Julgamento do golpe: Braga Netto apresenta recursos ao STF e alega falhas no processo

Julgamento do golpe: Braga Netto apresenta recursos ao STF e alega falhas no processo


Braga Netto apresenta recurso ao STF
O general Walter Braga Netto, condenado a 26 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, apresentou nesta segunda-feira (27) embargos de declaração em que aponta falhas e omissões no julgamento conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Esta segunda é o último dia para as defesas apresentarem os recursos.
🔍Embargos de declaração são um tipo de recurso que serve para contestar aspectos formais da condenação e esclarecer pontos específicos. Geralmente, mudam pouco o tamanho da pena.
Na petição, a defesa afirma que a condenação decorreu de um processo “sem a necessária imparcialidade”, baseado em uma “delação comprovadamente mentirosa” e conduzido em “franca violação ao contraditório e à ampla defesa”.
Os advogados pedem que o STF reconheça omissões, contradições e erro material no acórdão que selou a pena.
Entre os pontos levantados, a defesa alega que:
Moraes seria suspeito para julgar o caso, por ter adotado uma postura “inquisitória” e por ter impedido a defesa de participar de fases da instrução.
O julgamento teria se baseado em provas volumosas liberadas em cima da hora — cerca de 80 terabytes de dados — impossíveis de analisar a tempo.
Houve erro na soma das penas, que, segundo os advogados, deveriam totalizar 25 anos e 6 meses, e não 26 anos
A delação do tenente-coronel Mauro Cid seria nula, por falta de voluntariedade e coerência entre as declarações.
Dois crimes equivaleriam a um
O documento ainda questiona a forma como o STF tratou a coexistência dos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, que, segundo a defesa, deveriam ser absorvidos um pelo outro, evitando dupla punição.
O que pesou contra Braga Netto
Braga Netto foi interrogado por videoconferência sobre trama golpista
Reprodução
De acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, que o STF entendeu procedente, Braga Netto integrava o núcleo central da organização formada para o golpe, com influência política e militar.
A PGR citou como prova documentos como a chamada Operação 142, apreendida em sua assessoria, que previa ofensivas contra o STF e decretos de exceção para impedir a posse de Lula.
Próximos passos
O STF não tem prazo para julgar os recursos. Eles são enviados ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que pode pedir manifestação da Procuradoria-Geral da República.
A expectativa é que Moraes já peça para o presidente da Primeira Turma, ministro Flávio Dino, que o julgamento dos questionamentos seja marcado.
Após a análise desses recursos, os advogados ainda podem entrar com um segundo embargo de declaração.
O Supremo tem como entendimento que, se os embargos seguintes forem considerados protelatórios, já pode ser determinada a execução da pena, ou seja, a prisão.
No STF, a expectativa é de que os recursos sejam analisados até o fim do ano, o que permitirá já o início do cumprimento da pena.
Infográfico – Veja as penas dos condenados no julgamento da trama golpista.
Arte/g1

Postagens relacionadas

Senado aprova proposta que amplia razões para prisões preventivas e altera regras de audiências de custódia

Defesa diz que Rio solicitou, em janeiro, blindados após morte de militar da Marinha

Tarcísio vai ao STF reclamar de decisão da Justiça do Rio que beneficia Refit