorar câmbio e Selic, dizem analistas

por Redação
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Apesar de representar um “alívio” para empresas afetadas, especialmente pequenos e médios negócios, analistas ouvidos pelo g1 alertam para os efeitos fiscais e o aumento da dívida pública.

“O Brasil enfrenta um elevado nível de endividamento, com a dívida pública já demonstrando sinais de insustentabilidade”, diz Victor Borges, especialista em investimentos da Manchester.

Segundo ele, a dívida nominal hoje corresponde a cerca de 76% a 77% do Produto Interno Bruto (PIB). “Com um cenário fiscal já fragilizado, o governo propõe mais gastos. Esse é o ponto central”, avalia Borges.

João Ferreira, sócio da One Investimentos, concorda e ressalta que a medida provisória pode criar um “desafio adicional” para o cumprimento das metas fiscais. Ele também lembra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os R$ 30 bilhões representam apenas o início do apoio previsto.

“Ainda é importante saber qual será o volume total desse pacote de subsídio e qual vai ser o rearranjo nas contas públicas para fazer caber mais esse gasto público”, completa.

Efeitos nos juros e no câmbio

Enquanto isso, Danilo Coelho, economista e especialista em investimentos, avalia que o pacote deve beneficiar as exportadoras, mas ressalta que o governo ainda precisa planejar como redirecionar essa produção para outras cadeias de distribuição e parceiros comerciais.

Ele pondera, porém, que as medidas tendem a agravar o quadro fiscal e aumentar a pressão sobre a taxa básica de juros (Selic). Mesmo assim, o economista acredita que o pacote pode ajudar as empresas a manterem um nível razoável de empregos.

“Isso pode, num curto prazo, gerar espaço para o Banco Central cogitar um corte de juros, porque vai preservar a capacidade de produção, consumo e emprego das empresas que foram mais impactadas”, afirma Coelho.

Por outro lado, ele não descarta que as medidas afastem investidores estrangeiros, já que o desequilíbrio fiscal e nas contas públicas pode elevar a percepção de risco sobre o Brasil.

“Vai depender muito de como serão as próximas medidas do governo que ainda virão para tentar minimizar esse impacto das tarifas. Se não houver um resultado razoável com a arrecadação ou corte de gastos em outras áreas, pode pressionar os nossos juros e o câmbio para cima.”

Pacote de ajuda do governo

“É importante a gente dizer que a gente não pode ficar apavorada e nervoso e muito excitado quando tem uma crise. A crise existe para nós criarmos novas coisas. O que é desagradável é que as razões justificadas para impor tarifas ao Brasil não existem”, disse Lula, durante o evento.

O governo criou uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, condicionada à manutenção dos empregos. Além disso, o governo ainda anunciou:

  • Prorrogação por um ano o prazo para exportar mercadorias com insumos beneficiados pelo “drawback” — mecanismo que suspende ou isenta tributos sobre insumos usados na fabricação de produtos exportados;
  • A Receita Federal poderá adiar a cobrança de impostos das empresas mais afetadas pelo tarifaço, prática já adotada na pandemia da Covid-19;
  • Empresas exportadoras terão crédito tributário para desonerar vendas externas: até 3,1% de alíquota para grandes e médias, e até 6% para micro e pequenas.

Lula mostra linha de crédito de socorro a empresas impactadas pelo tarifaço — Foto: Adriano Machado/Reuters

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