O governo, que estava dividido, se uniu na defesa da ‘justiça tributária’, mas assessores mais moderados aconselham baixar o tom. Presidente Lula dá entrevista coletiva à imprensa em 03/06/2025
Ton Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo
Diante da derrota no Congresso Nacional com a derrubada do decreto do IOF, o governo Lula, até então dividido, se uniu no discurso “ricos contra pobres”.
Fernando Haddad, que estava isolado, encampou o tom e fez um duro ataque nesta segunda-feira (30) ao ex-presidente Bolsonaro e mandou indiretas para o Congresso que derrotou seu decreto.
Dentro do governo, o discurso é um só, o presidente Lula tem todo o direito de recorrer ao STF porque não exorbitou de suas funções e, além disso, sua medida é vista como uma “justiça tributária” ao cobrar impostos mais altos de quem tem mais para proteger quem tem menos.
Ao elevar o tom, Haddad perde, na avaliação de aliados no Congresso, a condição de interlocutor com o Legislativo, função que terá de ser mesmo, dizem interlocutores, do presidente da República.
Haddad diz que recorrer contra a derrubada do aumento do IOF não é ataque ao Congresso
Assessores mais moderados temem, porém, o tom de confronto que alguns estão assumindo.
Essa ala do governo lembra que o discurso “ricos contra pobres” mobiliza e muito a militância, mas afasta o eleitor de centro que foi fundamental para garantir a vitória de Lula em 2022.
Ganhar esse debate reforça Lula junto a seu grupo, mas aumenta o risco de derrota no próximo ano.
Por isso, aliados de Lula aprovam o discurso da “justiça tributária”, mas reforçam que o governo precisa fazer acenos na direção do eleitor de centro. Sem ele, não se ganha a eleição.
Assessores presidenciais estão atentos a isso, mas avaliam que, neste momento, virou uma questão de montar um discurso para se defender da ofensiva do Centrão.
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