Projeto da anistia: oposição joga todas as fichas, Motta diz que não há definição
Diante do avanço das articulações no Congresso Nacional para aprovação de um projeto de anistia que inclua o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o PT e outras entidades de esquerda decidiram iniciar uma mobilização contra o projeto.
A campanha contará com publicações sobre o tema nas redes sociais e com convocações para que a militância vá às ruas em 7 de Setembro para protestar contra a medida.
👉🏽 Um dos alvos será o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem se empenhado nas movimentações para convencer o presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar a anistia.
O PT quer colar em Tarcísio a pecha de não ter apreço pela democracia e pensar de forma parecida a de Jair Bolsonaro.
Outro político que deve ser alvo é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas, partido que decidiu desembarcar do governo Lula nesta semana.
👉🏽 O governo não deverá tratar do tema nos materiais oficiais e nem nas celebrações. A avaliação no Planalto é que essa é uma tarefa da militância e dos parlamentares de esquerda. O desfile oficial do 7 de Setembro continuará tendo como foco a defesa da soberania.
Lula registra voto para eleger novo presidente do Partido dos Trabalhadores.
Reprodução/ PT
O Planalto avalia que esta pauta tem de ser enfrentada nos discursos e na atuação junto ao Congresso por tratar-se da defesa da democracia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (4), durante discurso em uma favela de Belo Horizonte, que se o Congresso votar a anistia há risco de aprovação.
“O Congresso, vocês sabem, não é um Congresso eleito pela periferia. O Congresso tem ajudado o governo, o governo aprovou quase tudo o que queria, mas a extrema-direita tem muita força ainda. É uma batalha que tem que ser feita também pelo povo”, disse Lula.
Até então, Lula vinha evitando tratar do assunto. A declaração em Minas Gerais foi vista no PT como o primeiro efeito da decisão do partido de mobilizar a militância para o tema.
Ministros próximos de Lula afirmam que, caso o Congresso aprove uma anistia irrestrita, o presidente vetará o texto. Um auxiliar próximo do presidente afirma que isso seria um “presente histórico” porque daria a Lula o argumento de ser defensor da democracia, em oposição a Tarcísio e outros apoiadores de Bolsonaro.
Disputa nas redes
A avaliação dentro do PT e de organizações do campo petista é que a defesa da anistia foi o principal assunto nas redes sociais nos últimos dias, ofuscando, inclusive, o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Contrariando a expectativa dos governistas de que os bolsonaristas ficariam na defensiva com o julgamento, o diagnóstico é que o bolsonarismo saiu vitorioso na batalha das redes, ao contrário do que ocorreu com outros temas, como o tarifaço ou a taxação da alta renda.
No 7 de Setembro, a esquerda tradicionalmente organiza o chamado “Grito dos Excluídos”, com manifestações nas principais capitais.
Neste ano, os temas escolhidos eram a defesa da soberania nacional – em função do tarifaço de Donald Trump –, apoio ao projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda e o fim da escala 6×1.
Como a defesa da anistia pelos bolsonaristas ganhou tração, a esquerda decidiu incluir o tema nos atos, com palavras de ordem como “Brasil contra anistia”, “Sem anistia” e “em defesa da democracia”.
A avaliação é que esse tema tem mais condições de mobilizar a população do que a defesa da soberania.
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