É #FAKE vídeo de Reinaldo Gottino afirmando que polícia encontrou lotes de Heineken com metanol; trata-se de IA
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Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o jornalista Reinaldo Gottino, apresentador do “Cidade Alerta”, da Record, afirmando que a polícia civil de São Paulo encontrou lotes da cerveja Heineken contaminados com metanol. É #FAKE.
selo fake
g1
🛑 Como é o vídeo falso?
Publicado na sexta-feira (3) no Instagram, onde teve mais de 2 milhões de visualizações, ele tem a seguinte legenda: “Heineken é a primeira cerveja com uso de metanol”.
O conteúdo usa inteligência artificial (IA) para criar um áudio fake e atribuir ao jornalista Reinaldo Gottino, da Record, uma declaração que ele jamais deu: “Em meio à onda de bebidas adulteradas que preocupa autoridades de saúde em todo o Brasil, a polícia civil confirmou nesta quinta-feira que lotes falsificados da cerveja Heineken foram os primeiros a apresentar a presença comprovada de metanol”.
O material mentiroso viralizou em meio aos recentes casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica (veja contexto ao final desta reportagem).
⚠️ Por que isso é mentira?
O Fato ou Fake entrou em contato, por e-mail, com a assessoria de imprensa da Heineken. A resposta negou as alegações do vídeo viral:
“Não há qualquer estudo ou histórico de falsificação e adulteração das nossas cervejas em larga escala. De acordo com especialistas do setor, o risco de adulteração de cerveja com metanol é extremamente baixo, uma vez que qualquer adição dessa substância alteraria o aroma e o sabor da bebida de forma perceptível, tornando essa prática criminosa pouco viável e facilmente identificável. Sobre os casos recentes envolvendo contaminação por metanol em bebidas destiladas, também não há registro de casos envolvendo consumo de cerveja”.
Procurada por e-mail, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança de São Paulo informou: “A Polícia Civil não emitiu qualquer comunicado sobre marcas de bebidas contaminadas com metanol. Todas as comunicações oficiais são divulgadas no site do Governo de SP e nos canais da SSP”.
O Fato ou Fake submeteu o vídeo à plataforma Hiya, que identifica falas criadas ou manipuladas por IA. Resultado da análise, que verifica o “nível de autenticidade” do áudio: pontuação de 1 (em uma escala que vai de 0 a 100). Um valor baixo como esse indica que o material avaliado tem altíssima probabilidade de ser deepfake (técnica que permite alterar conteúdos como vídeos e fotos).
Além disso, o Fato ou Fake identificou o vídeo original utilizado no conteúdo falso, publicado em 29 de setembro no Instagram oficial de Gottino.
Na gravação verdadeira, ele fala sobre números de casos de intoxicação e mortes relacionados ao metanol. Em nenhum momento, menciona a Heineken ou qualquer outra cerveja.
Procurada por e-mail, a assessoria de imprensa da Record desmentiu a publicação: “A RECORD, em nome do jornalista Reinaldo Gottino, alerta e afirma que o vídeo em questão é falso, com claros sinais de manipulação de imagem e de voz do apresentador do Cidade Alerta. A reportagem com esta pauta nunca foi exibida em nossos telejornais”.
Também por e-mail, o jornalista afirmou ao Fato ou Fake: “Lamento muito o uso indevido da minha imagem para uma notícia falsa. Sou jornalista e luto sempre pela informação, pela verdade e contra a Fake News. Vamos tomar todas as providências”.
🎯 Em que contexto circula a fake?
O balanço mais recente do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (6), aponta que o Brasil tem 17 casos notificados de intoxicação por metanol, sendo 15 no estado de São Paulo. Ao todo, o país contabiliza 217 notificações relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Outras 200 ocorrências estão em investigação.
A pasta também confirmou duas mortes em São Paulo. Outros 12 óbitos seguem em investigação (seis em São Paulo, três em Pernambuco, um em Mato Grosso do Sul, um na Paraíba e um no Ceará). Após a divulgação desse boletim, a Prefeitura de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, confirmou a morte de uma jovem de 30 anos que estava internada em estado grave após tomar vodca com suco de pêssego.
🔍Usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, o metanol é um álcool altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
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