Lô Borges lança em 23 de agosto o álbum ‘Tobogã’, batizado com o nome do livro publicado pelo pai do artista em 1987
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O cantor e compositor mineiro Lô Borges morreu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte. De acordo com a família, o artista estava internado desde 17 de outubro por causa de uma intoxicação por remédios, complicação que o levou à UTI e exigiu ventilação mecânica.
A morte reacende um alerta sobre um problema crescente no Brasil: “o uso incorreto e a interação entre medicamentos”, que pode provocar desde reações leves até falência de órgãos e morte.
📈 Aumento das internações por intoxicação medicamentosa
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 14 mil pessoas foram internadas por intoxicação medicamentosa em 2022, um aumento de 18% em relação ao ano anterior. No mesmo ano, 1,7 milhão de brasileiros procuraram atendimento médico por algum tipo de reação adversa ou interação entre remédios.
Aumenta o número de pessoas internadas por intoxicação por medicamentos
Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal lideram as estatísticas. Apenas em São Paulo, foram mais de 4 mil internações por intoxicação em 2022, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde.
Especialistas alertam que a automedicação e o uso simultâneo de vários remédios, prática comum em idosos e pessoas com doenças crônicas, são os principais fatores de risco.
“Toda medicação tem que ser utilizada com orientação médica. O uso sem saber a dose adequada pode provocar lesões graves, como úlceras e sangramentos”, explicou o médico Afonso Guedes, diretor do Hospital Geral de Guarulhos.
⚗️ O que é interação medicamentosa
A chamada interação medicamentosa ocorre quando dois ou mais fármacos, ao serem administrados juntos, alteram o efeito um do outro — seja diminuindo sua eficácia, seja potencializando reações tóxicas.
A médica e professora da USP Ana Escobar explica que isso pode acontecer até com remédios considerados inofensivos. “Um medicamento pode diminuir a eficácia do outro ou, ao contrário, potencializar seus efeitos. O álcool, por exemplo, interfere na metabolização de vários medicamentos. Antiácidos também podem alterar a absorção de antibióticos”, escreveu Ana Escobar em texto no Bem Estar.
O risco é maior entre pessoas idosas, que costumam usar medicamentos contínuos, e em pacientes que esquecem de informar ao médico quais remédios já estão tomando.
🚫 Quando o remédio vira veneno
Entre os casos mais comuns de intoxicação estão as combinações entre:
Analgésicos e anti-inflamatórios, que podem causar úlceras e sangramentos gástricos;
Antidepressivos e ansiolíticos, que, em doses altas ou combinados, podem afetar o sistema nervoso central;
Antibióticos com álcool, que reduzem a eficácia e aumentam o risco de reações adversas.
Em casos graves, a intoxicação leva à insuficiência respiratória, falência renal ou alterações cardíacas, exigindo internação em UTI — como ocorreu com Lô Borges.
💬 Prevenção e alerta
A recomendação dos especialistas é clara:
Nunca misturar medicamentos sem orientação médica;
Evitar álcool durante tratamentos;
Anotar todos os remédios em uso e informar ao médico em cada nova consulta;
Não repetir receitas antigas sem nova avaliação.
De acordo com os especialistas, ter uma prescrição correta é apenas uma parte do tratamento. O corpo precisa de um ambiente harmônico para que tudo flua sem interações indesejáveis.
Intoxicação por medicamentos: o que é, por que acontece a interação entre remédios ligada a internação e morte de Lô Borges
Intoxicação por medicamentos: o que é, por que acontece a interação entre remédios ligada a internação e morte de Lô Borges