Saiba como usar o CPAP, máscara para a apneia do sono
Uma das causas do ronco é a apneia obstrutiva do sono e o tratamento mais eficaz para ela é o uso do CPAP, um dispositivo usado durante o sono, que promove uma pressão contínua nas vias aéreas.
O uso do aparelho leva a uma melhora na qualidade de sono, na oxigenação e diminuição de risco cardiovascular. Mas o CPAP exige um ajuste adequado para o indivíduo e um tempo de adaptação. Confira no vídeo acima dicas da pneumologista e pesquisadora do Instituto do Sono Luciana Palombini para o uso do aparelho.
Uma pesquisa do Instituto do Sono, em São Paulo, revela que 64,5% da população da cidade autodeclara que ronca. Entre os homens, 72% relatam que roncam e o problema é mais comum na faixa dos 30 aos 49 anos. Entre as mulheres, 59% admitem o ronco e a maior incidência ocorre entre os 50 e 69 anos.
Dados da Academia Brasileira do Sono (ABS) revelam que 45% dos brasileiros referem algum problema de sono. Mas esse número pode chegar a atingir mais de 80%, dependendo do tempo e da abrangência das queixas, com prejuízos à saúde física e mental.
O ronco tira o sono de quem está por perto pode trazer sérias consequências para o roncador. Roncar não é normal e a causa precisa ser investigada.
Há uma tolerância cultural maior ao ronco dos homens do que ao das mulheres. Isso faz com que os homens busquem menos tratamento, mas eles não estão livres das consequências e riscos de não tratarem a condição.
A médica Monica Andersen, diretora do Instituto do Sono e uma das maiores pesquisadoras do mundo em Medicina do Sono, conversou com o podcast do Bem-Estar e tirou dúvidas sobre causas e tratamentos para o ronco.
Nesta reportagem você vai ver:
O que é o ronco?
Os impactos do ronco na saúde
Os principais fatores e causas ligadas ao ronco
Diagnóstico
Tratamentos
Qual é a melhor posição para evitar o ronco?
Crianças podem roncar?
Como saber se você ronca, se dorme sozinho?
O que o parceiro de quarto pode fazer?
Por que quem ronca geralmente não percebe?
1) O que é o ronco?
O ronco é o som produzido pelas vibrações das vias aéreas durante o sono. Ele ocorre quando o diâmetro dessas vias é estreito ou se estreita, seja por relaxamento da musculatura, questões anatômicas, comportamentais, hormonais ou outros, dificultando a entrada e saída do ar.
Muitas vezes, quem ronca não percebe e é o parceiro de quarto que costuma descobrir. O ronco é sinal de que há uma obstrução nas vias aéreas, não necessariamente está ligado à apneia obstrutiva do sono, que é caracterizada por pausas na respiração.
Todo ronco é um sinal de que algo não está normal e indica que há algum grau de obstrução da passagem de ar nas vias aéreas. Se a pessoa roncar durante o período de uma gripe, trata-se de um motivo passageiro. Mas o ronco frequente deve ser investigado.
2) Os impactos do ronco na saúde
Na qualidade do sono:
Fragmentação do sono
Redução na qualidade do sono e na quantidade de horas dormidas
Cansaço diurno frequente (sinal de que a qualidade e a quantidade do sono não estão boas)
Em relação à saúde de modo geral, o ronco aumenta os riscos de:
Diabetes, por causar alterações metabólicas
Doenças cardiovasculares, como hipertensão
Problemas sexuais
Problemas de pele
Comprometimento da memória
Irritabilidade
Depressão
Ansiedade
Dores no corpo
Acidentes por conta da privação do sono
Quando há também a apneia do sono, esses riscos aumentam e se agravam.
3) Os principais fatores e causas ligadas ao ronco
Sexo masculino: todos os motivos ainda não foram identificados. Uma razão é a presença de testosterona. Além disso, homens acumulam mais gordura no pescoço, o que contribui para a obstrução das vias aéreas.
Acúmulo de gordura nas vias respiratórias: a principal causa para esse acúmulo é a idade. Por isso, pessoas mais velhas costumam roncar mais. Fatores como obesidade e alterações hormonais também aumentam a gordura na região.
Idade avançada: também causa flacidez na região, contribuindo para o maior relaxamento da musculatura.
Sobrepeso e obesidade: com a condição, a pessoa também acumula gordura na região do pescoço, estreitando as vias respiratórias.
Alterações hormonais nas mulheres: na menopausa, há uma mudança na concentração e distribuição de gordura e a mulher passa a acumular mais gordura no abdômen e pescoço; na gravidez, além do acúmulo de gordura, o bebê acaba empurrando o diafragma e isso altera a respiração.
Uso de álcool: promove o relaxamento da via respiratória e, consequentemente, a obstrução.
Tabagismo: causa inflamação nas vias respiratórias e dificulta a respiração.
Posição de dormir: ao dormir de barriga para cima, ocorre um relaxamento maior das vias aéreas e a língua vai para trás, dificultando a passagem de ar (o melhor é dormir de lado).
Rinite, sinusite e alergias respiratórias: essas condições costumam obstruir o nariz, forçando a respiração pela boca e dificultando a passagem do ar.
Desvio de septo, estreitamento da via aérea superior, amígdalas grandes e pólipos nasais: esses fatores estruturais obstruem a passagem do ar.
Queixo retraído: obstrui a passagem do ar por uma questão anatômica.
4) Diagnóstico
Para diagnosticar ronco e apneia do sono, é necessário passar por um médico especialista em medicina do sono. O médico fará uma avaliação clínica das vias aéreas e poderá solicitar uma polissonografia, exame que monitora o sono da pessoa e diagnostica alterações mais graves como apneia do sono.
A polissonografia ajuda a verificar quando a pessoa ronca – se é só de lado, se é só de barriga para cima ou se ocorre mais nas primeiras horas do sono, por exemplo.
5) Tratamentos
Entre os tratamentos, estão medidas comportamentais, uso de aparelhos e até cirurgia:
Medidas comportamentais:
Parar de fumar
Reduzir o consumo de álcool
Perda de peso
Dormir de lado: uma dica antiga é costurar um bolso atrás do pijama e colocar uma bola de tênis, para que a pessoa evite dormir de barriga para cima.
A prática regular de atividade física e alimentação balanceada livre de ultraprocessados também ajudam. Com isso, a pessoa consegue controlar melhor o peso e promover bem-estar geral, fundamental para uma boa qualidade do sono.
➡️Uma pesquisa recente mostrou que glutamato monossódico, presente em muitos alimentos ultraprocessados, pode agravar a apneia do sono.
Aparelhos e dispositivos (sempre prescritos por um especialista):
CPAP é um dispositivo usado durante o sono, que promove uma pressão contínua nas vias aéreas
Adobe Stock
Aparelho intraoral: reposiciona a língua para frente
CPAP: máscara que mantém as vias aéreas abertas com pressão de ar (programada para cada paciente). A Academia Americana indica o Cpap para quem tem apneia moderada a grave, com ronco associado.
Cirurgia:
• Considerada apenas em casos específicos. Somente o ronco, sem apneia ou obstrução grave, normalmente não é indicação para cirurgia.
❌ Produtos que fazem sucesso na internet, mas não funcionam para tratar ronco e apneia:
Dilatadores nasais (internos e externos)
Clip nasal
Adesivo labial
Faixa queixeira antirronco (não funciona isoladamente)
Como fazer a higiene do sono? Veja quais são os maiores inimigos de uma noite restauradora
6) Qual é a melhor posição para evitar o ronco?
Dormir de lado é a melhor posição para evitar ou diminuir o ronco. A posição de barriga para cima é a pior.
7) Crianças podem roncar?
Sim, mas não é normal crianças roncarem. É essencial consultar um pediatra especializado em sono, para identificar e tratar as causas.
8) Como saber se você ronca, se dorme sozinho?
O indivíduo pode gravar a noite de sono ou mesmo utilizar aplicativos de gravação do sono. É importante observar sinais de sonolência excessiva durante o dia, sono fragmentado e boca seca.
A apneia obstrutiva do sono, que atinge 40,6% da população masculina da cidade de São Paulo, é acompanhada de ronco. Nesse caso, que é mais evidente e mais grave do que somente o ronco isolado, a pessoa acorda com boca seca.
9) O que o parceiro de quarto pode fazer?
A pessoa pode ajudar quem está roncando a mudar de posição, a virar de lado, mas é ruim acordar a pessoa por conta disso. O ideal é buscar o diagnóstico e tratamento.
10) Por que quem ronca geralmente não percebe?
Geralmente o roncador não ouve porque durante o sono o nosso limiar auditivo é menor. O ronco precisaria ser muito alto para despertar o indivíduo. Mas às vezes, o roncador acaba acordando porque ele se engasga.
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