Avaliação de Lula para de melhorar, diz Quaest; 50% desaprovam governo, e 47% aprovam
A nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada entre quarta-feira (12) e quinta-feira (13), com a avaliação do governo Lula (PT), projeções para as eleições de 2026 e a opinião dos brasileiros sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro traz recados para o presidente e para a oposição.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
Segundo a Quaest, o levantamento mostra que a operação nos complexos da Penha e do Alemão, as declarações de Lula sobre o assunto e a preocupação com a segurança pública frearam a melhora na avaliação do governo.
A megaoperação das polícias Civil e Militar terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais.
Já a pesquisa com os cenários para 2026 mostra que a vantagem de Lula sobre adversários no 2º turno caiu e que o presidente voltou a empatar tecnicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Quaest pesquisou 10 cenários de 1º e 2º turno.
A pesquisa Quaest foi encomendada pela Genial Investimentos e realizada entre os dias 6 e 9 de novembro. Foram ouvidas 2.004 pessoas com 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
O que a pesquisa diz para Lula?
Lula discursa na abertura da COP em Belém
Reuters/Adriano Machado
📈 Aprovação deixou de melhorar
Desde julho, a aprovação do governo Lula vinha oscilando dentro da margem de erro (que é de dois pontos) para cima e a desaprovação, para baixo. Agora, o cenário se inverteu: a aprovação oscilou para baixo e a desaprovação, para cima. Veja os números:
Aprovação: 47% (eram 48% em outubro);
Desaprovação: 50% (eram 49%);
Não sabe/não respondeu: 3% (eram 3%).
🔍 O que freou a melhora?
Imagem de drone mostra corpos levados a praça no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, no dia 29 de outubro de 2025.
Ricardo Moraes/Reuters
O diretor da Quaest, Felipe Nunes, avalia que as falas de Lula (PT) sobre a megaoperação no Rio de Janeiro pesaram negativamente sobre a avaliação do governo, e ajudaram a frear a tendência de melhora. “As falas de Lula sobre a operação no Rio repercutiram mal”, afirma Nunes. Segundo a pesquisa:
81% discordam da fala de Lula de que traficantes são vítimas de usuário;
51% acham que essa é uma opinião sincera do presidente, e não um mal-entendido (39%);
57% discordam da afirmação do presidente de que operação foi desastrosa.
🔍 Eleitorado independente
Para o diretor da Quaest, o prejuízo aconteceu principalmente no eleitorado que se diz independente (nem lulista, nem bolsonarista, nem de direita, nem de esquerda).
Segundo o levantamento, em outubro, havia empate técnico entre aprovação (46%) e desaprovação (48%) de Lula no eleitorado independente. Em novembro, a desaprovação (52%) voltou a ser maior que a aprovação (43%), algo que não se via desde agosto de 2025. A margem de erro é de quatro pontos no segmento.
“Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente. Foi justamente nesse grupo que a tendência de melhora se inverteu”, disse Nunes.
Ainda de acordo com a pesquisa, a rejeição de Lula entre os eleitores independentes também cresceu. O percentual subiu 10 pontos, para 64%, em relação ao levantamento anterior, feito em outubro.
🔍 O que os brasileiros acharam da megaoperação?
A Quaest também ouviu a opinião dos entrevistados sobre a megaoperação policial no Rio de Janeiro:
67% dos brasileiros aprovam a megaoperação, e 25% desaprovam;
para 67%, a polícia não exagerou, e outros 29% responderam que sim;
55% responderam que não gostariam que uma operação igual em seu estado; 42% responderam que sim.
🚨 Preocupação com violência
A preocupação dos brasileiros com a violência subiu: de 30% em outubro, para 38% agora. O assunto lidera os levantamentos sobre as maiores preocupações dos brasileiros desde maio, com oscilações ao longo dos meses.
Agora, a distância da violência para o segundo indicador (economia) que gera mais preocupações para o brasileiro é mais do que o dobro. Veja abaixo:
🔍Notícias positivas
Os números da avaliação do governo configuram um empate técnico entre aprovação e desaprovação, mesmo cenário de outubro.
Para Nunes, dois fatores contribuíram positivamente:
a melhora na percepção sobre a inflação: caiu de 63% para 58% os que acham que os preços subiram, o menor percentual desde dezembro de 2023;
e o encontro de Lula com Trump: 45% afirmam que o presidente saiu mais forte, enquanto 30% afirmam que ele saiu mais fraco.
O que a pesquisa diz para a oposição?
📈 Bolsonaro, inelegível, empatado com Lula
Lula e Jair Bolsonaro.
Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo; Reuters/Adriano Machado
A Quaest também voltou a mostrar Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, empatados tecnicamente em um eventual cenário de 2º turno em 2026. Segundo a pesquisa:
Lula tem 42% das intenções de voto em eventual 2º turno, contra 39% de Bolsonaro;
A vantagem de Lula para Bolsonaro caiu de 10 para 3 pontos entre outubro e novembro.
“Medir Bolsonaro, mesmo inelegível, ajuda a entender o teto de uma candidatura de oposição”, afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest.
📈 Vantagem de Lula em queda
Além de Bolsonaro, a vantagem de Lula caiu em relação a:
Tarcísio de Freitas (Republicanos): caiu de 12 para 5 pontos;
Ratinho Jr. (PSD): caiu de 13 para 5 pontos;
Romeu Zema (Novo): caiu de 15 para 7 pontos;
Ronaldo Caiado (União Brasil): caiu de 15 para 7 pontos;
Eduardo Bolsonaro (PL): caiu de 15 para 10 pontos;
Eduardo Leite (PSD): caiu de 23 para 13 pontos.
Na comparação com os demais eventuais adversários, a vantagem de Lula oscilou para baixo. Veja a variação com:
Ciro Gomes (PSDB): oscilou quatro pontos para baixo, no limite da margem de erro. Variação de 9 para 5 pontos;
Michelle Bolsonaro (PL): oscilou três pontos para baixo, dentro da margem, variou de 12 para 9 pontos.
Renan Santos (Missão) apareceu na pesquisa pela 1ª vez após a criação da sigla ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL). Ele perderia para Lula por 42% a 25%.
🔍 Nome sem ligação com Lula ou Bolsonaro
Na pesquisa de novembro, a Quaest também perguntou qual seria o melhor resultado da eleição de 2026 para o Brasil atualmente. Veja os números:
Um nome nem ligado a Lula, nem a Bolsonaro: 24%
Lula ganhar de novo: 23%
Alguém de fora da política: 17%
Bolsonaro voltar a ser elegível e vencer: 15%
Alguém apoiado pelo Bolsonaro: 11%
Alguém apoiado pelo Lula: 5%
Não souberam ou não responderam: 5%
🔍 Parcela contrária à candidatura de Bolsonaro cai
Caiu de 76% para 67% a parcela de eleitores contrários à candidatura de Bolsonaro, e subiu de 18% para 26% as que defendem candidatura do ex-presidente, mesmo estando inelegível pela Justiça Eleitoral e pelo Tribunal Superior Eleitoral.
🔍 Rejeição à família Bolsonaro
Os três nomes da família testados – Eduardo (67%), Jair (60%) e Michelle (61%) – têm os maiores percentuais de rejeição entre todos os nove eventuais adversários de Lula pesquisados. Entre os eleitores que se dizem independentes, a parcela de rejeição aumenta. Veja os números:
Eduardo Bolsonaro: rejeição de 80% entre os independentes;
Jair Bolsonaro: rejeição de 73% entre os independentes;
Michelle Bolsonaro: rejeição de 70% entre os independentes.
🔍 Oposição fragmentada
Para o diretor da Quaest, Felipe Nunes, a fragmentação da oposição no 1ª turno pode ser pior para Lula. De acordo com os números, quanto mais candidatos enfrentam Lula, maior é a soma percentual deles.
Em cenários com múltiplos candidatos da oposição (cenários 1, 2 e 4), a soma dos votos dos adversários supera com folga a intenção de voto do presidente Lula. No cenário 1, por exemplo, a soma da oposição chega a 50%, contra 31% de Lula; no cenário 2, 48% contra 31%; e no cenário 4, 46% contra 32%.
🔍 Segurança pública leva eleitor independente para a oposição
Ainda de acordo com Nunes, a oposição conseguiu atrair os eleitores que se dizem independentes com pauta da segurança pública.
Quaest: independentes mostram rejeição a Lula e a Bolsonaro
Segundo a pesquisa, a rejeição de Lula (PT) entre os eleitores desse grupo cresceu de 54% em outubro para 64% em novembro. No mesmo segmento, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é rejeitado por 73% (eram 77% no levantamento de outubro). A margem de erro entre os eleitores independentes é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Nunes dá três exemplos para mostrar como a oposição conseguiu atrair os independentes. “Tarcísio voltou a superar Lula numericamente entre os independentes. Zema perdeu bolsonaristas, mas ganhou os independentes, e o mesmo está acontecendo com o Caiado”, diz Felipe Nunes. Segundo os números da Quaest:
Tarcísio tem 30% (eram 26% em outubro) das intenções de voto dos independentes, contra 28% (eram 32%) de Lula. Os dois estão tecnicamente empatados.
No mesmo segmento, Zema aparece com 42%, contra 31% de Lula. Em outubro, Zema tinha 33%, e Lula, 32%.
Já Caiado foi de 30% para 41%, e Lula, de 33% para 29%.
“Se, na soberania nacional, os independentes abriram espaço, abriram um coração para o governo Lula, na questão da segurança pública, os independentes estão abrindo, na verdade, seus corações para a direita e, em especial, para esses dois governadores [Caiado e Zema]”, disse Nunes.