Início » INSS sob crítica: o drama invisível de quem sofre e não é acreditado

INSS sob crítica: o drama invisível de quem sofre e não é acreditado

por Drª. Ingrid Dialhane

O atestado que ninguém quer ler: depressão, vício e pânico sob o olhar do INSS

O atestado está na mesa.
CID confirmado. Laudo médico anexado.
Mas o olhar frio da perícia do INSS atravessa o papel e pergunta:

“Você parece bem. Tem certeza de que não pode trabalhar?”

Assim começa o drama silencioso de milhares de brasileiros que enfrentam depressão, transtornos de pânico e vícios;  doenças que o corpo disfarça, mas a alma grita.
O problema? O INSS ainda não aprendeu a ouvir o que não se vê.


A lei enxerga. O sistema, nem sempre.

A Lei nº 8.213/91 é clara: quem está incapacitado para o trabalho, seja por doença física ou mental, tem direito a benefício por incapacidade (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez).
Não há na lei nenhuma exigência de que a dor seja visível; apenas que seja real e incapacitante.
Mas, na prática, a dor psíquica ainda é tratada com desconfiança.
Enquanto a perna quebrada é aceita de imediato, a mente em colapso precisa provar, dia após dia, que não está fingindo.

E aqui nasce uma pergunta incômoda:

 Por que o sofrimento emocional ainda é tratado como fraqueza; e não como doença?
 Quando o corpo trabalha, mas a mente desiste.

A depressão, o pânico e o vício não pedem licença. Eles tomam conta.
Afetam a memória, o raciocínio, a concentração e até o controle emocional; tudo aquilo que o trabalho exige.
E, mesmo assim, o sistema insiste em enxergar produtividade onde só existe exaustão.
O trabalhador tenta esconder o choro no banheiro.
O dependente químico enfrenta a abstinência em silêncio.
A mãe com depressão veste o uniforme e reza pra não desabar no caminho.

Mas o INSS pergunta:

“Por que não procurou ajuda antes?”
Talvez porque pedir ajuda, neste país, ainda é visto como sinal de fraqueza.

O perito vê o corpo. O advogado vê a pessoa.

É aí que entra o papel essencial do advogado previdenciário:
defender a dignidade de quem foi desacreditado, traduzir a dor invisível em provas, transformar o sofrimento em argumento jurídico.

Não se trata de “sensibilizar o perito”, mas de fazer valer o direito que a lei já reconhece.
O benefício não é caridade;  é reconhecimento de incapacidade.
E cada processo bem fundamentado é um ato de resistência contra a indiferença.

Perguntas que o Brasil precisa responder

Quantos segurados ainda precisarão desabar para serem ouvidos?
 Até quando o sofrimento mental será medido por aparência?
E quando o INSS vai perceber que negar tratamento é empurrar o cidadão para o abismo?

Reflexão final

A depressão não é preguiça.
O vício não é escolha.
O pânico não é drama.
São doenças. São incapacidades. São direitos.
Negar isso é negar humanidade.

E a Justiça; assim como o INSS; precisa entender:
nem toda dor sangra, mas toda dor merece amparo.
———
Por: Dra. Ingrid Dialhane – Adv. Previdenciária
Disponível em:
https://tvbetim.com.br

você pode gostar

SAIBA QUEM SOMOS

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

CONTATOS

noticias recentes

as mais lidas

Jornal de Minas © Todos direitos reservados à Tv Betim Ltda®