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Belém prepara hospedagens alternativas para a COP30

por Jornalismo
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Belém prepara hospedagens alternativas para a COP30
O preço dos hotéis em Belém se tornou um dos pontos de tensão da COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontecerá em novembro.
A cidade deve receber cerca de 50 mil visitantes, incluindo delegações de mais de 190 países, cientistas, empresários e representantes da sociedade civil, e ainda enfrenta uma corrida contra o tempo para ampliar a oferta de hospedagem.
Enquanto os pavilhões que vão abrigar as negociações climáticas já começaram a ser montados, a rede hoteleira tenta se adaptar.
Além de hotéis e residências, escolas estão sendo preparadas para receber participantes, e motéis da cidade passaram por reformas para funcionar como pousadas temporárias.
Em um deles, as camas dos 22 quartos estão sendo trocadas, as paredes ganham pintura mais sóbria e os espelhos serão cobertos com placas de madeira.
Segundo o responsável pelo local, a mudança foi feita após o pedido de um consulado, mas a reserva ainda não foi confirmada.
Na mesma linha, uma vila exclusiva está sendo construída numa área de 6 mil metros quadrados para receber 30 executivos de uma empresa de São Paulo.

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As estruturas, feitas com cobertura de plástico reciclado e rejeito de açaí, foram adaptadas a partir de modelos usados em eventos.
Para tentar organizar o setor, o governo federal lançou uma plataforma oficial de hospedagens, que por enquanto só pode ser usada por delegações diplomáticas.
Parte delas ficará em transatlânticos que ficarão ancorados no porto da capital paraense, 800 cabines já estão reservadas.
A expectativa é que a plataforma passe a receber o público geral a partir da próxima semana, com mais de 2 mil imóveis cadastrados e diárias que podem chegar a até 600 dólares (cerca de R$ 3.300).
Segundo o governo, as negociações seguem com hotéis e imobiliárias. “Estaremos diuturnamente negociando para contemplar não só os países membros, mas também toda a sociedade civil, os observadores e o empresariado”, afirmou um representante.
Países pediram retirada do evento de Belém
Na última quinta-feira (31), o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, afirmou que países têm pressionado o Brasil a transferir a conferência climática da ONU de Belém para outra cidade por causa do alto preço cobrado pelos hotéis da capital paraense durante o evento, previsto para novembro de 2025.
A declaração foi feita durante um encontro realizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE) em parceria com o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás).
“Há uma sensação de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento, que estão dizendo que não poderão vir à COP por causa dos preços extorsivos que estão sendo cobrados”, afirmou Corrêa do Lago.
Os esforços para conter a crise continuam, segundo o embaixador, mas ele avalia que parte do setor hoteleiro ainda não se deu conta da gravidade da situação.
Para Corrêa do Lago, o impasse ganhou outra dimensão após a entrevista do negociador africano Richard Muyungi à agência Reuters, na qual foi revelado que países chegaram a solicitar oficialmente a mudança da conferência para outra cidade.
O presidente da COP 30, o embaixador André Corrêa do Lago.
AP Photo/Adam Gray
“Ficou público que países estão pedindo para o Brasil tirar a COP de Belém”, acrescentou.
Ainda segundo ele, em alguns casos, o valor das diárias foi multiplicado por 15. A prática, considerada abusiva por representantes internacionais, tem gerado um mal-estar diplomático e já motivou pedidos formais para que o evento seja realocado.
“Se na maioria das cidades onde as COPs aconteceram os hotéis começaram a pedir o dobro ou o triplo do valor, no caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de 10 vezes os valores normais”, disse o diplomata.
Corrêa do Lago afirmou ainda que a Casa Civil coordena um grupo de trabalho para tentar conter os preços, mas ressaltou que a legislação brasileira não permite impor limites às tarifas da rede hoteleira.
“O que nos resta é o diálogo”, afirmou.
A COP 30 será a primeira conferência climática da ONU na Amazônia e deve reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas e milhares de integrantes da sociedade civil de mais de 190 países.
Belém corre para deixar tudo pronto pra COP30
Preocupação da Onu
Desde o início desse ano, preocupações com a logística atrapalharam os preparativos para a COP30. Países em desenvolvimento e países ricos alertaram que não podem arcar com os preços de hospedagem em Belém, que dispararam devido à escassez de quartos.
Em uma reunião de emergência do “COP bureau” do órgão climático da ONU na terça-feira, o Brasil concordou em abordar as preocupações dos países sobre acomodações e apresentar um relatório em 11 de agosto, disse Richard Muyungi, presidente do Grupo Africano de Negociadores, que convocou a reunião.
“Recebemos a garantia de que revisitaremos isso no dia 11 para ter certeza se a acomodação será adequada para todos os delegados”, disse Muyungi à Reuters após a reunião.
Ele disse que os países africanos queriam evitar reduzir sua participação por causa do custo.
“Não estamos prontos para reduzir os números. O Brasil tem muitas opções em termos de ter uma COP melhor, uma boa COP. Por isso, estamos pressionando para que o Brasil forneça respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, disse Muyungi.
Outro diplomata confirmou que a reclamações sobre os preços vieram tanto de países pobres quanto ricos.
Um relatório com os temas previstos para a reunião de terça-feira, acessado pela Reuters, confirmou que o encontro foi convocado para abordar “preparativos operacionais e logísticos para a Conferência sobre Mudanças Climáticas em Belém” e as preocupações do Grupo Africano de Negociadores sobre o assunto.
O Itamaraty não respondeu à reportagem. Autoridades brasileiras que organizam a cúpula têm garantido repetidamente que os países mais pobres terão acesso a acomodações que possam pagar.
Vila da COP30 vai receber vários chefes de Estado, em Belém.
Rodrigo Pinheiro/Agência Pará
Hotéis de navio e cruzeiro
O Brasil está correndo para expandir os 18 mil leitos de hotel normalmente disponíveis em Belém, uma cidade costeira de 1,3 milhão de habitantes, para receber as cerca de 45 mil pessoas previstas para participar da COP30.
O governo anunciou este mês que garantiu dois navios de cruzeiro para fornecer 6 mil camas extras para os delegados. Também abriu reservas para países em desenvolvimento para acomodações mais acessíveis, com diárias de até US$ 220.
No entanto, esse valor ainda está acima do “auxílio-moradia” oferecido pela ONU a algumas nações mais pobres para apoiar sua participação nas COPs. Para Belém, o valor é de US$ 149.
Dois diplomatas apresentaram orçamentos que receberam de hotéis e administradores de propriedades em Belém para tarifas de cerca de US$ 700 por pessoa por noite durante a COP30.
Autoridades de seis governos, incluindo nações europeias mais ricas, relatam que ainda não garantiram acomodações devido aos altos preços, e alguns disseram que estavam se preparando para reduzir sua participação.
Um porta-voz do governo holandês disse que pode ser necessário reduzir sua delegação pela metade em comparação às COPs recentes, quando a Holanda enviou cerca de 90 pessoas durante o evento de duas semanas, incluindo enviados, negociadores e representantes da juventude.
O vice-ministro do Clima da Polônia, Krzysztof Bolesta, disse à Reuters no início deste mês: “Não temos acomodações. Provavelmente teremos que reduzir a delegação ao mínimo.”
“Em um evento extremo, talvez não precisemos comparecer”, disse ele.

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