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As informações foram confirmadas pela secretária de Saúde de Patrocínio, Luciana Rocha.
“Um idoso de 67 anos recebeu alta hoje. Ele não precisou ser intubado e passa bem. A mulher de 37 anos e os homens, de 67 e 60 anos, estão em estado gravíssimo, mas estáveis”, disse Luciana.
Segundo a secretária, as três pessoas que continuam internadas são mantidas por aparelhos após terem quadro de parada cardiorrespiratória revertido na quarta-feira (8). Não há previsão de quando eles poderão ser retirados do coma.
“Tudo depende se eles se manterão estáveis. Somente a partir disso será discutido uma redução da medicação e consequentemente a retirada do coma induzido”, explicou.
Intoxicação pode levar à morte
De acordo com a professora doutora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a ingestão da planta Nicotiana glauca pode causar intoxicação grave e até levar à morte.
O vegetal foi colhido na chácara onde a família mora e servido refogado no almoço. A Secretaria de Saúde informou que parte da couve falsa foi encontrada na arcada dentária da mulher e encaminhada, juntamente de outras folhas da planta para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.
Uma criança de 2 anos também foi hospitalizada, mas apenas para ficar em observação, já que não ingeriu a planta.
Nicotiana glauca, a falsa couve encontrada na casa da família intoxicada em Patrocínio — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Comum, mas altamente tóxica
A Nicotiana glauca, também chamada de charuteira, tabaco-arbóreo ou popularmente como ‘fumo bravo’ , é uma planta extremamente tóxica, comum em áreas rurais e à beira de estradas em todo o Brasil. De acordo com a professora da UFU, a planta contém uma substância chamada anabazina, um alcaloide que pode causar paralisia muscular, respiratória e até levar à morte.
A especialista alerta que o modo de preparo também influencia na gravidade da intoxicação.
“Ela é bastante comum em áreas rurais, em todo o Brasil, na beira de estradas. Infelizmente, ela é bem comum e facilmente confundida com a couve. Dependendo da forma como consumida, seja crua ou cozida, isso vai alterar a quantidade dessa substância tóxica que a pessoa vai consumir, podendo levar a efeitos ainda mais graves”, explicou.
Em casos de ingestão da ‘falsa couve’, não existe nenhum tipo de antídoto que possa ser administrado em casa. A indicação é procurar imediatamente atendimento médico, pois quanto mais rápido for o socorro, maiores são as chances de evitar complicações graves da intoxicação.
Embora a Nicotiana glauca possa ser confundida com a couve comum, existem características visuais que ajudam na identificação.
“Essa planta tóxica tem folhas um pouco mais finas, ela tem uma textura aveludada e a coloração dela também é um verde um pouco acinzentado. Enquanto a couve que a gente consome tem a folha mais grossa e nervuras bem marcadas, ela tem um verde mais vivo, digamos assim. Mas ainda assim, se você não tem uma do lado da outra, fica bastante difícil a diferenciação, então a dica é não consumir nada que você não tenha certeza da procedência”, finalizou a especialista.
Falsa couve apreendida após intoxicação de família em Patrocínio — Foto: Polícia Militar/Divulgação
Família foi socorrida com sintomas de envenenamento
Segundo a Polícia Militar (PM), as vítimas passaram mal pouco depois do almoço e foram atendidas por equipes do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da PM. O resgate ocorreu por volta das 15h de quarta-feira (9).
No momento do socorro, as quatro vítimas sofreram parada cardiorrespiratória, mas os socorristas conseguiram reverter o quadro ainda no local. Elas foram encaminhadas em estado grave para a Santa Casa de Patrocínio e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Ainda conforme a PM, a planta consumida foi colhida nas proximidades da cozinha da residência. A suspeita é de que tenha ocorrido um erro na identificação do vegetal durante o preparo da refeição.
O material foi recolhido pela Perícia Técnica da Polícia Civil, que vai analisar a espécie e verificar a presença de substâncias tóxicas.
A Polícia Civil instaurou um procedimento policial para apuração das circunstâncias de possível envenenamento.
A secretária de Saúde de Patrocínio, Luciana Rocha, afirmou que a pasta acompanha o caso. Veja o vídeo no início da reportagem.
“Nossa equipe da Vigilância Sanitária atuou imediatamente assim que deram entrada na UPA e na Santa Casa, para que pudéssemos ofertar um cuidado de forma rápida. Infelizmente, eles ainda estão em estado grave”, disse a secretária de Saúde de Patrocínio.
Três pacientes seguem internados na Santa Casa de Patrocínio — Foto: Paulo Barbosa/TV Integração