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‘Comi pão e passei mal’: pesquisa mostra que milhões têm sensibilidade ao glúten sem alergia diagnosticada

por Redação
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Uma em cada dez pessoas tem sensibilidade ao glúten ou ao trigo, mostra estudo
Uma em cada dez pessoas sem doença celíaca ou alergia ao trigo tem sensibilidade ao glúten ou ao trigo. Isso é o que mostra uma metanálise publicada na revista científica “Gut” na última terça-feira (28).
O levantamento revelou que a condição, conhecida como sensibilidade ao glúten/trigo não celíaca (NCGWS, na sigla em inglês), é mais prevalente em mulheres e está associada a outros problemas como síndrome do intestino irritável, ansiedade e depressão.
➡️A metanálise utilizou 25 estudos publicados entre 2014 e 2024, totalizando quase 50 mil pessoas de 16 países. A prevalência da condição foi de 10,3%, mas com grandes variações entre os países analisados – 0,7% no Chile e 23% no Reino Unido, por exemplo.
De acordo com os pesquisadores, os sintomas desse tipo de sensibilidade são semelhantes aos relatados por celíacos ou alérgicos ao trigo, mas não há marcadores sanguíneos específicos capazes de diagnosticar essa condição. (veja mais abaixo)
Uma em cada dez pessoas tem sensibilidade ao glúten ou ao trigo, mesmo sem alergia ou doença celíaca.
Freepik
Também foi observado que o desconforto tende a melhorar quando o glúten e o trigo são evitados e retornar à medida que esses alimentos são reintroduzidos na dieta.
“Uma avaliação dietética estruturada é essencial e, na maioria dos casos, restrições alimentares rigorosas não são necessárias nem úteis”, analisa Mohamed Shiha, pesquisador da Faculdade de Medicina e Saúde Populacional da Universidade de Sheffield e um dos autores principais do estudo.
Sintomas e dificuldade no diagnóstico
A pesquisa também analisou as principais queixas de quem relatou sensibilidade ao glúten e ao trigo.
😥Os sintomas mais comuns foram:
Distensão abdominal
Desconforto abdominal
Dor abdominal
Fadiga
Outros sintomas incluíram diarreia, dor de cabeça e dor nas articulações.
Além disso, os resultados mostraram que a condição é mais provável de ser desenvolvida em pessoas com ansiedade, depressão e síndrome do intestino irritável.
“Nós descobrimos que indivíduos com NCGWS autorreferida tinham quase três vezes mais chances de apresentar ansiedade e mais do que o dobro de chances de ter depressão em comparação com pessoas sem a condição”, comenta Mohamed.
De acordo com Shiha, isso sugere uma forte ligação entre esses sintomas e a saúde mental, indicando que a sensibilidade não está relacionada apenas aos componentes dos alimentos, mas também à interação entre o intestino e o cérebro.
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Apesar dos sintomas serem semelhantes a outros problemas de intolerância ao glúten ou ao trigo, o diagnóstico não é tão simples.
Os pesquisadores explicam que o quadro não pode ser definido por meio de exames de sangue e, assim, atualmente, a condição é diagnosticada por exclusão – ou seja, descartando a possibilidade de doença celíaca e alergia ao trigo em pessoas que relatam algum efeito adverso depois de consumir determinados alimentos.
“Outras condições intestinais, como doença inflamatória intestinal, colite microscópica e diarreia por ácido biliar, também precisam ser investigadas, já que podem apresentar sintomas semelhantes”, alerta o pesquisador.
Além disso, as características clínicas e as causas do desenvolvimento da sensibilidade ainda são desconhecidas.
Mudanças na dieta
Outro ponto revelado pelo estudo é que uma parte significativa das pessoas que relata esses desconfortos decide fazer mudanças na dieta, mesmo que sem orientação médica.
Quatro em cada dez pessoas com sensibilidade afirmaram seguir uma dieta sem glúten para evitar sintomas gastrointestinais e outros desconfortos.
O pesquisador pondera que essas mudanças podem ser importantes para evitar os sintomas, mas afirma que dietas restritivas tendem a não serem efetivas nesses casos.
Ele ainda acrescenta que reconhecer a NCGWS como parte dos chamados distúrbios alimentares de interação intestino-cérebro é uma medida fundamental para que se possa desenvolver tratamentos que não se baseiem somente na questão alimentar.
“Isso ajudará pacientes e profissionais de saúde a compreender e gerenciar melhor os sintomas, sem recorrer a restrições alimentares desnecessárias”, complementa Mohamed.

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