PF encontrou R$ 32 mil em espécie no gabinete do governador do Tocantins, afastado pelo STJ

PF encontrou R$ 32 mil em espécie no gabinete do governador do Tocantins, afastado pelo STJ


Governador do Tocantins é afastado do cargo
A Polícia Federal (PF) encontrou mais de R$ 32 mil em dinheiro vivo no gabinete do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), durante as investigações de um esquema que desviou dinheiro durante a pandemia de covid-19. O governador é suspeito de chefiar uma organização criminosa.
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Os investigadores realizaram a segunda fase da Operação Fames-19 nesta quarta-feira (3) para cumprir 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares em Palmas (TO), Araguaína (TO), Distrito Federal, Paraíba, Maranhão.
Barbosa foi afastado do cargo por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) (leia mais aqui).
Na primeira fase da operação, em agosto de 2024, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços do governador, entre eles o gabinete no Palácio Araguaia — sede do governo local.
Dinheiro apreendido no gabinete do governador, em agosto de 2024
Reprodução
Os investigadores encontraram R$ 32,2 mil em espécie no gabinete do governador junto dos carimbos de Barbosa e de seu chefe de gabinete, Marcos Martins Camilo.
Segundo a PF, o fato de integrantes do esquema sacarem “grandes quantias em espécie” e os valores apreendidos no gabinete do governador “reforçam a convicção de que atos de corrupção passiva, de fato ocorreram e continuam a ocorrer na sede do Poder Executivo estadual”, diz trecho da investigação.
PF: dinheiro desviado no Tocantins foi usado para construir pousada de luxo em nome do filho do governador
Além do dinheiro encontrado na sede do governo tocantinense, a polícia apreendeu mais R$ 35,5 mil, US$ 1,1 mil e 80 euros no escritório que fica na casa de Wanderlei.
Ao falar do governador, envolvido diz: “Caba tá guloso rs”
A retirada de Wanderlei Barbosa do cargo é resultado da investigação da PF, que apura desvios de recursos durante a pandemia de Covid-19 no estado. O prejuízo estimado seria superior a R$ 73 milhões.
Investigadores citam que diálogos no WhatsApp interceptados mostram a “nítida alusão ao recebimento sistemático de propina por parte do governador”.
Um dos diálogos ocorre com um dos operadores do esquema com o irmão do governador, em que tratam sobre a prorrogação do estado de calamidade pública. Paulo Cesar Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama do estado, envia a notícia de que Wanderlei irá prorrogar a calamidade, enquanto o irmão do governador ri.
PC Lustosa (ex-marido da primeira-dama): (encaminhada) “Governador Wanderlei Barbosa prorroga estado de calamidade pública no Tocantins”
PC Lustosa: “Caba tá guloso, rsrsrs”
PC Lustosa: “Dinheiro”
Wilton Irmão Líder (Wilton Rosa Pires, irmão do governador): “kkkk”
Governador Wanderlei Barbosa, durante eleição de 2022
Aurora Fernandes/TV Anhanguera
“A análise dos diálogos também evidenciou a prática do crime de fraude à licitação, havendo expressa menção a quem ganharia os certames patrocinados por entes públicos”, diz a PF.
De acordo com a investigação, parte do dinheiro desviado foi usado para construir uma pousada de luxo em nome do filho do governador. Mais de R$ 2,4 milhões foram enviados para o empreendimento em dois anos.
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Desvio de recursos
A PF apura fraudes em contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados financiados por emendas parlamentares em 2020 e 2021.
Nesse período, os investigados teriam se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas.
Os contratos do governo do Tocantins investigados pela PF e STJ envolvem a compra de pelo menos 1,6 milhão de cestas básicas durante a pandemia.
A suspeita da polícia é de que os contratos, que chegavam a quase R$ 5 milhões, foram pagos, mas nem todas as cestas foram entregues à população.

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