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Insetos serão a ‘carne do futuro’? Estudo diz que nojo e custo barram avanço na utilização

por Redação
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Nova revisão científica mostra que, apesar de sustentáveis, alimentos à base de insetos enfrentam forte rejeição e pouca viabilidade de mercado. Tenébrio produzido em laboratório no Amapá
Bactolac/divulgação
Produtos à base de insetos, como hambúrgueres de grilo e barras proteicas com larvas, são frequentemente promovidos como soluções sustentáveis para substituir a carne. Mas um novo estudo alerta: a ideia pode ser mais marketing do que realidade.
A rejeição ao consumo de insetos é tão forte em países ocidentais que sua capacidade de reduzir o consumo de carne deve ser insignificante, afirmam os autores. E a aposta dos investidores segue o mesmo caminho: menos de 1% dos aportes no setor de insetos foca em alimentos para humanos.
Publicado na revista “Nature npj Sustainable Agriculture”, o estudo foi desenvolvido por pesquisadores dos Estados Unidos e da França. A liderança é de Corentin Biteau, pesquisador do The Insect Institute, entidade dedicada a refletir sobre os “desafios e incertezas relacionados à produção e ao uso de insetos para alimentação humana e animal”.
🧪 METODOLOGIA – O estudo faz uma síntese de pesquisas e dados já existentes, com foco em publicações entre 2023 e 2024. Entre as fontes, está uma revisão de 91 artigos científicos e relatórios de mercado.
❗CONCLUSÃO – Apesar das vantagens ambientais, os alimentos feitos com insetos não devem ter papel significativo na transição para dietas mais sustentáveis. Segundo os autores, a indústria enfrenta três grandes obstáculos:
Rejeição sensorial e cultural: a maioria dos consumidores associa insetos a sujeira, doença e repulsa. Menos de 30% estariam dispostos a experimentá-los.
Baixa competitividade: produtos com insetos tendem a ser mais caros, menos saborosos e menos acessíveis que a carne ou alternativas vegetais.
Pouco investimento: em 2022, apenas 0,6% do dinheiro investido na indústria de insetos foi destinado a alimentos com potencial de substituir carne.
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🍃 Por que os insetos pareciam uma boa ideia?
Insetos são reconhecidos por sua eficiência ambiental: criados em menor espaço, emitem menos gases de efeito estufa que bois ou porcos e podem ser alimentados com resíduos orgânicos. Também oferecem boa densidade proteica.
Mas o estudo lembra que essa vantagem não é exclusiva: a maioria dos alimentos vegetais já supera a carne em impacto ambiental. E os substitutos vegetais — como hambúrgueres plant-based — têm aceitação muito maior, chegando a 91% em algumas pesquisas.
🤢 Nojo, desconhecimento e falta de contexto
O principal entrave, segundo os autores, é psicológico: o sentimento de nojo.
Mesmo moídos ou disfarçados, insetos provocam repulsa. Em testes com salsichas, pratos principais ou snacks, a aceitação segue baixa. O problema piora com a falta de familiaridade e de instruções de preparo — poucos sabem como incluir insetos na dieta.
Outro desafio é a ausência de contexto cultural. Ao contrário do sushi, que ganhou espaço com a culinária japonesa, os insetos entram no mercado como produtos genéricos, sem uma tradição culinária de apoio.
A pesquisa também destaca:
neofobia alimentar (aversão a alimentos novos),
preocupações com a saúde, como alérgenos e riscos biológicos/químicos,
e resistência à ideia de insetos alimentados com resíduos orgânicos.
🥦 E quanto às alternativas vegetais?
Ao comparar os insetos com os produtos vegetais que simulam carne, o estudo conclui: os vegetais ganham em quase tudo — aceitação, custo, sabor, acesso e benefícios à saúde.
Hoje, cerca de 90% do mercado de alimentos com insetos é formado por produtos que não competem diretamente com a carne (como snacks, massas e barras). Como os insetos costumam ter maior impacto ambiental que os produtos vegetais, usá-los nesses itens pode ser “prejudicial do ponto de vista da sustentabilidade”, alertam os autores.
Na visão dos autores, os alimentos com insetos correm o risco de desviar atenção e recursos de opções mais promissoras.

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