Tarifaço vai cair? Entenda os próximos passos na negociação do Brasil com os EUA

Tarifaço vai cair? Entenda os próximos passos na negociação do Brasil com os EUA

No encontro, que durou cerca de 45 minutos, os líderes se comprometeram a iniciar o processo para uma negociação bilateral, em busca de uma solução para o tarifaço imposto por Trump. A primeira reunião entre os representantes comerciais dos dois países aconteceu na segunda-feira (27). (Saiba mais abaixo)

“O que interessa em uma mesa de negociação é o futuro, é o que você vai negociar para frente. A gente não quer confusão, a gente quer negociação. A gente não quer demora, quer resultado”, afirmou Lula na véspera.

Entenda abaixo o ponto a ponto do que foi discutido até agora e quais os próximos passos nas negociações entre os dois países.

Negociação bilateral

  • O que foi discutido até agora?

A primeira reunião com os representantes norte-americanos para dar início a uma negociação bilateral aconteceu na segunda-feira (27), e contou com a participação do ministro das relações exteriores, Mauro Vieira, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, e do assessor especial da Presidência, embaixador Audo Faleiro.

Segundo Rosa, os representantes concordaram com um cronograma de reuniões com foco nos setores mais afetados pelas tarifas. A ideia é construir um acordo satisfatório para ambas as partes.

  • Quais os próximos passos?

A expectativa é que o cronograma de reuniões estabelecido pelos representantes brasileiros e norte-americanos seja seguido nas próximas semanas, caso não haja nenhuma intercorrência.

Segundo o ministro do desenvolvimento e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, no entanto, ainda não há data marcada para uma nova reunião.

Já sobre os pontos a serem discutidos na negociação, o presidente Lula afirmou na segunda-feira que não houve nenhuma contrapartida apresentada pelos norte-americanos até o momento, enfatizando que “não existem temas proibidos”.

“Se ele quiser discutir a questão de minerais críticos, de terras raras, se quiser discutir etanol, açúcar, não tem problema. Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir todo e qualquer assunto”, disse.

“Tivemos uma reunião muito boa, vamos ver o que acontece. Não sei se alguma coisa vai acontecer, mas veremos. Eles gostariam de fazer um acordo. Vamos ver, agora mesmo eles estão pagando, acho que 50% de tarifa”, afirmou o republicano.

Suspensão das tarifas

  • O que foi discutido até agora?

Segundo Vieira, outro ponto levantado por Lula durante o encontro de domingo, seria a possibilidade de suspensão das tarifas durante o período de negociação. O presidente norte-americano, por sua vez, teria apenas declarado que instruiria sua equipe para dar início ao processo de negociação bilateral.

  • Quais os próximos passos?

De acordo com o chanceler, os representantes brasileiros devem voltar a abordar a possibilidade de suspensão das taxas, argumentando que a situação seria semelhante ao que aconteceu com o México e com o Canadá, por exemplo, que tiveram as alíquotas suspensas temporariamente por Trump durante as tratativas do acordo.

Até agora, no entanto, ainda não há previsão de se e quando as taxas devem ser suspensas, nem detalhes sobre um acordo comercial mais amplo.

Déficit na balança comercial

  • O que foi discutido até agora?

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, afirmou no domingo que Lula também deixou claro que a motivação usada pelos EUA para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil, uma vez que o país tem déficit na balança comercial com os norte-americanos.

  • Quais os próximos passos?

O presidente brasileiro afirmou na última segunda-feira que chegou a entregar um documento para Trump que mostrava que as informações de que os EUA tinham déficit comercial com o Brasil — ou seja, que importavam mais do que exportavam do país — eram “infundadas”.

“Nós provamos que houve superávit de US$ 410 bilhões em 15 anos. Só no ano passado foram quase US$ 22 bilhões de superávit para os Estados Unidos. Em todo o G20 só há três países em que os Estados Unidos são superavitários: Brasil, Reino Unido e Austrália”, disse Lula.

Nesse caso, é esperado que o argumento continue sobre a mesa de negociação nas próximas reuniões, em meio às tentativas do governo de reduzir as tarifas impostas ao Brasil.

Visitas recíprocas

  • O que foi discutido até agora?

O diálogo entre os presidentes do Brasil e dos EUA, segundo seus representantes, foi bastante amistoso.

Enquanto Trump afirmou ter sido “uma grande honra” estar com Lula, reiterando acreditar que conseguiriam fechar “bons negócios para ambos os países”, Lula disse que a conversa com o republicano foi “ótima” e que a agenda comercial e econômica foi debatida de forma “franca e construtiva”.

  • Quais os próximos passos?

Com a aproximação, os presidentes chegaram a combinar, no domingo, visitas recíprocas entre seus respectivos países. Segundo Vieira, Trump teria manifestado a vontade de vir ao Brasil, ao passo que Lula teria dito que iria “com prazer” aos EUA no futuro.

Até o momento, no entanto, não há nenhuma data confirmada para essas eventuais visitas.

Trump e Lula em primeiro encontro formal, na Malásia. — Foto: REUTERS

Pressão do empresariado brasileiro

  • O que foi discutido até agora?

Em reunião com empresários brasileiros após o encontro com o presidente Trump, no domingo, Lula afirmou que estava agradecido pela conversa e comemorou que os líderes conseguiram fazer uma reunião que “parecia ser impossível” de ser realizada nos EUA ou no Brasil.

Por aqui, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara do Comércio Americana (Amcham) para o Brasil e representantes de outros setores deram sinalizações positivas sobre o encontro entre os líderes, afirmando que a reunião foi um “avanço concreto” rumo às negociações do tarifaço e indicando esperar uma solução em breve de ambas as partes.

  • Quais os próximos passos?

Com o impacto das tarifas, diversos setores já têm sinalizado a necessidade de um acordo rápido entre o Brasil e os Estados Unidos para redução das taxas. Segundo Vieira, a expectativa é que um acordo seja concluído já nas próximas semanas.

“Esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, disse Vieira no domingo, sem dar mais detalhes sobre quando o acordo deve ser concluído.

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