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Ofensiva “pobres x ricos” nasceu de ação de caciques do PT e foi incorporada pelo Planalto

por Redação
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A organização da estratégia foi puxada por Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um dos aliados mais próximos do presidente Lula; Jilmar Tatto, secretário de comunicação do PT; e Otávio Antunes, publicitário que atua em campanhas eleitorais do PT e mantém relação próxima com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ofensiva digital governista para defender que o “andar de cima” pague mais impostos, com enfrentamento explícito ao Congresso Nacional e mobilização agressiva nas redes sociais, surgiu a partir de uma articulação capitaneada por caciques petistas que viam um governo Lula enfraquecido e sem alternativas diante do emparedamento do Legislativo.
A mobilização digital surgiu de fora para dentro, ou seja, não foi coordenada a partir do Palácio do Planalto. O movimento foi impulsionado pela militância petista e por influenciadores do campo de esquerda. A partir daí, o Planalto decidiu intensificar a retórica nesta mesma direção.
Três figuras da cúpula petista puxaram a organização da estratégia: Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um dos aliados mais próximos do presidente; Jilmar Tatto, deputado federal por São Paulo e Secretário de Comunicação do PT; e Otávio Antunes, publicitário que atua em campanhas eleitorais do PT e mantém relação próxima com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Campanha na internet com ataques ao Congresso provoca preocupação e apelos por moderação
Jornal Nacional/ Reprodução
As conversas começaram no início do ano, diante de um diagnóstico dos envolvidos de que o governo Lula estava enfraquecido, sem uma pauta clara e emparedado pelo Centrão. O objetivo era articular a atuação do campo nas redes sociais, algo que o partido nunca conseguiu fazer de forma coordenada.
A ofensiva envolveu o partido, o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo, também ligada ao PT. Okamotto decidiu organizar a militância por meio de uma espécie de consórcio de comunicadores digitais.
Em março, Tatto encomendou a Otávio Antunes pesquisas de opinião para reposicionar o discurso do PT. Um dos temas abordados foi a proposta de reforma da renda, com isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000, apresentada pelo governo ao Congresso no início do ano.
Os levantamentos indicaram a perda de apelo popular das políticas sociais que marcaram os primeiros governos petistas, como o Bolsa Família. Também mostraram que, para a população, bancos, ricos e empresas de apostas esportivas estão entre aqueles que mais atrapalham a ascensão social e o progresso das famílias.
Daí surgiu a campanha “Taxação BBB – Bancos, Bets e Bilionários”. Os resultados mostraram que há grande preocupação entre os evangélicos com o avanço das bets, seja pelo endividamento das famílias decorrente do jogo ou pelo afastamento dos fiéis das igrejas.
Na sequência, o PT decidiu contratar empresas de comunicação e publicidade ligadas a militantes ou simpatizantes da sigla para produzir conteúdos para as redes sociais, utilizando, inclusive, Inteligência Artificial. E passou a organizar encontros virtuais com influenciadores e militantes em vários estados brasileiros. A ideia é manter a mobilização até as eleições.
O material da campanha ficou pronto em junho, já em meio à crise do IOF. A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, de pautar a derrubada do decreto do governo, precipitou a divulgação das peças de Inteligência Artificial. A decisão de antecipar foi de Tatto. A leitura entre os petistas é que “juntou a fome com a vontade de comer”.
Ataques ao Congresso não faziam parte da campanha
As peças divulgadas pelo PT não contêm ataques pessoais a Motta ou mesmo um discurso agressivo contra o Congresso, mas outros vídeos apócrifos feitos por IA, compartilhados por influenciadores pró-governo, trazem sátiras com o presidente da Câmara, acusando Motta de não se importar com os mais pobres e defender os ricos.
A repercussão desses vídeos acendeu o alerta no Palácio do Planalto. Na última quarta-feira (2), a ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, telefonou para Motta para se solidarizar e dizer que o governo não tinha relação com estes vídeos. A ministra também ligou para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e para líderes no Congresso.
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Gleisi e o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo, fizeram postagens nas redes sociais para se solidarizar com Motta e repudiar os vídeos apócrifos. Segundo aliados de Motta, o presidente da Câmara ficou incomodado com as peças. No entorno dele, há uma percepção de que o governo está por trás do material.
Auxiliares de Lula afirmam que o governo não quer transformar a defesa da justiça tributária num enfrentamento institucional com o Congresso Nacional, mas admitem que é difícil calibrar o discurso e controlar a militância.
A pauta unificou alas do governo que viviam às turras. Lula já definiu que esta será a sua principal bandeira daqui para 2026 e que o governo não deve abrir mão desse discurso.
Nos corredores do Planalto, o comentário é que, pela primeira vez desde o início do terceiro mandato, o governo conseguiu sair da defensiva nas redes sociais e pautar o debate. Por outro lado, há receio de que a ofensiva destrua completamente as pontes com o Congresso.

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