Comissão adia análise da MP que prevê mudanças no setor elétrico

Comissão adia análise da MP que prevê mudanças no setor elétrico

Um pedido de vista coletiva (mais tempo para análise) suspendeu, nesta terça-feira (28), a análise do relatório da medida provisória que propõe mudanças estruturais no setor elétrico. A discussão será retomada nesta quarta-feira (29), às 11h.
Entre os principais pontos da proposta estão:
a fixação de um teto para os gastos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com correção anual pelo IPCA a partir de 2027;
e a abertura gradual do mercado livre de energia, permitindo que todos os consumidores, inclusive residenciais, possam escolher de quem comprar eletricidade — algo hoje restrito a grandes empresas.
A MP perde a validade no dia 7 de novembro. Ou seja, precisa ser aprovada até lá para não perder a validade.
Raio-x da política: Reforma do setor elétrico divide opiniões
O que é a CDE
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) é um fundo setorial que financia políticas públicas do setor elétrico. Criada por lei, ela custeia ações como:
a tarifa social para famílias de baixa renda;
o programa Luz para Todos;
a geração de energia em áreas isoladas;
subsídios a fontes renováveis;
e compensações a microgeradores, como consumidores que produzem energia solar.
Principais mudanças propostas
O relator da MP, senador Eduardo Braga (MDB-AM), apresentou o parecer nesta terça e informou ter acolhido 109 das mais de 400 emendas apresentadas por parlamentares. Segundo ele, a votação deve ocorrer na próxima semana no Senado.
Teto para a CDE
Braga propõe um limite máximo de arrecadação para as despesas da CDE — exceto as que se destinam a políticas públicas. O teto começará a valer a partir de 2027, com base no orçamento real da CDE de 2025.
O valor estimado para 2024 é de R$ 49,2 bilhões, mas o relator destacou que o montante não deve ser integralmente utilizado.
Para eventuais insuficiências de recursos, o texto cria o Encargo de Complemento de Recursos (ECR), que será financiado pelos beneficiários da própria CDE, na proporção do benefício obtido.
Ficam isentos do pagamento do ECR:
beneficiários do Luz para Todos;
consumidores de baixa renda;
beneficiários da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC);
custos administrativos da CDE, CCC e da Reserva Global de Reversão (RGR);
e perdas de energia em estados cujas capitais não estavam ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) até 9 de dezembro de 2009.
Abertura do mercado livre de energia
O relatório prevê que todos os consumidores poderão, de forma escalonada, escolher o fornecedor de energia elétrica.
O cronograma de implantação será:
até 24 meses após a sanção da MP, para consumidores industriais e comerciais;
até 36 meses, para os demais consumidores.
O texto também cria a figura do Supridor de Última Instância (SUI) — empresa responsável por garantir o fornecimento emergencial de energia em caso de falhas ou interrupções.
Armazenamento de energia
O parecer inclui sistemas de armazenamento no planejamento da expansão da rede elétrica, com regras de remuneração e acesso para estimular o uso de tecnologias que aumentem a flexibilidade e a segurança do sistema.
Braga propõe incentivos fiscais para sistemas de baterias de armazenamento de energia (BESS), incluindo isenção de PIS/Pasep, Cofins e IPI, além de redução a zero da alíquota de importação desses equipamentos até 2026, antecipando os efeitos da reforma tributária de 2027.
O texto fixa ainda um limite de renúncia fiscal de R$ 1 bilhão, monitorado por relatórios bimestrais da Receita Federal. Caso o teto seja atingido, a isenção será automaticamente extinta no mês seguinte, após audiência pública no Congresso, seguindo o modelo do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos).
Comercialização de gás pela PPSA
O relatório também autoriza que a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) possa comercializar o gás natural da União, com o objetivo de reduzir tarifas e incentivar o desenvolvimento industrial.

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