Moraes manda prender ex-assessor de Bolsonaro

Moraes manda prender ex-assessor de Bolsonaro


Segundo a Polícia Federal, Marcelo Câmara descumpriu medidas cautelares. Ministro do STF determinou ainda investigação sobre advogado. Ex-assessor de Bolsonaro está preso e sob custódia da Polícia Federal
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão do ex-assessor especial da Presidência da República, Marcelo Costa Câmara, que trabalhou com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Câmara foi preso em Sobradinho, cidade do Distrito Federal. Ele era um dos assessores mais próximos de Bolsonaro.
Segundo Moraes, Câmara descumpriu medidas cautelares impostas no inquérito que apura a atuação de uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado.
Coronel Marcelo Câmara e Jair Bolsonaro
Reprodução e REUTERS/Adriano Machado
Ainda de acordo com o ministro, o comportamento revela “completo desprezo por esta SUPREMA CORTE e pelo Poder Judiciário”.
O ministro cita informações prestadas pela própria defesa de Câmara que indicam o descumprimento de duas determinações expressas: a proibição de utilização de redes sociais, seja de forma direta ou indireta, e a vedação de manter qualquer tipo de contato com os demais investigados, inclusive por intermédio de terceiros.
Para Moraes, as evidências apontam para a continuidade das práticas ilícitas investigadas e podem agravar a situação processual de Câmara no processo da tentativa de golpe.
Investigação do advogado
Moraes também determinou a abertura de um inquérito para investigar o advogado Eduardo Kuntz, que atua na defesa de Marcelo Costa Câmara, ex-assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro.
Moraes vê indícios de tentativa de obstrução da investigação que apura uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado.
Segundo o despacho, “a tentativa, por meio de seu advogado, de obter informações então sigilosas do acordo de colaboração premiada de Mauro César Barbosa Cid indicam o perigo gerado pelo estado de liberdade do réu Marcelo Costa Câmara, em tentativa de embaraço às investigações”.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, nesta terça-feira (17), Kuntz disse que conversou com Cid via Instagram porque foi procurado por ele — e não o procurou — e porque estava fazendo uma “investigação defensiva”, para defender os interesses de seu cliente, Marcelo Câmara.
Novo depoimento de Cid
Moraes também determinou novo depoimento do delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens.
Moraes determinou a abertura de um novo inquérito sobre Câmara e seu advogado, Eduardo Kuntz, por causa de conversas que Kuntz manteve com o delator Mauro Cid por meio de uma rede social, o Instagram.
Nessas conversas, Kuntz pergunta detalhes do que Cid falou em sua delação e dá sugestões de como o delator deveria se referir a Marcelo Câmara nos depoimentos à PF. Kuntz também pergunta diversas vezes a Cid se o acordo de delação foi firmado espontaneamente ou se o ex-ajudante de ordens sofreu pressão ou ameaças dos investigadores.
Como colaborador, Cid não poderia ter conversado sobre sua delação, que tem cláusula de confidencialidade. Além disso, os investigados estavam proibidos de conversar entre si, mesmo que por meio de intermediários. Moraes entendeu que essa conversa entre Cid e o advogado Kuntz infringiu essa proibição.

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