Início » Ascensão social está mais difícil para os mais pobres, diz estudo

Ascensão social está mais difícil para os mais pobres, diz estudo

por Redação

Segundo a pesquisa, a redução da chamada mobilidade social – ou seja, a capacidade de melhorar de vida — segue uma tendência comum em países com grande desigualdade de renda e reflete o que o mercado chama de “educação não revertida em produtividade”.

➡️ Na prática, isso significa que os grupos mais pobres nem sempre conseguem transformar mais anos de estudo em produtividade ou aumento renda – como conquistar empregos melhores ou receber promoções com salários mais altos, por exemplo.

Segundo a consultora da Tendências Giuliana Folego, o mercado de trabalho brasileiro é caracterizado por alta informalidade, baixos salários e forte segmentação.

Veja os vídeos em alta no g1:

Veja os vídeos que estão em alta no g1

Veja os vídeos que estão em alta no g1

Assim, mesmo com maior acesso ao mercado de trabalho, pessoas de renda mais baixa tendem a permanecer em empregos de baixa remuneração e pouca proteção social.

Ou seja, embora o ingresso no mercado de trabalho seja o principal caminho para reduzir a pobreza, isso não é suficiente para superá-la.

“Esse descompasso decorre, principalmente, da baixa qualidade da educação básica, do desalinhamento entre os currículos escolares e demandas do mercado de trabalho, bem como da limitada oferta de empregos qualificados”, explica a consultora.

“Assim, mesmo com avanços formais em escolaridade, os trabalhadores desses grupos continuam concentrados em ocupações de baixa remuneração e produtividade, o que mostra que a ampliar o acesso à educação, sem melhorias estruturais no ensino e no setor produtivo, não é suficiente para viabilizar uma mobilidade social efetiva”, completa.

Juros altos: ricos mais ricos, pobres mais pobres

O estudo também mostra que os juros elevados têm aumentado a renda das classes mais altas e piorado o orçamento das mais baixas.

Isso acontece porque, enquanto as altas taxas favorecem famílias cuja renda depende da remuneração do capital financeiro – como rendimentos de investimentos, por exemplo –, as classes mais baixas enfrentam um momento de restrições de crédito e menor capacidade de pagamento.

“A taxa de juros em patamares elevados favorece muito o aumento da remuneração [de ativos], principalmente para a classe A, que vive principalmente da renda proveniente do mercado financeiro”, explica Folego.

O estudo mostra que, enquanto as famílias de classe A têm 72% da renda total vinda de fontes além do trabalho e da previdência social, nas classes mais baixas esse percentual é de 1,3%.

  • 🔎A categoria “outras fontes de renda” considera informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Governo Federal. Os dados incluem seguro-desemprego, pensão alimentícia, aluguel ou arrendamento, renda de ativos financeiros e rendas habituais (como lucros e dividendos, ganhos de capital, indenizações, etc.), outros programas sociais e benefícios assistenciais emitidos pelo INSS, entre outros.

Esse cenário se agrava com a expectativa de desaceleração do mercado de trabalho nos próximos meses e com o reajuste nulo do Bolsa Família em 2026 — o que deve fazer com que a renda dos mais pobres cresça menos do que as das demais classes neste e no próximo ano.

“As classes D e E devem mostrar um crescimento menor, que é principalmente condicionado ao reajuste nulo do Bolsa Família. Também há uma queda no número de beneficiários desde o ano passado, por conta das regras mais rigorosas e mecanismos de fiscalização do programa”, diz Folego.

A consultora da Tendências ressalta que a desaceleração na massa de renda das famílias deve acontecer mesmo em ano eleitoral – período em que o governo costuma priorizar políticas sociais e de transferência de renda.

“Já temos algumas coisas previstas para 2026, como a ampliação do programa ‘Gás do povo’, que deve ser expandido, e a tarifa social de energia elétrica, que deve oferecer gratuidade total para famílias inscritas no CadÚnico com consumo até 80 kWh por mês”, diz.

Consumo mais caro

Ainda segundo o estudo, as classes de renda mais baixa também são as que mais gastam, proporcionalmente, com itens essenciais. Veja abaixo:

Segundo a Tendências, embora a inflação de itens essenciais tenha desacelerado ao longo deste ano – especialmente por conta dos preços dos alimentos – a sensação de que os preços continuam altos ainda é expressiva entre a população, principalmente nas faixas de renda mais baixa.

“Isso ocorre porque, mesmo com a desaceleração, os preços continuam em trajetória de alta. Um exemplo é a expectativa de elevação de 4% para o preço dos alimentos até o final de 2025, conforme o IPCA”, diz Folego.

Além disso, a consultora destaca que outros itens importantes da cesta de consumo das famílias — como energia elétrica e tarifas de transporte público — continuam a pressionar o orçamento doméstico.

“Para 2026, projeta-se uma leve desaceleração da inflação de itens essenciais, especialmente energia elétrica. Contudo, a tendência é que os preços desses itens continuem sua trajetória de alta, mesmo que em ritmo mais moderado”, afirma.

Alívio com medidas do governo

Mesmo assim, a consultoria prevê que as medidas recentemente anunciadas pelo governo podem trazer algum alívio às famílias das classes C, D e E nos próximos meses.

Além da expansão de programas como o “Gás do povo” e da tarifa social de energia elétrica, a consultora destaca reformas em discussão pelo governo relacionadas à renda – como a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a isenção parcial para rendas de até R$ 7,3 mil, por exemplo.

“Nesse caso, o benefício fiscal seria direcionado justamente à classe C, formada por famílias com renda mensal entre R$ 3.500 e R$ 8.500”, diz Folego.

A consultora acrescenta que, caso a validade indeterminada da proposta seja aprovada, a tendência é que esses valores sejam direcionados para o consumo.

“Com isso, as famílias passariam a contar com uma renda um pouco maior. E a Classe C, principalmente, tende a converter isso em consumo”, conclui.

Comunidades da Vila Andrade contrastam com o luxo de mansões do Panamby, na Zona Sul de SP — Foto: Celso Tavares/G1

você pode gostar

SAIBA QUEM SOMOS

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

CONTATOS

noticias recentes

as mais lidas

Jornal de Minas © Todos direitos reservados à Tv Betim Ltda®