PF prende ex-presidente do INSS e mais 8 na 4ª fase da operação que apura desvios de aposentadorias
A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (13) a 4ª fase da Operação Sem Desconto, que apura desvios em aposentadorias e pensões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Até o momento, nove dos 10 alvos de prisões determinadas pela Justiça já estão presos. Uma pessoa ainda não foi localizada pela Polícia Federal, mas as buscas continuam.
Entre os presos, estão o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e o ex-procurador do órgão Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho.
📄A Justiça expediu um novo mandado de prisão contra Antônio Carlos Antunes Camilo, conhecido como o “Careca do INSS”, figura central no esquema de desvios, segundo as investigações. Camilo, no entanto, já havia sido preso em 12 de setembro em outra fase da Operação Sem Desconto.
🔎As investigações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um esquema criminoso para realizar descontos irregulares de valores recebidos por aposentados e pensionistas do INSS, ocorridos no período de 2019 a 2024. Os desvios, conforme as apurações, podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Veja a lista de presos até a última atualização desta reportagem:
Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS;
Antônio Carlos Antunes Camilo, o “Careca do INSS”, figura central no esquema de desvios, que já havia sido preso anteriormente;
André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios e relacionamento com o cidadão do INSS;
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS;
Thaisa Hoffmann, empresária e esposa de Virgílio;
Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT);
Tiago Abraão Ferreira Lopes, diretor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), e irmão do presidente da entidade, Carlos Lopes;
Cícero Marcelino de Souza Santos, empresário também ligado à Conafer;
Samuel Chrisostomo do Bonfim Júnior, também ligado à Conafer.
O décimo alvo de prisão até o momento não foi localizado pelos policiais federais. As buscas continuam. Trata-se de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer.
Alessandro Stefanutto, Virgílio de Oliveira, Cícero Marcelino e Antônio Camilo, o ‘Careca do INSS’, estão entre os alvos de mandado de prisão expedidos pela Justiça
Montagem/g1
🚔Ao todo, as forças de segurança cumprem 63 mandados de buscas e outras medidas cautelares no Distrito Federal e em 14 estados:
➡️Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
🕵🏻♂️Os suspeitos são investigados pelos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de atos de ocultação e dilapidação patrimonial.
Entenda o esquema de fraudes
Ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto é preso pela PF em operação contra descontos ilegais
O caso foi revelado em 23 de abril, após a primeira fase da operação da Polícia Federal. De acordo com as investigações, os suspeitos cobravam mensalidades irregulares, descontadas dos benefícios de aposentados e pensionistas, sem a autorização deles.
💰O esquema consistia em retirar valores de beneficiários do INSS mensalmente, como se eles tivessem se tornado membros de associações de aposentados, quando, na verdade, não haviam se associado nem autorizado os descontos.
Segundo o ministro da CGU Vinícius de Carvalho informou à época, as associações envolvidas no esquema diziam prestar serviços como assistência jurídica para aposentados e ofereciam descontos em mensalidades de academias e planos de saúde, por exemplo, mas não tinham estrutura.
Ao todo, 11 entidades foram alvos de medidas judiciais. Os contratos de aposentados e pensionistas com essas entidades foram suspensos, segundo o ministro da CGU.
O ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT) pediu demissão após sua gestão entrar em crise por conta da investigação. Ele foi substituído pelo então secretário-executivo do órgão, Wolney Queiroz, atual titular da pasta.
Governo está devolvendo valores descontados
Em julho, o governo anunciou a devolução do dinheiro descontado a aposentados e pensionistas que tiveram desconto associativo não autorizado. O repasse está sendo feito em parcela única e sem lista de prioridades.
De acordo com o balanço mais recente divulgado pelo INSS, mais de 6 milhões de beneficiários afirmaram não ter reconhecido descontos feitos nos últimos anos – o que reduziu o valor que receberam de aposentadorias e pensões.
Desse total, 4,8 milhões que contestaram as cobranças (4.827.832 pessoas) estão aptos a aderir ao programa de devolução do dinheiro.
Nesta quarta (11), o governo prorrogou o prazo para contestar descontos indevidos. Os cidadãos que foram prejudicados pelo esquema terão até 14 de fevereiro de 2026 para pedir o dinheiro de volta.
🚨Atenção: a contestação de descontos que foram feitos nos pagamentos pode ser realizada somente por três canais:
Meu INSS (aplicativo ou site): serviço “Consultar Descontos de Entidades Associativas”;
Central 135: ligação gratuita, de segunda a sábado, das 7h às 22h;
Correios: mais de 5 mil agências oferecem atendimento assistido e gratuito.
O que dizem os investigados?
A defesa de Alessandro Stefanutto enviou a seguinte nota à imprensa:
“A defesa do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, vem a público esclarecer que:
Não teve acesso ao teor da decisão que decretou a prisão dele;
Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação;
Irá buscar as informações que fundamentaram o decreto para tomar as providências necessárias;
Segue confiante, diante dos fatos, de que comprovará a inocência dele ao final dos procedimentos relacionados ao caso”.
A defesa de Antônio Carlos Antunes Camilo, o Careca do INSS, afirmou que “desconhece o teor da decisão até o momento e que ele permanece detido desde setembro”. As defesas de Virgílio de Oliveira e Thaisa Hoffman disseram que eles não vão se manifestar.
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