Trump ameaça China sobre fornecimento de metais; Brasil e o país asiático têm maiores potenciais na área

Trump ameaça China sobre fornecimento de metais; Brasil e o país asiático têm maiores potenciais na área

A fala ocorreu em meio à disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo, que já vinham trocando tarifas desde o início do chamado tarifaço.

A China, por sua vez, tem demonstrado maior preocupação com o controle da oferta de terras raras e, em abril, incluiu diversos itens desse setor — entre eles os ímãs — na lista de restrições de exportação, em resposta às medidas americanas.

Por que os ímãs são estratégicos?

Os ímãs mais potentes são produzidos a partir de ligas de terras raras como neodímio e samário. Em algumas aplicações, adiciona-se disprósio para aumentar a estabilidade térmica, especialmente em usos de alta performance.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo, com cerca de 21 milhões de toneladas, atrás apenas da China, que também domina a extração e o refino.

O Brasil no mapa das terras raras

Apesar do potencial, o Brasil ainda exporta boa parte dos minerais de forma bruta, sem agregar valor industrial. O Ministério de Minas e Energia (MME) reconhece a lacuna, mas aposta na chance de desenvolver tecnologia própria e atrair investimentos.

Entre as iniciativas em curso estão:

▶️Projeto MagBras (SENAI): cria cadeia de produção de ímãs permanentes para carros elétricos, energia renovável e eletrônicos;

▶️Fundo de participação de R$ 1 bilhão para pesquisa mineral, com foco em empresas juniores;

▶️Debêntures incentivadas para projetos ligados à transformação de minerais estratégicos;

▶️Chamada pública de R$ 5 bilhões (BNDES, FINEP e MME) para plantas industriais e planos de negócio;

▶️Estudos do SGB (Serviço Geológico Brasileiro) para mapear reservas e avaliar reaproveitamento de rejeitos de mineração.

“O Brasil tem uma janela de oportunidade para desenvolver uma robusta indústria de processamento de terras raras, aproveitando sua oferta de energia limpa e competitiva”, afirmou o Ministério de Minas e Energia ao g1.

Disputa global

O valor desses minérios se reflete em acordos e tensões. Neste ano, os EUA fecharam parceria com a Ucrânia para explorar seu potencial mineral. Trump também anunciou — sem confirmação oficial da China — um acerto com Pequim para fornecimento temporário de ímãs e terras raras.

Ainda assim, especialistas apontam que a vantagem segue com a China, que detém a tecnologia e as patentes de processamento.

“Precisamos ter a mesma inteligência estratégica que a China tem demonstrado. O Brasil deve tratar os minerais críticos como ativos de alavancagem de interesses nacionais”, diz Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG).

As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos essenciais para o funcionamento de diversos produtos modernos — Foto: Arte/g1

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