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Obesidade deixa de ser apenas fator de risco: 5 sociedades médicas propõem tratamento como doença crônica

por Redação
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Ao todo, 34 recomendações marcam um novo momento ao reconhecer a complexidade do tratamento e propõe uma abordagem personalizada, baseada em risco cardiovascular individualizado. Nova diretriz propõe abordagem integrada para obesidade e risco cardiovascular
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Uma nova diretriz para o tratamento da obesidade e doença cardiovascular trata a obesidade como doença crônica inflamatória e multifatorial, e não apenas como fator de risco, representando uma mudança de paradigma.
Antes, a obesidade era considerada apenas um fator de risco para diversas doenças e complicações de saúde.
“A vantagem disso é que você pode especificar os tratamentos e não mais simplesmente diminuir o peso. Você tem que trabalhar os riscos específicos de cada situação e o risco cardiovascular é um deles. Esta diretriz marca um novo momento ao reconhecer a complexidade do tratamento e propor uma abordagem personalizada, baseada em risco cardiovascular individualizado”, destaca o endocrinologista Marcello Bertoluci, um dos coordenadores do documento.
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A proposta foi apresentada nesta sexta-feira (30), durante o Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM 2025) e surgiu a partir da colaboração de cinco sociedades médicas nacionais. Ela traz 34 recomendações práticas (que serão divulgadas no segundo semestre) e atualizadas para orientar médicos e profissionais de saúde no manejo da obesidade com foco na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares.
As sociedades que participaram da elaboração desta nova diretriz são: Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Academia Brasileira do Sono (ABS).
No que se baseia a nova diretriz?
A proposta é oferecer tratamentos personalizados conforme o grau de risco e as condições clínicas associadas, a partir da estratificação do risco cardiovascular com o escore PREVENT – (do inglês Predicting Risk of Cardiovascular Disease Events), uma ferramenta desenvolvida pela American Heart Association (AHA) para calcular o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiovasculares em 10 anos.
O PREVENT considera não apenas infarto e AVC, mas também insuficiência cardíaca e fatores renais e metabólicos, oferecendo uma visão mais completa do risco cardiovascular.
Validado em mais de 6 milhões de pessoas, o escore se destaca por abranger diferentes etnias, faixas etárias e incluir pela primeira vez o IMC e a hemoglobina glicada no cálculo.
Na diretriz, seu uso é recomendado para avaliar as chances de adultos acima de 30 anos, com sobrepeso ou obesidade (IMC até 39), que não apresentaram evento cardiovascular prévio, direcionando decisões clínicas com mais precisão.
A nova diretriz reforça a importância das mudanças no estilo de vida e traz recomendações sobre o uso de medicamentos como semaglutida e tirzepatida, que se mostraram eficazes na perda de peso, na redução de fatores de risco e de eventos cardiovasculares em grandes estudos clínicos.
Ela também debate sobre o papel da cirurgia bariátrica, especialmente em pacientes com obesidade grave e risco elevado e inclui recomendações específicas para pacientes com condições associadas, como diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono, doença renal crônica e insuficiência cardíaca, trazendo um olhar multidisciplinar e mais próximo da prática clínica.
Confira os destaques:
Avaliação do risco cardiovascular em todos os adultos com sobrepeso ou obesidade para direcionar o tratamento;
Rastreio anual de hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemia — condição caracterizada por alterações nos níveis de colesterol e/ou triglicerídeos no sangue, que aumenta o risco de infarto, AVC e outras complicações cardiovasculares;
Uso de agonistas do receptor do GLP-1 e agonistas duplos GLP-1/GIP em pacientes com risco cardiovascular moderado e alto;
• Cirurgia bariátrica como opção terapêutica para obesidade grave, inclusive em casos de insuficiência cardíaca estabelecida;
Abordagens específicas com os agonistas GLP-1/GIP para populações com apneia obstrutiva do sono; GLP-1 ou GLP-1/GIP para insuficiência cardíaca; e GLP-1 para doença renal crônica;
Combinação GLP-1 e inibidores do SGLT2 (medicações que atuam sob a reabsorção de glicose no rim utilizadas para o tratamento do diabetes tipo 2 — dapagliflozina e empagliflozina) como estratégia terapêutica para pacientes com risco elevado de insuficiência cardíaca ou doença estabelecida.
“A nova diretriz vai ajudar o médico ou o profissional de saúde a entender qual é o melhor tratamento baseado numa determinada evidência para cada situação. Então, ela organizar por graus de recomendação e nível de evidência cada situação. Vai facilitar muito a tomada de decisão e levar a melhores resultados”, diz Bertoluci.
Segundo a endocrinologista Cynthia Valério, uma das autoras da diretriz, pela primeira vez, haverá um conjunto estruturado de recomendações que olham para a obesidade como eixo central de prevenção cardiovascular, com base nas melhores evidências científicas disponíveis.
A elaboração do documento seguiu o método Delphi, técnica reconhecida internacionalmente para obtenção de consenso entre especialistas. Participaram 20 representantes das cinco sociedades médicas envolvidas. A previsão de publicação do documento completo é para o segundo semestre de 2025.

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