
Governador Claudio Castro comenta impasse com Governo Federal sobre operação mais letal da história do Rio
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, ligou duas vezes nesta terça-feira (28) para o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após as declarações do governador de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria contrário a operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Castro deu as declarações após a operação policial no Rio de Janeiro, contra a facção CV, que matou 64 pessoas. O governador disse que o estado agiu sozinho e que não adiantava pedir ajuda federal.
Rui Costa cobrou esclarecimentos sobre a fala de Castro e afirmou que o governo federal nunca recebeu pedido de GLO por parte do estado.
“Como o senhor está dizendo que o governo é contra a GLO? Que o presidente Lula é contra a GLO? O governo do Rio nunca pediu decreto para o estado”, disse Rui Costa ao governador.
O ministro ressaltou que Lula já decretou três GLOs para o Rio desde o início do mandato — uma para segurança de portos e aeroportos, outra durante a cúpula G20, e uma terceira na cúpula do Brics. Rui Costa acrescentou que o governo prepara nova GLO para a COP 30, em Belém, na próxima semana.
Ao blog, Castro disse que a GLO não foi um tema da conversa com Castro.
Informou também que ficará nesta quarta-feira na cidade do Rio de Janeiro, onde receberá o ministro da Justica, Ricardo Lewandowski.
Ministro da Casa Civil, Rui Costa
Wallisson Breno/PR
Pedido de vagas e reunião com ministros
Durante o primeiro telefonema, Cláudio Castro pediu nove vagas em presídios federais para presos do sistema estadual. Rui Costa respondeu que as vagas já estão disponíveis e informou que viajará ao Rio nesta quarta-feira (29), acompanhado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para se reunir com o governador.
Castro chegou a dizer, no início da noite, que pretendia ir a Brasília para conversar com os ministros, mas Rui Costa insistiu para que ele permanecesse no estado, diante da crise de segurança.
Segundo interlocutores, a avaliação no Palácio do Planalto é de que Castro tenta transferir parte da responsabilidade pela operação que deixou 64 mortos — entre eles quatro policiais — e 81 presos, nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio.
“A cidade está em chamas, parecia uma zona de guerra, com pessoas correndo, ônibus queimados e pontos de bloqueio”, teria dito Rui Costa ao governador, ao descrever as imagens que assistia pela televisão.
Governo do Rio e governo federal trocam acusações sobre operação com dezenas de mortos no Rio
Governo federal diz ter sido surpreendido
O Planalto foi pego de surpresa pela operação fluminense, que não foi comunicada previamente nem acompanhada por forças federais. Rui Costa afirmou que o governo Lula mantém cooperação com estados em outras operações, mas não recebeu nenhum pedido formal do Rio de Janeiro.
“Estamos fazendo operações conjuntas entre as polícias federal e estaduais em vários estados. O Rio de Janeiro não pediu nenhuma cooperação”, afirmou o ministro.
Segundo auxiliares do presidente Lula, o governo do Rio solicitou o empréstimo de blindados da Marinha e do Exército em três ocasiões no início do ano — 28 de janeiro, 3 e 12 de fevereiro —, mas as Forças Armadas não emprestam equipamentos sem a decretação de uma GLO.
“Para utilizar as Forças, é preciso decreto formal de Garantia da Lei e da Ordem. Isso nunca foi solicitado”, disse um assessor presidencial.
Rui Costa deve relatar o episódio a Lula assim que o presidente retornar a Brasília, na noite desta quarta-feira, e aguardar definição de medidas federais de apoio ao estado.
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