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Venda de carne para a Argentina dispara 2028% | G1

por Redação
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De janeiro a outubro, foram vendidas 11 mil toneladas para o país vizinho, volume mais de 20 vezes maior do que as 526 toneladas embarcadas em igual período do ano passado.

A Argentina não figura entre os principais compradores do Brasil: mesmo com todo o crescimento, a importação pelo país vizinho representa menos de 1% de todo o volume adquirido pela China, maior cliente da carne brasileira, por exemplo.

Mesmo assim, a disparada das vendas chamou a atenção de especialistas ouvidos pelo g1. Eles viram dois motivos para isso: o tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil e a queda na produção de carne na Argentina, que vai perdurar. Veja os detalhes abaixo.

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Efeito tarifaço

A Argentina é a quinta maior produtora do mundo, atrás de EUA, Brasil, China, Índia.

Com mais exportação para os EUA, os argentinos recorreram à carne brasileira para não desfalcar o abastecimento interno. Afinal, o país vizinho tem o maior consumo de carne bovina por pessoa no mundo.

O gráfico abaixo ilustra esse movimento: o pico na compra de carne brasileira pelos argentinos aconteceu em setembro, um mês depois de Trump aumentar para 50% a sobretaxa para o Brasil, que só foi retirada neste mês de novembro.

Queda na produção local

Mas não foram só as tarifas que levaram à disparada das compras pela Argentina.

Segundo o consultor do Safras & Mercados Fernando Henrique Iglesias, o aumento nas compras aconteceu porque a produção argentina diminuiu por causa de secas e de medidas econômicas do governo anterior, que limitaram as exportações do país.

A produção de carne vem caindo nos últimos dois anos na Argentina, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

A previsão para 2025 é de uma queda de 100 mil toneladas em relação a 2024, o mesmo volume que o país deixou de produzir no ano passado.

“No início desta década, os efeitos do La Niña acabaram afetando a taxa de prenhez das vacas na Argentina. O custo para produzir ficou muito alto e isso acabou gerando um encolhimento de rebanho”, diz Iglesias.

De 2023 a 2025, a quantidade de bovinos na Argentina caiu de 68,8 milhões para 67 milhões, mostra o USDA.

Além disso, medidas econômicas do ex-presidente argentino Alberto Fernandéz, que governou entre 2019 e 2023, influenciaram pecuaristas a diminuírem a produção, diz Iglesias.

Estímulo às exportações

Por outro lado, o atual governo liberal de Javier Milei foi na contramão do antecessor. Ele não somente reduziu a taxa para exportação da carne bovina, como a zerou entre 22 de setembro e 31 de outubro deste ano.

Segundo Thiago Bernardino de Carvalho, responsável pela área de pecuária no Cepea/USP, essas medidas estimularam o aumento das exportações.

“Com a Argentina podendo exportar mais, sobra menos carne no mercado doméstico, o preço sobe e ela vem para mercados como o brasileiro para comprar mais carne”, diz Carvalho.

Contudo, dados da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (Ciccra) mostram que as exportações de carne da Argentina caíram 10,5%, em volume entre janeiro e outubro, em relação a igual período de 2024, puxadas por uma diminuição das compras da China.

Segundo Lygia Pimentel, CEO da consultoria Agrifatto, foi justamente a retirada parcial da carne brasileira do mercado americano que abriu espaço para os argentinos nos EUA.

Ela reforça que, dessa forma, o mercado não estava cometendo a prática ilegal da triangulação, que seria, por exemplo, a de comprar a carne do Brasil e enviá-la para um país intermediário para, de lá, exportar para os EUA.

Carvalho, do Cepea, diz que, além de ser um país vizinho da Argentina, o Brasil tem a carne mais barata do mercado internacional, outro fator que explica a opção dos argentinos de complementar o seu abastecimento com o produto brasileiro.

Segundo dados da Agrifatto, enquanto o preço do boi no Brasil está custando, em média, US$ 61, na Argentina, ele chega a US$ 74,8. Já no Uruguai, a cotação alcança US$ 75,7 e, no Paraguai, US$ 64,5.

A compra de carne brasileira pelos argentinos recuou em outubro, na comparação com o pico do mês anterior, mas ainda seguia em um patamar acima de 1 ano atrás (os números de novembro ainda não tinham sido divulgados até a conclusão desta reportagem).

Segundo Iglesias, a tendência é que o Brasil continue aumentando as vendas para a Argentina.

“Como a produção argentina deve ficar deprimida em 2026, isso deve incentivar mais as importações”, diz Iglesias.

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