Além de dono da SpaceX e Tesla, Elon Musk, que ganhou um cargo no governo que começa, nesta segunda-feira (20/1) estavam em Washington o fundador da Amazon, Jeff Bezos, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o líder da Apple, Tim Cook, e o diretor do Google, Sundar Pichai. Todos ocuparam assentos de destaque na Igreja de St. John e aparecem lado a lado em fotos da posse.
O último evento público em Washington que reuniu o alto escalão de tecnologia em uma mesma sala foi uma audiência no Congresso de 2020.
Na ocasião, uma comissão investigava se Facebook, Google, Amazon e Apple aplicavam prática de monopólio e abuso de posição dominante no mercado. Zuckerberg, Bezos, Pichai e Cook estavam na audiência.
A presença em peso dos chefões da tecnologia reforça o bromance, expressão do inglês que se refere a um relacionamento íntimo entre homens, entre os executivos e Trump.
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“As eleições mais recentes parecem sinalizar um ponto de virada cultural para, mais uma vez, dar prioridade à liberdade de expressão”, disse Zuckerberg.
No vídeo, o presidente-executivo da empresa de tecnologia anunciou que está abandonando o uso de checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram.
O anúncio foi celebrado por apoiadores de Trump, que classificaram a medida como um esforço para “reduzir a censura” no Facebook e Instagram.
Quem é quem na foto
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, no centro, e sua esposa Priscilla Chan, à esquerda, chegam antes de Donald Trump — Foto: Chip Somodevilla/Pool Photo via AP
Jeff Bezos chega à posse de Donald Trump — Foto: AP Photo/Julia Demaree Nikhinson, Pool
Sundar Pichai (Google) na posse de Donald Trump, ao lado de Elon Musk (Tesla, Space X e X) — Foto: SHAWN THEW / POOL / POOL / AFP
‘Todo mundo quer ser meu amigo’
Muitos desses executivos foram dos primeiros críticos de Trump durante seu primeiro mandato e se manifestaram sobre questões como mudanças climáticas e imigração.
Hoje, a maioria dessas empresas ainda enfrenta questões pendentes sérias com o governo dos EUA, incluindo processos antimonopólio, investigações, disputas regulatórias e tarifas.
Donald MacKenzie, sociólogo da Ciência e Tecnologia e professor da Universidade de Edimburgo, afirma que o momento é de readequação, com as grandes corporações americanas se preparando para o segundo mandato de Trump, que promete ser um período de transformação ainda maior do que o primeiro.
“As corporações americanas sabem que esse é um momento de grande mudança – e que é muito melhor para elas ficaram do lado dessa mudança do que se opor a ela”, disse à BBC News Brasil.
Quão duradouro será esse bromance com a tecnologia e até que ponto Trump pressionará em muitas dessas questões permanecem incógnitas.
O presidente parece estar confortável com a aproximação. Ele escreveu nas redes sociais no mês passado: “Todo mundo quer ser meu amigo!!!”
Mas as novas amizades de Trump com executivos de tecnologia não foram bem recebidas por todos em seu círculo.
No domingo, o ex-estrategista-chefe da Casa Branca de Trump, Steve Bannon, chamou Musk de “um cara verdadeiramente maligno”.
“Eu olho para isso e acho que a maioria das pessoas no nosso movimento olha para isso como: o Presidente Trump derrotou os oligarcas, ele os quebrou e eles se renderam”, disse Bannon à ABC News.
A oposição também já declarou que não baixará a guarda. Na semana passada, os senadores Elizabeth Warren e Michael Bennett, ambos democratas, divulgaram uma carta endereçada aos executivos, acusando-os de tentar “se aproximar da administração Trump em busca de evitar escrutínio, limitar regulações e comprar favores”.