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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar publicamente o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central do país), Jerome Powell. O republicano chamou Powell de “burro” e “teimoso”, pouco antes de o banqueiro central participar de uma audiência na Câmara dos EUA.
“Deveríamos estar pelo menos dois a três pontos abaixo”, afirmou Trump, em uma publicação nas redes sociais antes da participação de Powell na audiência. Ele também disse esperar que “o Congresso realmente acabasse com essa pessoa muito burra e teimosa”.
Já no Congresso, o chefe do BC americano reafirmou que os cortes nos juros podem aguardar. Powell disse que não abrirá caminho para uma redução na próxima reunião do Fed, em julho, “ou em qualquer outra reunião”. Recentemente, integrantes da instituição chegaram a sugerir mudanças nas taxas.
“Não quero me concentrar em nenhuma reunião específica. Não acho que precisamos ter pressa”, declarou Powell. Ele também ponderou que o mercado de trabalho continua forte e que ainda há grande incerteza sobre os impactos das tarifas sobre importações aplicadas por Trump.
Risco inflacionário
Questionado por membros republicanos da Câmara sobre o motivo de o Fed não cortar as taxas, Powell disse que ele e muitos membros do Fed esperam que a inflação suba em breve. Por isso, o BC não tem pressa em aliviar os juros.
Segundo ele, as tarifas mais altas impostas por Trump podem começar a elevar a inflação neste verão do hemisfério norte (21 de junho e 22 de setembro), período que será crucial para a instituição considerar possíveis cortes nas taxas.
“Devemos começar a ver isso durante o verão, nos números de junho e de julho. Se não virmos, estamos perfeitamente abertos à ideia de que o repasse [aos consumidores] será menor do que pensamos. E, se isso acontecer, isso será importante para a política”, declarou.
“Acredito que, se as pressões inflacionárias permanecerem contidas, chegaremos a um ponto em que cortaremos as taxas mais cedo ou mais tarde”, acrescentou.
Powell também disse que a política do Fed não tem como objetivo endossar ou criticar a abordagem do governo Trump em relação ao comércio — mas, sim, lidar com o impacto da inflação. As previsões da instituição e do mercado indicam que o índice de preços irá ganhar força ao longo do ano.
“Não estamos comentando sobre tarifas”, disse Powell. “Nosso trabalho é manter a inflação sob controle e, quando as políticas têm implicações significativas de curto e médio prazo, então a inflação passa a ser nosso trabalho.”
Decisão sobre juros
Economistas e agentes do mercado têm feito uma série de alertas sobre os impactos nos EUA das taxas aplicadas a outros países — em especial, contra os principais parceiros comerciais dos norte-americanos. Algumas tarifas estão em vigor. Outras, foram suspensas.
Efeitos da política tarifária
Apesar de o objetivo central de Trump ser priorizar a indústria nacional (e usar as tarifas como barganha em negociações), a cobrança de taxas sobre a importação de produtos encarece o custo de itens produzidos dentro dos EUA, o que tende a pressionar a inflação.
Além disso, a incerteza diante do vaivém tarifário e das ameaças do republicano tem prejudicado a confiança dos consumidores, levantando temores de que a maior economia do mundo possa enfrentar um período de esfriamento — ou, em cenários mais pessimistas, uma recessão.