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Os investidores estão atentos hoje à divulgação de novos dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, que podem influenciar as expectativas de redução na taxa de juros do país. No cenário nacional, com o terceiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro previsto para a próxima semana, os holofotes se voltam para a divulgação da balança comercial de agosto.
▶️ Após os investidores acompanharem com cautela os dois primeiros dias de julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete réus, acusados de tentativa de golpe de Estado, o processo será retomado na próxima terça-feira (9).
▶️ E por falar em EUA, o dia será marcado pela ampla divulgação de indicadores econômicos: criação de empregos no setor privado (ADP), pedidos de auxílio-desemprego, PMI de serviços, ISM de serviços e dados sobre estoques de petróleo.
▶️ O indicador mais esperado é o ADP, divulgado um dia após o relatório JOLTS sinalizar uma desaceleração na demanda por mão de obra, e que pode confirmar essa tendência.
- 🔎 Esses números são relevantes para o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, avaliar o ritmo do mercado de trabalho e ajustar sua decisão sobre a taxa de juros.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
- Acumulado da semana: +0,56%;
- Acumulado do mês: +0,56%;
- Acumulado do ano: -11,77%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: -1,10%;
- Acumulado do mês: -1,10%;
- Acumulado do ano: +16,28%.
Produção industrial no Brasil
A indústria brasileira voltou a perder força no início do terceiro trimestre. Segundo o indicador divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial recuou 0,2% em julho em relação ao mês anterior.
O movimento de queda do setor veio em um momento marcado pela política monetária mais restritiva (juros elevados) e pela guerra comercial dos EUA.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 0,2% da produção. Com esses resultados, o setor está 15,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de recuo de 0,2% na comparação mensal e de ganho de 0,3% na anual.
Para a analista Sara Paixão, da InvestSmart XP, os números não mudam as perspectivas de que o Banco Central deve manter a Selic em 15% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) neste mês, mas fortalece a tese de que o início do ciclo de corte de juros pode começar no início de 2026.
“Para consolidar essa projeção é necessário acompanhar os dados de inflação e atividade econômica que serão divulgados nos próximos meses”, acrescentou.
A indústria brasileira vem mostrando dificuldades para deslanchar este ano, diante de um cenário de política monetária restritiva com a taxa básica de juros Selic em 15% agravado agora pela política comercial dos EUA, com taxas de 50% sobre os produtos brasileiros que entraram em vigor em agosto.
Relatório Jolts
Nos EUA, as vagas em aberto — um indicador da demanda por trabalhadores — caíram em 176 mil, para 7,181 milhões no último dia de julho, segundo a pesquisa Jolts divulgada nesta quarta-feira pelo Departamento do Trabalho. A expectativa de economistas era de 7,378 milhões de postos não preenchidos.
As contratações subiram 41 mil em julho, totalizando 5,308 milhões. As demissões também aumentaram, em 12 mil, chegando a 1,808 milhão. Economistas apontam que o mercado de trabalho perdeu ritmo, influenciado pelas tarifas do presidente Donald Trump e pela redução na oferta de mão de obra, causada pela política de imigração do governo.
- 🔎 Os dados reforçam as apostas de um corte na taxa de juros, com os investidores precificando uma chance de 95,6% de um corte nos juros em setembro, de acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group. Antes do Jolts, eram quase 92%.
Segundo pesquisa da Reuters com economistas, o relatório de emprego do governo, previsto para sexta-feira, deve indicar a criação de 75 mil vagas fora do setor agrícola em agosto, após apenas 3 mil em julho.
A média dos últimos três meses foi de 35 mil empregos por mês, bem abaixo dos 123 mil registrados no mesmo período de 2024.
A previsão é de que a taxa de desemprego suba de 4,2% em julho para 4,3%.
No mês passado, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou um possível corte na taxa de juros na reunião marcada para 16 e 17 de setembro, ao reconhecer os riscos crescentes ao mercado de trabalho. Ele também alertou que a inflação segue como uma preocupação.
Bolsas globais
Nos EUA, os três principais índices de Wall Street fecharam mistos.
Nasdaq e S&P 500 subiram, impulsionados pelos papéis da Alphabet — após um juiz norte-americano decidir contra uma cisão da controladora do Google — e com investidores otimistas em relação a um possível corte de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central do país). O Dow Jones Industrial Average, por sua vez, fechou em queda.
Já os mercados europeus fecharam em alta, recuperando parte das perdas da sessão anterior. O movimento é uma resposta ao alívio nas preocupações fiscais que haviam pressionado os juros dos títulos públicos em países como Reino Unido, Alemanha e França. Além disso, investidores seguem atentos às incertezas sobre tarifas comerciais dos EUA.
Os principais índices da Europa registram ganhos: o Stoxx 600 subiu 0,65%, o DAX da Alemanha avança 0,80%, o FTSE 100 do Reino Unido teve alta de 0,67%, o CAC 40 da França avançou 0,86% e o FTSE MIB da Itália registrou valorização de 0,14%.
Na Ásia, as bolsas tiveram desempenho misto. Na China, as ações caíram com força após o desfile militar, especialmente no setor de defesa, já que investidores aproveitaram para vender papéis e garantir lucros. Esse movimento levou o índice de Xangai à maior queda diária em uma semana.
No fechamento, o índice de Xangai caiu 1,16%, enquanto o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, recuou 0,68%. Em Hong Kong, o Hang Seng perdeu 0,60%. Já em Tóquio, o Nikkei teve queda de 0,88%. Por outro lado, houve alta em Seul (+0,38%) e Taiwan (+0,35%).
Notas de dólar. — Foto: Dado Ruvic/ Reuters
*Com informações da agência de notícias Reuters