Apoiadores de Bolsonaro fazem ato em Copacabana
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniram neste domingo (7), feriado da Independência, em diversas cidades para pedir anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e por crimes contra a democracia. O mote das manifestações é “reaja, Brasil”.
Bolsonaro está em prisão domiciliar e não pode participar de eventos públicos, nem sequer por vídeo. Na terça-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar o julgamento em que ele pode ser condenado por golpe de Estado e mais quatro crimes. Se for condenado, as penas podem somar até 43 anos de prisão.
Em São Paulo, os apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Avenida Paulista. Uma bandeira gigante dos Estados Unidos foi aberta na altura do Masp. Cartazes em inglês pediram que o presidente americano, Donald Trump, tome novas medidas para pressionar o STF a livrar Bolsonaro de punições. Faixas defenderam o impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), discursou no carro de som, atacou o STF e Moraes, cobrou do Congresso a aprovação da anistia e defendeu a candidatura de Bolsonaro em 2026: “Deixa o Bolsonaro ira para a urna, qual o problema? Ele é o nosso candidato”.
Bolsonaro está inelegível até 2030 porque foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político, e Tarcísio é cotado para disputar a Presidência da República.
O governador puxou gritos de “anistia já” para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a colocar em votação uma proposta de anistia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, discursa durante ato de bolsonaristas na Paulista
Amanda Perobelli/Reuters
A manifestação foi convocada pelo pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e alvo de um inquérito por coação. Segundo a PF, Malafaia atuou para tentar interferir no julgamento de Bolsonaro.
Também estiveram no carro de som a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o deputado Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Apoiadores de Bolsonaro abrem bandeira gigante dos Estados Unidos na Avenida Paulista.
Reprodução/TV Globo
No Rio de Janeiro, os manifestantes pró-Bolsonaro se reuniram na praia de Copacabana com cartazes e bandeiras em favor da anistia e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Houve também palavras de ordem contra o STF e o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro.
Apoiadores de Bolsonaro se reúnem em Copacabana, na Zona Sul do Rio
Reprodução/GloboNews
Aliados do ex-presidente discursaram no carro de som, entre eles o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho mais velho, o governador Cláudio Castro e o deputado Alexandre Ramagem (PL), que também é réu no STF por golpe de Estado.
Em resposta aos atos da direita, movimentos e partidos de esquerda também realizaram protestos neste domingo. O principal foi no Centro de São Paulo e reuniu 8,8 mil pessoas, segundo estimativa do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a organização More in Common.
Manifestações em outras capitais
Em São Luís, no Maranhão, os manifestantes fizeram uma motociata e uma carreata. Com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, pediram anistia para o ex-presidente e para envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Manifestantes realizam ato pró-Bolsonaro e em favor da anistia em São Luís
Em Brasília, as mensagens pediam anistia e novas medidas dos Estados Unidos como forma de pressionar o STF.
Em Uberlândia (MG), manifestantes exibiram cartazes com críticas ao presidente Lula e ao ministro Moraes. Em Juiz de Fora (MG), na antiga Praça do Riachuelo, o grupo também pediu anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Na capital alagoana, os manifestantes seguravam cartazes pedindo “Anistia Já”, “Fora Moraes” e “Fora Lula”. Depois da concentração no Corredor Vera Arruda, o grupo seguiu um trio elétrico pela orla de Jatiúca em direção à Ponta Verde.
Apoiadores de Bolsonaro fazem ato no Corredor Vera Arruda, em Maceió
Arquivo pessoal
Em Goiânia, o “Reaja, Goiânia” se concentrou na Praça do Sol e foi organizado por parlamentares do Partido Liberal (PL). Os participantes vestidos de verde e amarelo foram às ruas com placas e pedidos de “fora Lula”, “anistia já”, “respeito à constituição” e “por Deus, pátria e família”.
Cartaz levado por manifestante em ato de partidos de direita no 7 de Setembro, em Brasília
Afonso Ferreira/TV Globo
Julgamento no STF e discussão de anistia no Congresso
Na última terça-feira (2), o Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar Bolsonaro e mais sete réus pela tentativa de golpe de Estado após a eleição de 2022. O julgamento deve ser concluído até a próxima sexta (12).
Bolsonaro está em prisão domiciliar por violar medidas restritivas impostas anteriormente. Se for condenado, pode pegar até 43 anos de prisão. Ele também está inelegível, porque foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político.
Em paralelo, ganhou força na Câmara dos Deputados a discussão sobre a possibilidade de votar uma anistia para condenados por crimes contra a democracia.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), está sob pressão dos aliados de Bolsonaro, mas ainda não colocou em votação qualquer projeto com essa finalidade.
O PL, partido de Bolsonaro, é o principal interessado, e o Centrão também está endossando a medida. A aliança formada por União Brasil e PP, que tem maior bancada na Câmara, anunciou o desembarque do governo Lula recentemente para aderir à campanha da anistia.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos, esteve em Brasília para tentar convencer Motta a colocar o tema em votação.
Não se sabe ainda qual texto seria votado. Um dos pontos em discussão é o alcance da possível anistia: se ela valeria apenas para quem já foi condenado pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 ou se alcançaria também o ex-presidente e seus aliados que estão sendo julgados no STF.
Aliados mais próximos de Bolsonaro querem uma anistia geral. O Senado discute uma proposta alternativa que exclui o ex-presidente e reduz penas de golpistas condenados, sem que haja a anulação.
O governo é contra votar qualquer proposta de anistia, e o presidente Lula pediu mobilização social para barrá-la.
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