A fabricante de chips e semicondutores informou nesta quarta-feira (27) que sua receita total foi de US$ 46,7 bilhões no período, um aumento de 56% em relação ao ano anterior.
Enquanto isso, o lucro da companhia foi de US$ 26,4 bilhões — ou US$ 1,08 por ação — uma alta de 59% na comparação anual. Os números vieram acima do previsto por analistas. Apesar dos resultados, as ações da Nvidia caíram 3% no after-market. (leia mais abaixo)
A companhia também mostrou otimismo ao projetar receita de US$ 54 bilhões para o próximo trimestre (agosto a outubro), ligeiramente acima das estimativas de analistas para o período.
“Estamos no início da expansão”, disse o CEO da Nvidia, Jensen Huang, em teleconferência nesta quarta. Ele prevê investimentos de US$ 3 trilhões a US$ 4 trilhões em iniciativas de IA até o final desta década.
Os resultados divulgados pela empresa eram aguardados com expectativa, já que a Nvidia se tornou um termômetro do boom da IA. Esse movimento, que dura dois anos, tem levado o mercado de ações a níveis recordes nos Estados Unidos.
O índice de referência S&P 500 subiu 69% desde o final de 2022, com o entusiasmo em torno do setor sustentando grande parte do otimismo dos investidores.
Receios de bolha no setor
Mesmo em meio à euforia geral, surgiram questionamentos sobre se a mania da IA será apenas um reflexo do boom e do colapso das empresas “ponto com” no final dos anos 1990, que mergulhou o Vale do Silício em uma crise de vários anos.
Nas últimas semanas, por exemplo, relatórios e declarações de executivos de tecnologia de destaque intensificaram a preocupação dos investidores de que a mania da IA possa ter sido exagerada.
Os números mais recentes da Nvidia, referentes a maio a julho, podem reforçar essas percepções, já que as vendas de seus processadores — essenciais nos data centers de IA em construção pelo mundo — não crescem tão rapidamente como antes.
O lançamento do ChatGPT, da OpenAI, no final de 2022, desencadeou um fenômeno tecnológico que começa a transformar a sociedade.
Os chips de IA integram a divisão de data centers da Nvidia, que registrou receita de US$ 41,1 bilhões, alta de 56% em relação ao mesmo período do ano passado, mas abaixo da estimativa de US$ 41,3 bilhões dos analistas, segundo a FactSet Research.
As ações da Nvidia caíram 3% no after-market após a divulgação dos dados do segundo trimestre fiscal, mostrando que o desempenho não foi suficiente para acalmar os investidores. A decepção era quase inevitável, já que o preço das ações subiu mais de dez vezes nos últimos dois anos e meio.
“Dizer que as ações estavam precificadas para a perfeição seria um enorme eufemismo”, disse o analista da Investing.com, Thomas Monteiro, à Associated Press.
O que vem pela frente?
Alcançar o crescimento necessário para levar a Nvidia a um valor de mercado de US$ 5 trilhões tornou-se mais desafiador, já que as vendas anuais da empresa passaram de US$ 44 bilhões no ano fiscal de 2024 para um projetado de US$ 204 bilhões no atual ano fiscal, que termina em janeiro.
Isso resultou em taxas de crescimento da receita ano a ano progressivamente mais lentas. Após a receita ter pelo menos dobrado ou triplicado em cinco trimestres consecutivos entre 2023 e 2024, o crescimento vem desacelerando nos últimos quatro trimestres.
A Nvidia poderia ter apresentado resultados melhores no último trimestre se o presidente dos EUA, Donald Trump, não tivesse imposto uma proibição que bloqueou a venda de seus chips de IA na China durante o período.
No entanto, os investidores já haviam sido avisados de que as restrições custariam cerca de US$ 8 bilhões em vendas de maio a julho, de modo que esse desafio já estava refletido no preço das ações.
Trump retirou as restrições à Nvidia na China no início deste mês, em troca de um corte de 15% nas vendas da empresa no país — um acordo que deve impulsionar a receita nos próximos meses, embora não esteja claro com que rapidez.
No melhor cenário, a Nvidia pode alcançar entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões em vendas de chips de IA para a China, segundo Colette Kress, diretora financeira da empresa.
* Com informações da Associated Press
Pessoa passa por painel com logomarca da Nvidia na Computex em Taiwan em junho de 2024 — Foto: Ann Wang/Reuters