No Rio de Janeiro, manifestação aconteceu em março e o público estimado por pesquisadores indicaram 18,3 mil pessoas presentes. No ato em São Paulo, no último domingo (29), o público, segundo o Monitor do Debate Político, foi de 12,4 mil pessoas no ápice. Manifestação em Copacabana pede anistia para envolvidos nos atos de 8 de janeiro
Betinho Casas Novas / TV Globo
A Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ) admitiu, por meio da Lei de Acesso à Informação, que não utilizou tecnologia, mas foi com base no “olhômetro” que estimou, no dia 16 de março, a presença de 400 mil pessoas no ato comandando pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para pedir anistia para ele e outros envolvidos no ataques de 8 de janeiro de 2023.
O ato estava claramente esvaziado e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) foram atacados nas redes porque contaram 18,3 mil pessoas presente no ápice da manifestação. A USP, ao contrário da PM, usa tecnologia para fazer seus cálculos.
Bolsonaro voltou a fazer manifestação neste domingo (29) na Avenida Paulista, em São Paulo, e segundo os pesquisadores da USP, por meio do Monitor do Debate Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o público foi de 12,4 mil pessoas. A PM de São Paulo, ao contrário da do PM do Rio, não forneceu nenhuma estatística para o evento.
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A PM fluminense não divulgava estimativas de público em atos políticos desde 2013, mas quebrou o protocolo e divulgou um número considerado absurdo até por integrantes da própria cúpula da PM ouvidos pelo blog. A ordem partiu do Palácio Guanabara.
Para obter as informações sobre o método usado pela polícia fluminense, o blog fez um pedido via Lei de Acesso à Informação em 17 de março — um dia após a manifestação. Por lei, a PM deveria responder em 30 dias, mas a resposta só chegou no dia 16 de junho, com dois meses de atraso.
De acordo com a resposta da PM, o método da corporação é bem mais simples.
“A Secretaria de Estado de Polícia Militar (SEPM) agradece o contato e informa que o quantitativo de pessoas foi aferido por meio de imagens áreas feitas pelas Aeronaves do Grupamento Aeromóvel da Corporação e também pelas equipes em solo, que monitoraram o acesso à região onde acontecia a manifestação desde o seu início até o término do evento com a finalidade de monitorar a quantidade de pessoas para verificar se o efetivo policial empregado estaria adequado, e para uso Institucional”.
A estimativa da PM foi publicada no perfil da corporação no X (antigo Twitter), e teve grande repercussão na época. Até agora, o post já teve 11,9 milhões de visualizações, enquanto o perfil da corporação possui pouco mais de 373 mil seguidores.
Já o método de pesquisadores da USP é baseado em pesquisa e inteligência artificial.
Segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, foram tiradas 66 fotos da praia de Copacabana em quatro horários diferentes (10h, 10h40, 11h30 e 12h). Seis fotos tiradas ao meio-dia fora, momento de pico da manifestação, foram selecionadas. As imagens cobriam toda a extensão da manifestação, sem sobreposição.
Para o cálculo da multidão, foi utilizado o método Point to Point Network (P2PNet). No método, um drone tira fotos aéreas da multidão e o software analisa essas imagens para identificar e marcar automaticamente as cabeças das pessoas. Usando inteligência artificial, o sistema localiza cada indivíduo e conta quantos pontos aparecem na imagem.
Segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital, esse processo garante uma contagem precisa, mesmo em áreas densas. O método atualmente possui uma precisão de 72,9% e uma acurácia de 69,5% na identificação de indivíduos. Na contagem de público, o erro percentual absoluto médio em imagens aéreas com mais de 500 pessoas é de 12 pontos para mais ou para menos.
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