Integrantes da diplomacia do governo de Israel informaram nesta terça-feira (26) à TV Globo que, com a saída do embaixador israelense em Brasília, Daniel Zonshine, a “tendência” atual é o governo de Benjamin Netanyahu manter a representação diplomática chefiada por um encarregado por enquanto.
A informação, repassada de forma reservada, foi dada num momento em que os dois países vivem um distanciamento diplomático cada vez maior.
O distanciamento da relação diplomática entre Brasil e Israel começou em 2024, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o que acontece em Gaza ao que o regime nazista de Adolf Hitler fez contra os judeus.
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A comparação foi mal recebida pelo governo Netanyahu. Na ocasião, o então chanceler israelense, Israel Katz, levou o então embaixador brasileiro em Tel Aviv Frederico Meyer ao Museu do Holocausto, o que foi visto pelo governo brasileiro como uma tentativa de humilhação e constrangimento do diplomata.
Diante disso, Lula chamou Meyer de volta a Brasília e decidiu manter a embaixada em Tel Aviv sob o comando de um encarregado de negócios, o que em linguagem diplomática demonstrou a insatisfação do Brasil com o governo Netanyahu.
Nesta terça, em uma rede social, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, chamou o presidente Lula de “antissemita apoiador do Hamas” e associou o brasileiro ao Irã, país com o qual Israel vive em conflito.
Desde outubro de 2023, quando começou a guerra entre o governo de Israel e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, o governo brasileiro tem defendido um acordo permanente de cessar-fogo entre as partes, além da entrada ininterrupta de ajuda humanitária para os palestinos.
Paralelamente, em discursos e notas oficiais, o governo brasileiro tem reiterado entender que o governo Netanyahu pratica um “genocídio” e uma “carnificina” em Gaza, defendendo que as tropas israelenses deixem a região, pois têm agido como “colonos” com os palestinos.
Até então embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine deixou o posto há cerca de duas semanas, segundo relatos obtidos pela TV Globo. Para o lugar dele, o governo Netanyahu indicou, no início do ano, Gali Dagan, ex-embaixador israelense na Colômbia.
O nome dele, porém, não recebeu o aval do Ministério das Relações Exteriores.
À TV Globo, o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse que não houve um veto formal, mas que o Itamaraty deixou o pedido sem resposta, em reação à forma como o governo de Benjamin Netanyahu tratou Frederico Meyer no ano passado.
Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, e presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
REUTERS/Ronen Zvulun/Adriano Machado
Resposta do Itamaraty
Diplomatas brasileiros disseram à TV Globo que o Itamaraty já avalia responder publicamente à mensagem postada por Israel Katz nesta terça.
A avaliação, dizem, é que o ministro de Netanyahu “passou do tom” em relação a Lula e ao Brasil.
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