Início » Síncope vasovagal: entenda a condição que levou Oscar, do São Paulo, à internação

Síncope vasovagal: entenda a condição que levou Oscar, do São Paulo, à internação

por Redação
sincope-vasovagal:-entenda-a-condicao-que-levou-oscar,-do-sao-paulo,-a-internacao

São Paulo emite boletim médico sobre o estado de saúde do meio-campo Oscar
O meia Oscar, do São Paulo, está internado desde terça-feira (11) após apresentar uma alteração súbita durante exames de rotina no centro de treinamento.
O clube informou nesta quinta (13) que a investigação no Einstein Hospital Israelita confirmou um diagnóstico de síncope vasovagal, evento em que o corpo sofre uma queda abrupta de pressão arterial e frequência cardíaca, reduzindo temporariamente o fluxo de sangue para o cérebro.
Apesar do susto, o atleta segue clinicamente estável. Nesta sexta (14), deve passar por um estudo eletrofisiológico –um exame em que médicos analisam a condução elétrica do coração em detalhes para descartar qualquer arritmia que possa ter contribuído para o episódio.
A síncope vasovagal é reconhecida como a causa mais frequente de desmaios em adultos jovens e pessoas saudáveis.
O episódio costuma durar poucos segundos e a recuperação é rápida. Mas, quando ocorre em um atleta de alto rendimento, aciona uma série de protocolos clínicos para afastar causas cardíacas potencialmente graves.
Meio-campista do São Paulo, Oscar foi diagnosticado com síncope vasovagal
Marcello Zambrana/AGIF
O que acontece no corpo durante uma síncope vasovagal
Diferentemente de uma arritmia ou de uma obstrução cardíaca, a síncope vasovagal é provocada por um reflexo do sistema nervoso autônomo –a rede que controla funções involuntárias, como batimentos cardíacos, calibre dos vasos, pressão arterial e digestão.
Esse sistema funciona como uma balança entre duas forças:
Simpático: acelera o corpo, aumenta pressão e frequência cardíaca, libera adrenalina.
Parassimpático: reduz a frequência cardíaca, relaxa vasos e coloca o corpo em estado de repouso e libera a acetilcolina.
É daí que vem o nome vasovagal:
“vaso” se refere aos vasos sanguíneos, que se dilatam de forma súbita;
“vagal” se refere ao nervo vago, responsável por acionar o freio do sistema parassimpático.
Quando os dois efeitos acontecem juntos –vasodilatação + ação exagerada do vago– a pressão despenca, o coração desacelera e o fluxo de sangue para o cérebro cai.
Cirurgião cardiovascular da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Ricardo Katayose explica que a síncope vasovagal ocorre quando o parassimpático assume o controle de forma brusca e desproporcional.
“É como se o nervo vago, que é o principal condutor do parassimpático, puxasse um freio de mão fisiológico. Ele baixa a frequência do coração e derruba a pressão. O cérebro recebe menos sangue, e isso leva ao desmaio”, afirma.
Esse apagão costuma durar poucos segundos, mas o suficiente para que a pessoa caia no chão ou perca completamente a força muscular. Antes disso, muitos percebem sinais de alerta: visão borrada, zumbido, palidez súbita, sudorese, sensação de calor e náusea.
“Esses sintomas pré-síncope, os chamados pródromos, são fundamentais, porque permitem que a pessoa se sente ou se deite antes da queda. Uma parte importante do tratamento é justamente ensinar o paciente a reconhecer esses sinais”, diz Katayose.
Por que isso pode acontecer até em um atleta treinado?
A presença de um desmaio em um jogador profissional costuma gerar estranhamento, mas a síncope vasovagal nem sempre está ligada a doenças cardíacas estruturais e pode ocorrer em qualquer pessoa –inclusive em indivíduos saudáveis e com alto nível de condicionamento físico.
Segundo o cirurgião cardiovascular, pode aparecer mesmo em quem nunca teve episódios semelhantes.
“É uma condição relativamente comum, e algumas pessoas só manifestam pela primeira vez na fase adulta. Outras passam a apresentar depois de alguma outra condição cardíaca”, afirma.
No caso de Oscar, o São Paulo ressalta que o episódio ainda está sob investigação. Ainda assim, a síncope vasovagal pode ser desencadeada por:
esforço físico intenso;
dor ou estresse durante um exame;
desidratação;
calor excessivo;
mudanças bruscas de postura;
jejum prolongado;
distensão abdominal após comer;
ansiedade ou emoções fortes.
Médico checa a pressão de paciente: slow medicina alerta para o excesso de “pré-doenças”
Alterfines para Pixabay
Tem cura? E tratamento?
A abordagem do quadro envolve principalmente identificar e evitar gatilhos. Não existe um medicamento específico capaz de bloquear o reflexo vagal. A prevenção, portanto, é comportamental.
Segundo Katayose, orientações simples fazem diferença no dia a dia: se manter hidratado, fracionar refeições para evitar grande distensão abdominal, levantar-se devagar, evitar longos períodos em pé parado e reconhecer rapidamente os sinais prévios.
“Quando a pessoa percebe os pródromos –turvação visual, zumbido, tontura– o ideal é se sentar ou deitar antes que o desmaio se complete”, explica.
Embora cause perda de consciência, a síncope vasovagal costuma ser benigna.
“Dificilmente vai gerar algum problema grave. Diferentemente de uma arritmia maligna, na síncope vasovagal o cérebro se autorregula. É um choque momentâneo, o fluxo volta e a pessoa recupera”, afirma o especialista. O maior risco, segundo ele, costuma ser o trauma da queda.
Para quem presencia um episódio, as recomendações são objetivas: a pessoa deve ser deitada de costas e ter as pernas elevadas, o que aumenta o retorno de sangue ao coração e ao cérebro e acelera a recuperação.
“Levantar os membros inferiores ajuda a restabelecer a circulação. Depois, é importante esperar alguém apto a avaliar, porque nem sempre é possível distinguir uma síncope vasovagal de outras causas mais graves”, orienta Katayose.
O especialista afirma que, na dúvida, deve-se acionar atendimento médico. “Às vezes, a pessoa só vê alguém caindo e não sabe identificar. Na dúvida, acione o SAMU. Mas na maioria dos vasovagais, a recuperação é rápida”, diz.
Embora seja um quadro comum, a investigação detalhada é fundamental. Isso porque o diagnóstico de síncope vasovagal só é confirmado depois que outras causas cardíacas mais sérias são descartadas.
Uma vez confirmado, o manejo envolve ajustes na rotina. “É uma condição que exige entender o próprio corpo. Evitar gatilhos e aprender a agir nos primeiros sinais costuma resolver”, conclui o médico.

você pode gostar

SAIBA QUEM SOMOS

Somos um dos maiores portais de noticias de toda nossa região, estamos focados em levar as melhores noticias até você, para que fique sempre atualizado com os acontecimentos do momento.

CONTATOS

noticias recentes

as mais lidas

Jornal de Minas © Todos direitos reservados à Tv Betim Ltda®