Relator da PEC da Segurança admite revisitar prisão após condenação em 2ª instância

Relator da PEC da Segurança admite revisitar prisão após condenação em 2ª instância


Relator da PEC da Segurança defende revisitar prisão após condenação em 2ª instancia
O deputado Mendonça Filho (União-PE), relator da PEC da Segurança na Câmara dos Deputados, defendeu que a prisão após condenação em 2ª instância “precisa ser revisitada” pelo Congresso. Em entrevista ao Estúdio i, ele afirmou que a impunidade é uma das principais causas do aumento da violência no Brasil e que pretende incluir a discussão em seu parecer sobre a proposta.
“A questão da prisão a partir da condenação em segunda instância considero importante, ou pelo menos de órgão colegiado. A gente precisa refletir sobre isso”, disse o deputado. “A impunidade é uma das causas do aumento da violência no Brasil”, completou.
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Mendonça Filho usou dados sobre a baixa elucidação e punição de homicídios para justificar sua posição.
“Cometer um crime de homicídio no Brasil é muito barato. Apenas 40% dos homicídios cometidos no Brasil são identificados. E apenas cerca de 10% vão para a cadeia. Imagina que ‘prêmio’ que é dado para quem tira a vida do outro?”, questionou. “Isso é inaceitável. Isso é uma sociedade que está no limite daquilo que pode ser uma barbárie”, afirmou.
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Crítica à centralização total: ‘Impraticável’
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O deputado também fez críticas à proposta do governo federal de centralizar totalmente o combate ao crime organizado a partir de Brasília. Ele classificou a ideia como “impraticável”, argumentando que a estrutura atual, com a Polícia Federal (PF) focada em crimes interestaduais e internacionais, já é adequada e prevista em lei.
Por outro lado, ele elogiou o governo por “abrir um debate” sobre o tema da segurança, considerado prioritário pela sociedade, mas discordou frontalmente da solução de centralização proposta pelo Executivo. O principal argumento é a dimensão do Brasil e a estrutura federativa.
“A gente não pode, de forma alguma, a pretexto de combater o crime, centralizar toda a prática de combate ao crime no Brasil a partir de Brasília, porque isso é impraticável”, afirmou. “A gente vive num país de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados, mais de 200 milhões de habitantes, 27 unidades da federação, 5.500 municípios. Isso seria impraticável, impossível e não iria dar certo”, completou.
Ele também questionou a capacidade operacional da PF para assumir tal encargo de forma exclusiva. “Imaginar que um pouco mais de 10 mil homens da Polícia Federal vai dar conta do tráfico de drogas a nível nacional do Brasil, isso é realmente platitude, é vender terra na lua”, declarou.
PF já tem papel definido, diz deputado
Mendonça Filho argumentou que a legislação atual já define o papel da União no combate ao crime.
“Essa possibilidade e essa atuação [federal contra o crime interestadual] ela já é permitida pela legislação e a própria Constituição não só permite como atribui à Polícia Federal competência para enfrentar o crime organizado dessa magnitude”, disse.
Para ele, “não falta legislação para que você possa enfrentar o crime” dessa forma. O caminho, segundo o relator, é fortalecer a cooperação entre a União, estados e municípios, e não a centralização.
Entenda a PEC da Segurança
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública foi enviada pelo governo Lula ao Congresso em abril de 2025. O principal objetivo é criar um sistema nacional mais integrado, fortalecendo a coordenação federal no combate ao crime organizado, especialmente tráfico de drogas, armas e facções com atuação interestadual ou internacional.
A ideia central é reforçar o papel da União na articulação entre as polícias federal, estaduais e municipais, facilitando a atuação federal em investigações complexas que ultrapassem as fronteiras dos estados e fortalecendo o Sistema Único de Segurança Pública (Susp).

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