O líder do PT na Câmara dos Deputados, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), apresentou nessa quarta-feira (22) um recurso ao plenário contra a decisão do Conselho de Ética que arquivou um processo que pedia a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por suposta atuação no exterior contra instituições.
A decisão pelo arquivamento foi tomada ainda na quarta, por 11 votos a 7. O colegiado acompanhou o parecer do deputado delegado Marcelo Freitas (União-MG).
O parlamentar defendeu arquivar a ação sob a justificativa de que estava defendendo “o sagrado direito que o parlamentar tem de se manifestar”.
Conselho de Ética arquiva pedido de cassação contra Eduardo Bolsonaro
O recurso enviado ao plenário da Casa contra a decisão do Conselho de Ética pelo arquivamento reuniu 86 assinaturas de parlamentares – número superior as 52 exigidas pelo regimento interno da Casa.
No documento, é defendido que “o parecer do relator padece de erro de premissa ao confundir a liberdade de expressão do parlamentar com licença para incitar o descrédito das instituições da República, afrontando a independência e harmonia entre os Poderes e atentando contra o Estado Democrático de Direito”.
O recurso diz ainda que a conduta de Eduardo Bolsonaro é incompatível com o decoro parlamentar.
Ainda, segundo o documento, a atuação do parlamentar vai contra a “dignidade do mandato”, “desrespeita as instituições” e “compromete a imagem da Câmara dos Deputados perante a sociedade brasileira e a comunidade internacional”.
Deputado federal Eduardo Bolsonaro na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle em 28 de novembro de 2023
Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
Outras denúncias
Além deste caso, o deputado Eduardo Bolsonaro também foi denunciado em outras três representações. Os processos relacionados a estes casos ainda não foram abertos pelo Conselho de Ética.
As denúncias chegaram ao órgão, mas foram enviadas novamente ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O conselho pediu a Motta que analise se há possibilidade de elas caminharem de forma conjunta. O paraibano ainda não respondeu.
De acordo com o presidente do Conselho de ética, Fabio Schiochet (União-SC), a expectativa é que o pedido seja analisado até esta sexta-feira (24).
Faltas
Eduardo está morando nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano. Até o mês de julho, ele estava afastado do mandato por conta de uma licença, que trava a contagem de faltas no período.
Com o fim da licença e volta dos trabalhos da Câmara dos Deputados em agosto, o parlamentar começou a contabilizar faltas não justificadas e corre o risco de perder o mandato por excesso de faltas.
De acordo com o regimento da Câmara, um parlamentar perderá o mandato se deixar de ir a um terço — ou mais — das sessões de votações ao longo do ano. A punição, no entanto, não deve ser aplicada ou analisada neste ano.
Em uma manobra, aliados da família Bolsonaro tentaram recorrer a um entendimento da direção da Câmara, que abona faltas para parlamentares em cargos de liderança, e indicaram Eduardo para exercer a liderança da minoria.
A tática foi frustrada por uma decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que rejeitou a indicação. Com isso, Motta abriu caminho para que as faltas de Eduardo Bolsonaro continuem sendo contabilizadas.
PT recorre de decisão do Conselho de Ética que arquivou pedido de cassação de Eduardo Bolsonaro
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