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O anúncio das novas tarifas de 50% contra produtos do Brasil por parte dos Estados Unidos continuou a mexer com os mercados, enquanto analistas e investidores tentavam avaliar os possíveis impactos nos diferentes setores da economia brasileira.
- Na semana, o dólar acumulou alta de 2,28%;
- Já o Ibovespa teve queda agregada 3,59%.
Nesta sexta-feira (11) o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que falaria com o presidente Luiza Inácio Lula da Silva (PT) “em algum momento, mas não agora”, indicando que o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de forma injusta. Lula, por sua vez, afirmou que quer negociar e pediu que Trump respeite as leis brasileiras. (Leia mais abaixo)
▶️ Investidores aguardam sinais sobre os próximos passos do governo em relação ao tarifaço de Trump, após Lula prometer acionar a Lei de Reciprocidade Econômica contra os EUA. Além disso, também tentam medir o impacto das novas taxas para grandes empresas brasileiras.
Caso o país não consiga caminhar com uma negociação, a nova taxa deve afetar diretamente setores estratégicos da economia nacional. A previsão é que a tarifa entre em vigor em 1º de agosto. (Leia mais abaixo)
Ações de empresas exportadoras, como a Embraer, seguem pressionando a bolsa de valores brasileira. Nesta sexta-feira, os papéis da companhia caíram mais de 1%, após recuarem mais de 3% na véspera.
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
- Acumulado da semana: +2,28%;
- Acumulado do mês: +2,11%;
- Acumulado do ano: -10,22%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: -3,59%;
- Acumulado do mês: -1,98%;
- Acumulado do ano: +13,22%.
Impactos da tarifa de 50% sobre o Brasil
Um levantamento da XP Investimentos, por exemplo, mostra que a Embraer é uma das empresas da bolsa mais expostas ao tarifaço de Trump. A estimativa é que 23,8% de sua receita é proveniente das vendas que a companhia faz para os Estados Unidos.
Outras empresas potencialmente afetadas são Suzano (com 16,6% da receita proveniente de exportações aos EUA), Tupy (13,9%), Jalles Machado (11%), Frasle Mobility (10,8%), entre outras.
Outra preocupação no Brasil é a inflação. O mercado financeiro reagiu mal à nova taxa e o dólar subiu forte nas horas seguintes ao anúncio de Trump.
“Se o dólar permanecer alto, a inflação no Brasil persiste e o Banco Central mantém os juros altos [atualmente no patamar de 15%, o maior em quase 20 anos]. Isso desacelera a economia e pode entrar em recessão”, alerta o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV.
Resposta de Lula
A carta de Trump, porém, também trouxe um alerta claro: se o Brasil reagir elevando suas próprias tarifas, os EUA aumentarão ainda mais as taxas sobre produtos brasileiros.
Tarifas contra o Canadá, UE e mais
Desde o início da semana, Trump tem enviado cartas a líderes de diferentes nações, definindo tarifas mínimas para as negociações comerciais desses países com os EUA. Até agora, 23 notificações foram enviadas.
A última foi para o Canadá, na noite desta quinta-feira (10). Trump anunciou uma tarifa de 35% para o país, justificando que as taxas foram estipuladas para “lidar com a crise nacional de Fentanil”. Ele afirma que o Canadá falhou em impedir que drogas entrassem nos EUA.
“Em vez de trabalhar com os Estados Unidos, o Canadá retaliou com suas próprias tarifas”, afirma no documento.
A expectativa é que novos documentos sejam divulgadas nos próximos dias. Na noite desta quinta, Trump disse à NBC News que a União Europeia será notificada nesta sexta.
As cartas enviadas por Trump até agora seguem um padrão semelhante: ele afirma que o gesto representa uma demonstração da “força e do compromisso” dos EUA com seus parceiros e destaca o interesse em manter as negociações, apesar do déficit comercial significativo.
- 🔎 A volta das atenções de Trump para as tarifas reacende preocupações sobre eventuais efeitos dessas taxas na inflação dos EUA e do mundo. Isso porque a leitura dos investidores é que as taxas impostas por Trump podem acabar aumentando os custos de produção baseados em produtos importados e, consequentemente, elevar os preços ao consumidor.
Caso se concretize, esse cenário tende a pressionar a inflação norte-americana e pode forçar o Fed a manter os juros do país altos por mais tempo — o que, por sua vez, também poderia fortalecer o dólar e afetar as taxas de juros de outros países pelo mundo.
Notas de dólar, em 10 de abril de 2025 — Foto: Tatan Syuflana/ AP