Preço do petróleo sobe diante do risco de bloqueio do Estreito de Ormuz pelo Irã

Preço do petróleo sobe diante do risco de bloqueio do Estreito de Ormuz pelo Irã

A medida ainda precisa do aval do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei. Mesmo assim, a possibilidade de bloqueio já gera preocupação com a oferta global da commodity, pressionando os preços para cima.

Veja a variação nos preços nesta segunda:

  • ▶️ O barril tipo Brent (referência global) sobe 1,78%, cotado a US$ 76,82.
  • ▶️ O petróleo WTI (referência nos EUA) avança 1,86%, cotado a US$ 75,21.

O estreito é responsável pelo fluxo de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente. Além disso, a via marítima é crucial para o transporte de gás natural liquefeito (GNL), com iguais 20% do comércio mundial.

O fechamento da rota pode afetar a oferta da commodity no mercado global, fazendo o preço do barril de petróleo disparar ainda mais.

‘Fechamento do Estreito de Ormuz vai trazer transtornos para várias regiões do mundo’, afirma André Perfeito

Alta nos preços

Para o economista André Perfeito, os preços do petróleo podem subir, incialmente, cerca de 20% em caso de fechamento do Estreito de Ormuz, chegando a uma cotação próxima de US$ 92 o barril.

Segundo ele, os preços devem disparar ainda mais caso o conflito se estenda ao longo dos próximos dias. Nesse caso, o economista estima que o barril poderá avançar até 40%, acima de US$ 110. Seria um nível próximo ao pico de 2022, quando se intensificaram os conflitos entre Rússia e Ucrânia.

No início do conflito entre Israel e Irã, analistas do JPMorgan chegaram a afirmar que, no pior cenário, o fechamento do estreito ou uma retaliação por parte dos principais produtores de petróleo da região poderia elevar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 por barril.

“A reação vai na direção esperada [no início das negociações desta segunda]. Contudo, há a percepção que o Irã não deve escalar [o conflito] e fechar o Estreito de Ormuz. Se isso for verdade, as variações devem ser limitadas”, diz Perfeito.

‘Artéria’ do trânsito mundial de petróleo

Estreito de Ormuz — Foto: Arte/g1

O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico (ao norte) com o Golfo de Omã (ao sul), e “deságua” no Mar da Arábia. Na sua parte mais estreita, a via tem 33 km de largura, com canais de navegação de apenas 3 km em cada direção.

Cerca de 20% de todo o consumo mundial de petróleo passam pela rota. Entre o início de 2022 e maio deste ano, fluíram diariamente pelo local de 17,8 a 20,8 milhões de barris por dia de petróleo bruto, condensado ou combustível, segundo a plataforma de monitoramento marítimo Vortexa.

Membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam a maior parte do seu petróleo através do estreito, principalmente para a Ásia.

Os Emirados Árabes e a Arábia Saudita buscam rotas alternativas para não depender do estreito. O Catar, um dos maiores exportadores mundiais de gás natural liquefeito, envia quase toda sua produção através da rota marítima.

Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, havia cerca de 2,6 milhões de barris por dia de capacidade ociosa nos oleodutos existentes desses países, que poderiam ser usados para contornar Ormuz (em dados de junho do ano passado).

O ataque dos EUA

“Os EUA fizeram um ataque de alta precisão contra as três principais instalações nucleares do Irã: Fordow, Natanz e Isfahan. Todos guardem esses nomes, porque foi um ataque com o objetivo de destruir a capacidade nuclear iraniana. Para que deixem de ser uma ameaça nuclear e do terror”, disse.

“Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã. Que cessem os ataques que vimos nos últimos oito dias. Hoje foi o dia mais difícil de todos, e talvez o mais letal. Mas se a paz não vier rápido, nós vamos continuar atacando com precisão e habilidade”, acrescentou.

A entrada dos EUA na guerra aconteceu após uma semana de combates aéreos entre Israel e Irã. Nos últimos dias, Israel já tinha anunciado uma operação para destruir alvos nucleares iranianos. O Irã retaliou com mísseis contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.

Navio passa pelo estreito de Ormuz — Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed/File Photo

Postagens relacionadas

Conheça os influenciadores LGBT rurais, que ignoram o preconceito

Bolsas da Ásia têm altas e baixas após ataque dos EUA ao Irã, com risco de bloqueio no Estreito de Ormuz

Consulta ao 2º lote de restituição começa nesta segunda