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O anúncio veio após uma chamada por vídeo entre o principal negociador de Pequim, o vice-premiê He Lifeng, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que envolveu “trocas francas, profundas e construtivas”, informou a agência estatal chinesa Xinhua.
Em entrevista à Fox Business Network na sexta, o presidente americano voltou a falar sobre a necessidade de um acordo justo entre as duas maiores economias do mundo e admitiu que ainda não sabe qual será o desfecho do conflito comercial. (Leia mais abaixo)
Trump confirmou que deve se reunir com o presidente Xi Jinping nas próximas duas semanas para discutir o comércio e declarou: “Vamos ver o que acontece”, disse. Uma reunião entre os dois líderes está prevista para acontecer na Coreia do Sul, segundo Bessent.
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Também na sexta-feira, a missão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou que os Estados Unidos têm enfraquecido o sistema de comércio multilateral baseado em regras desde que o novo governo assumiu o cargo em 2025.
O comunicado cita o uso recorrente de políticas discriminatórias, tarifas de retaliação e sanções unilaterais que, segundo Pequim, violam os compromissos assumidos na OMC.
A delegação chinesa informou que um relatório do Ministério do Comércio irá avaliar o cumprimento das regras pelos Estados Unidos em 11 áreas.
O documento também deve renovar os apelos para que Washington respeite as normas da OMC e coopere com outros países-membros no fortalecimento da governança econômica global.
Escalada de tensões
Donald Trump, presidente dos EUA, e Xi Jinping, presidente da China, em foto de 29 de junho de 2019 — Foto: Reuters/Kevin Lamarque
As tensões comerciais entre China e Estados Unidos se intensificaram nesta semana, após uma nova rodada de críticas e tarifas de ambos os lados.
Segundo Trump, as medidas respondem à decisão de Pequim de suspender a compra de soja dos Estados Unidos em maio, em reação às políticas comerciais americanas.
“Acredito que a China, ao deixar de comprar nossa soja e causar dificuldades aos nossos produtores, comete um ato economicamente hostil”, escreveu Trump no Truth Social.
“Estamos considerando encerrar negócios com a China relacionados a óleo de cozinha e outros elementos do comércio, como retaliação. Por exemplo, podemos facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, sem precisar comprá-lo da China”, completou.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou que os controles sobre elementos de terras raras – que Trump chamou de “surpreendentes” e “muito hostis” – são uma reação às medidas adotadas pelos EUA desde as negociações comerciais entre os dois países no mês passado.
“Ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China. Nossa posição sobre guerras tarifárias é consistente: não queremos brigar, mas não temos medo de brigar”, declarou o ministério.
“Se os EUA persistirem em agir unilateralmente, a China tomará medidas correspondentes para defender seus direitos e interesses legítimos.”
Exportadores chineses “desistem” dos EUA
Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim — Foto: Tingshu Wang/Reuters
Com o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, exportadores chineses têm direcionado seus negócios para outras regiões, como Europa, América Latina e Oriente Médio.
Empresas que antes dependiam fortemente do mercado americano agora tentam compensar as perdas conquistando novos compradores, segundo a agência de notícias Reuters.
Apesar da queda nas vendas para os Estados Unidos, as exportações totais da China cresceram 7,1% nos primeiros nove meses do ano, evidenciando a força da economia do país.
Mesmo assim, muitos empresários afirmam que o cenário continua difícil: a concorrência aumentou, os preços caíram e alguns passaram a vender com prejuízo.
Na maior feira comercial do mundo, a Feira de Cantão, quase não há mais compradores dos Estados Unidos. Por outro lado, aumentou o interesse de países como o Brasil.
Para os fabricantes chineses, perder os Estados Unidos — o maior mercado consumidor do mundo — tem sido como “perder a locomotiva” que impulsionava o setor.
Ações asiáticas têm pior semana desde abril
As bolsas da China e de Hong Kong caíram com força nesta semana, registrando o pior desempenho desde abril.
O clima de cautela entre investidores aumentou por causa das tensões comerciais com os Estados Unidos e da venda de ações de empresas ligadas à inteligência artificial para realização de lucros.
O índice de Xangai caiu quase 2%, o CSI300 recuou pouco mais de 2% e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu cerca de 2,5%. Na semana, o Hang Seng acumulou uma queda de 4%.
Analistas afirmam que o mercado segue instável e que os investidores aguardam a reunião do Partido Comunista Chinês na próxima semana, quando será debatido o novo plano econômico do país.