
Lula se diz agradecido por encontro com Trump: ‘Reunião que parecia impossível’
Associações da indústria e do agronegócio receberam com otimismo a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, neste domingo (26), e esperam que o encontro acelere as negociações para reverter ou diminuir o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros.
O encontro, que durou cerca de 45 minutos, foi o primeiro entre os dois desde uma rápida conversa durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro.
Após a reunião, diversas entidades do setor privado se manifestaram.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que o encontro foi um “avanço concreto” rumo às negociações do tarifaço e que é “possível esperar redução da sobretaxa de 40%”;
A Câmara de Comércio Americana para o Brasil afirmou que espera que as negociações levem a um “entendimento no curto prazo” entre os dois países;
A Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) disse que está otimista e que quer uma reavaliação técnica da tarifa imposta ao café;
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) celebrou a reunião entre Lula e Trump, e disse “aguardar por resultados concretos para a isenção das tarifas”;
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados afirmou que está com “otimismo comedido” e que espera que “medidas concretas sejam tomadas nos próximos dias”;
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes disse que a reunião mostrou disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas.
O que diz a indústria
Indústria vê avanço concreto em negociação de tarifaço
Logo após o encontro entre Lula e Trump, a CNI disse que o encontro representou um avanço no sentido de reverter o tarifaço imposto ao Brasil pelo governo americano.
“O diálogo entre os dois líderes representa um avanço concreto nas tratativas bilaterais e reforça o compromisso de ambos os governos com a construção de soluções equilibradas para o comércio entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou a entidade.
Segundo a CNI, o anúncio do início das negociações sobre o tarifaço pode representar um “passo relevante”. Ricardo Alban, presidente da entidade, afirmou acreditar que será construída uma solução capaz de devolver previsibilidade e competitividade às exportações brasileiras.
À GloboNews, Alban declarou que a negociação ocorreu de forma célere, apesar do que muitos acreditavam. Ele disse ainda que é possível esperar uma possível redução da sobretaxa de 40% para entrada de produtos brasileiros nos EUA, em vigor desde agosto, por determinado prazo, para que as negociações evoluam.
O setor de autopeças, máquinas e equipamentos seriam os mais impactados financeiramente pela suspensão temporária da taxação, segundo o presidente da CNI.
Alban afirmou que é preciso que o setor industrial se fortaleça cada vez mais para que o Brasil se insira na geopolítica comercial.
Câmara de Comércio Americana
Já a Amcham, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, pede que intensificação das negociações leve a um acordo bilateral com agilidade.
“Reforçamos a importância de que a intensificação das negociações, com novas rodadas previstas a partir de hoje, leve a um entendimento em curto prazo, com foco na ampliação de oportunidades de comércio e investimentos entre as duas maiores economias das Américas”, disse Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil.
Para a Amcham Brasil, a reunião representa um avanço importante no diálogo de alto nível entre os dois governos, além de fortalecer as perspectivas de um acordo bilateral voltado à redução de tarifas sobre as exportações brasileiras.
‘Estamos otimistas’, diz indústria do café
A Associação Brasileira do Café (Abic) também recebeu com otimismo a reunião entre Lula e Trump e disse que espera uma “reavaliação técnica” das tarifas impostas ao café, produto agrícola que o Brasil mais exporta aos EUA.
“Os últimos encontros entre os Presidentes dos EUA e do Brasil têm sido mais positivos e ABIC estamos otimistas. As relações de longo prazo entre Brasil e Estados Unidos permitirão uma reavaliação equilibrada e responsável dessas tarifas, com base em critérios técnicos e em benefício mútuo”, disse Pavel Cardoso, presidente da ABIC.
“Embora o novo cenário traga desafios imediatos às exportações, a ABIC destaca que o café brasileiro mantém posição sólida no mercado internacional, sustentada por sua competitividade, qualidade reconhecida e relevância para a balança comercial dos dois países”, acrescentou a entidade.
Exportadores de carne bovina
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) também avaliou de forma positiva a reunião.
“O encontro reforça a importância do diálogo para o fortalecimento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e demonstra a disposição de ambos os governos em avançar nas discussões sobre as tarifas atualmente em vigor, que afetam diferentes setores do comércio bilateral, incluindo as exportações de carne bovina brasileira.”
A associação disse que acredita que o entendimento entre os dois países pode preservar a competitividade do produto brasileiro e garantir previsibilidade aos exportadores
Os EUA são o segundo maior comprador de carne bovina do Brasil, depois da China, e um importante destino para o setor.
Setor de calçados tem ‘otimismo comedido’
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) disse que, neste momento, tem um “otimismo comedido” em relação à reunião e que espera que “medidas concretas sejam tomadas nos próximos dias”.
Apesar disso, disse que enxerga com “bons olhos os avanços nas negociações” entre Brasil e EUA neste domingo.
Exportadores de café
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) celebrou a reunião entre Lula e Trump, e disse “aguardar por resultados concretos para a isenção das tarifas”.
A entidade destacou ainda que tem participado presencialmente de reuniões com a equipe do governo federal, levando informações estratégicas que possam contribuir com a reversão das tarifas.
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Encontro entre Lula e Trump
O encontro se deu neste domingo na Malásia e durou aproximadamente 45 minutos. Trata-se da primeira interação direta entre Lula e Trump desde uma conversa tida em setembro durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, declarou o presidente brasileiro pós o encontro.
Na primeira parte do encontro, Lula e Trump falaram com os jornalistas por cerca de 10 minutos. Trump disse ser uma honra estar com o presidente do Brasil e que provavelmente eles fariam “alguns bons acordos”.
“Nós vamos discutir [tarifas] um pouco. Nós sabemos que nós nos conhecemos. Nós sabemos o que cada um quer”, disse Trump.
Lula e Trump se encontram na Malásia neste domingo
Perguntado sobre Jair Bolsonaro, o presidente norte-americano disse que “se sente mal” pelo que o ex- passou brasileiro, mas não respondeu se o assunto iria ser discutido no encontro.
Lula, por sua vez, disse que tinha uma pauta extensa para discutir com Trump e que não havia motivos para desavença entre EUA e Brasil. “Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença entre Brasil e Estados Unidos”, disse o brasileiro.
Depois da reunião, o presidente brasileiro se disse agradecido e constatou que ele e Trump conseguiram “fazer uma reunião que parecia impossível”. Ele acrescentou que tinha uma pauta extensa para discutir com Trump e que não havia motivos para desavença entre EUA e Brasil.
Ó chanceler brasileiro, Mauro Vieira, declarou que a reunião foi “muito positiva”, dizendo que os dois países realmente concordaram em negociar o tarifaço imposto ao Brasil. A expectativa do governo brasileiro é que, durante a negociação, as tarifas venham a ser suspensas, de acordo com Vieira.
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Foto: Reuters e Arte/g1
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