Rota de Integração Sul-Americana deve reduzir limitação de infraestrutura da Amazônia
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou ao g1 que uma das Rotas de Integração Sul-Americana será concluída ainda neste mês, com a finalização das obras de dragagem do Alto Solimões. O trecho ligará o Amazonas aos portos do Equador, Peru e Colômbia.
O projeto deve fortalecer o comércio regional e agilizar o escoamento de cargas para a Ásia, especialmente para a China.
A ministra anunciou ainda que até o final do próximo ano mais duas rotas serão concluídas. Ao todo, o chamado Rotas de Integração Sul-Americana inclui cinco rotas (veja mais abaixo).
Segundo Tebet, a rota “era absolutamente precária há dez anos”. A ministra lembrou que faltavam alfândega, dragagem, sinalização e segurança na fronteira, o que impedia a passagem de muitos navios.
Ministra do Planejamento, Simone Tebet, fala em coletiva de imprensa sobre o bloqueio do Orçamento e elevação do IOF
Diogo Zacarias/MF
A opção que se mostrou mais viável para viabilizar as obras foi incluí-las no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para a “Rota 2”, por exemplo, o valor total será de R$ 3,8 bilhões, sendo R$ 1,9 bilhão de investimentos privados e R$ 1,9 bilhão de investimentos públicos diretos.
Bancos da América Latina também têm apoiado países vizinhos.
Há investimentos, públicos e privados, feitos pelas concessionárias em aeroportos na região (Tabatinga, Fonte Boa, Tefé, Coari, Manaus), em portos de pequeno porte por todo o Amazonas, para a dragagem do Solimões e para as infovias (cabeamentos para levar internet). Ao todo são 25 iniciativas.
Tebet relata que, só no ano passado, quando trechos da “Rota 2” já estavam operando, o impacto na balança comercial foi maior do que os últimos sete anos.
“Por mais que era uma rota pequena, se você pegar o nível da balança comercial dela, é uma rota que comercializa pouco, mas eu tive em um ano o comércio referente aos últimos 7 anos. Então imagina o potencial”, comenta.
Outra característica da “Rota 2” é ser fluvial. “Ela dialoga com a pauta da sustentabilidade, não só pelo modal, mas pela capacidade que ela tem, e a Floresta Amazônica é uma grife, de você ter os produtos ecológicos, sustentáveis, com o selo da sustentabilidade, sendo entregues na Ásia, nos países vizinhos”, destaca a ministra.
De acordo com Tebet, o programa como um todo deve duplicar o comércio da América do Sul. Estimativas mais concretas sobre os impactos das “rotas”, no entanto, serão realizadas pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
A ideia para o plano de integração surgiu em maio de 2023, quando presidentes dos países sul-americanos se reuniram em Brasília, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, os líderes definiram que era necessário discutir melhorias na conexão sul-americana.
O Ministério do Planejamento e Orçamento ficou responsável por conversar com representantes dos 11 estados brasileiros que fazem fronteira com outros países e analisar quais eram as melhorias necessárias para aprimorar a integração e quais obras já estavam incluídas no Novo PAC.
A partir de então, foram definidas cinco rotas:
Rota da Ilha das Guianas (previsão de conclusão em 2026): inclui os estados de Amapá e Roraima, e parte do território do Amazonas e do Pará, além da Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela;
Rota Amazônica (conclusão em 2025) : inclui o estado do Amazonas e partes de Roraima, Pará e Amapá, interligada por via fluvial à Colômbia, Peru e Equador;
Rota do Quadrante Rondon (previsão de conclusão em 2027): nesta rota compreende integralmente dois estados brasileiros da região Norte — Acre e Rondônia — parte do Amazonas, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul;
Rota Bioceânica de Capricórnio (previsão de conclusão em 2026) : inclui os estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina;
Rota Bioceânica do Sul (previsão de conclusão em 2026): inclui o Rio Grande do Sul e o sudoeste de Santa Catarina.
Rota que conecta o Amazonas ao Pacífico será finalizada neste mês, diz Tebet
