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PT tenta resgatar discurso antissistema, mas transformar o Congresso no inimigo do povo é dar presente à oposição

por Redação
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Ao defender a taxação BBB, mais impostos para bilionários, bets e bancos, o partido ganha o que faltava até agora: um discurso de palanque de 2026. Presidente Lula
TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
A crise do governo Lula com o Congresso Nacional nas últimas semanas levou o Partido dos Trabalhadores (PT) a mirar o que já foi na décadas de 1980 e 1990: um partido que prometia lutar contra o sistema. Hoje, no Brasil e em grande parte do mundo, é a extrema-direita que representa os eleitores que aspiraram a implosão do que chamam de “sistema”. Ou como costumava citar Brizola, “contra todo esse estado de coisas que está aí”.
Depois de décadas no poder, a esquerda brasileira perdeu esse discurso e representa o “status quo”. Ela é o sistema.
Ao defender a taxação BBB, mais impostos para bilionários, bets e bancos, o partido ganha o que faltava até agora: um discurso de palanque de 2026. E isso já animou a militância e pautou a oposição nas redes sociais, o que não é pouca coisa. Mas como em qualquer estratégia política, a dosagem é que vai dizer se o remédio virou veneno.
E esse limite entre o que cura e o que mata é muito claro: quando o discurso antissistema vira discurso antipolítica não há salvação para ninguém do ramo da política. Principalmente para quem está no poder.
Ao incentivar a militância a levantar nas redes sociais as palavras de ordem (hashtags) “ricos paguem a conta” ou “taxação para super ricos”, o PT está jogando dentro das regras da política. Até mesmo quando brada “Hugo Motta não se importa” não se pode acusar o PT de estar negando a política. Está elegendo um inimigo bem poderoso. É arriscado, mas não é pregação antipolítica.
Mas quando levanta a hashtag “Congresso Inimigo do Povo”, o PT entra no mesmo território do bolsonarismo. Elege um poder como alvo a ser destruído, implode pontes e nega a política. Para quem tem dúvidas, é só fazer o seguinte exercício de ficção: um militante bolsonarista levantaria a hashtag “STF inimigo do povo”? É a mesma lógica.
O Congresso não é um prédio. São partidos. Se o MDB, o PP, o União Brasil, o Republicanos e o PSD são inimigos do povo, significa que o PT vai caminhar sozinho em 2026? Para quem o PT vai pedir apoio para aprovar a reforma de Imposto de Renda, anistiando do Leão quem ganha até 5 mil reais? Aos inimigos do povo?
É legítimo que o partido lute contra as flagrantes injustiças tributárias do país, utilizando-se inclusive de sua visão de luta de classes, de pobres contra ricos. Mas mimetizar a extrema-direita, substituindo apenas o STF pela Câmara como inimigo do povo, é se negar a aprender com a história. E ela ensina: foi a negação da política que levou os militares ao poder em 1964 e, anos depois, a extrema direita em 2018, com Bolsonaro, o fake antissistema à frente.
Historicamente, a antipolítica nunca fez bem à democracia. E o PT se elegeu em 2022 com os votos de quem queria preservá-la.

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