IPCA: preços sobem 0,24% em junho e país estoura meta de inflação

IPCA: preços sobem 0,24% em junho e país estoura meta de inflação

Com o resultado, ficou confirmado que o Brasil descumpriu a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Pela nova regra da meta contínua — em vigor desde janeiro — há descumprimento quando a inflação oficial fica fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.

E foi exatamente o que ocorreu: de janeiro a junho, o IPCA acumulado em 12 meses superou o teto de 4,5%. No período encerrado em junho, a inflação somou 5,35%, bem acima do limite do sistema de metas. (veja abaixo os grupos e itens que mais contribuíram para o estouro da meta)

🔎 A meta central de inflação é de 3% ao ano, com uma banda de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, a inflação pode variar entre 1,5% e 4,5% sem que a meta seja considerada oficialmente descumprida.

“Com alta de 6,93% no primeiro semestre do ano, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias, registrando o principal impacto positivo individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado de 2025. Esta variação é a maior para um primeiro semestre desde 2018, quando foi de 8,02%”, destaca Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

O especialista destaca que a trajetória da energia em 2025: “no início do ano, com o bônus de Itaipu, houve queda em janeiro, reversão em fevereiro e, depois, bandeira verde. No mês passado, entrou em vigor a bandeira amarela e, agora, a vermelha”, explica.

Veja o resultado dos grupos do IPCA em maio

Oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

  • Habitação: 0,99%
  • Artigos de residência: 0,08%;
  • Vestuário: 0,75%;
  • Transportes: 0,27%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,07%;
  • Despesas pessoais: 0,23%;
  • Educação: 0,00%;
  • Comunicação: 0,11%.

Apenas um item dos grupos pesquisados teve queda:

  • Alimentação e bebidas: -0,18%

O que contribuiu para o estouro da meta

Segundo Fernando Gonçalves, ao longo desse período houve aumento na alimentação e bebidas, educação e transporte (incluindo a gasolina) – o que justifica o acumulado em 12 meses ter ultrapassado o teto.

O grupo Alimentação e bebidas teve a maior variação em 12 meses, e a maior peso no índice geral (1,44 p.p.).

Veja a variação dos grupos em 12 meses:

  • Alimentação e bebidas: 6,66%
  • Educação: 6,21%
  • Despesas pessoais: 5,81%
  • Habitação: 5,30%
  • Saúde e cuidados pessoais: 5,16%
  • Transportes: 5,11%
  • Vestuário: 4,68%
  • Artigos de residência: 2,66%
  • Comunicação: 2,16%

Dentre os 377 subitens do IPCA, as carnes tiveram a maior contribuição para o resultado final.

Veja os que mais contribuíram para a alta em 12 meses:

  • Carnes: 0,55 p.p. (variação de 23,63%)
  • Gasolina: 0,34 p.p. (variação de 6,60%)
  • Café: 0,32 p.p. (variação de 77,88%)
  • Cursos regulares: 0,29 p.p. (variação de 6,50%)
  • Plano de saúde: 0,28 p.p. (variação de 7,03%)

Conta de luz pesou na inflação do mês

  • 🌤️Segundo a Aneel, a medida foi adotada diante da queda no volume de chuvas e da diminuição da geração de energia por hidrelétricas, conforme projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Para compensar a baixa nas afluências, será necessário acionar usinas termoelétricas, que têm custo de produção mais elevado.

A energia elétrica residencial (2,96%) foi o subitem com o maior impacto individual no índice do mês (0,12 p.p.). Foram registrados, também, reajustes em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro.

No ano, energia elétrica residencial acumula uma alta de 6,93%, destacando-se como o principal impacto individual (0,27 p.p.) no resultado acumulado do IPCA (2,99%). Esta variação (6,93%) é a maior para um primeiro semestre desde 2018 quando o acumulado foi de 8,02%.

O grupo Habitação (0.99%) foi, ainda, influenciado pela alta na taxa de água e esgoto (0,59%). No mês, o grupo contribuiu com 0,15 p.p. para o índice geral.

Nova Tarifa Social vai dar descontos de até 100% na conta de luz de cearenses — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Queda nos alimentos

Por outro lado, o grupo Alimentação e bebidas registrou a primeira queda (-0,18%) em 9 meses, contribuindo com -0,04 p.p. na taxa geral. Em maio, o grupo teve uma alta de 0,17%.

Segundo o IBGE, a queda foi influenciado pela alimentação no domicílio, que saiu de 0,02% em maio para -0,43% em junho, com quedas no ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%). Em alta, se destaca o tomate (3,25%).

Já a alimentação fora do domicílio desacelerou para 0,46% em junho, frente ao 0,58% de maio. O lanche passou de 0,51% em maio para 0,58% em junho, e a refeição, por sua vez, saiu de 0,64% em maio para 0,41% em junho.

A queda na alimentação e bebidas se reflete no índice de difusão do mês de junho, ou seja, no percentual de subitens que tiveram resultado positivo, que passou de 60% em maio para 54% em junho.

Entre os alimentícios, o índice caiu de 60% para 46% e entre os não alimentícios, manteve-se a taxa de 60%. O IBGE atribui a queda ao aumento na produção da safra.

“Foi o menor índice de difusão desde julho de 2024 (47%), quando o grupo Alimentação também apresentou uma redução em sua taxa (-1,00%)”, observa o gerente. “Se tirássemos os alimentos do cálculo do IPCA, a inflação do mês seria de 0,36%. E se tirássemos a energia elétrica, ficaria em 0,13%”, conclui Fernando Gonçalves.

O Transportes também teve contribuição positiva relevante no mês (0,05 p.p), aumentando 0,27% após recuo de 0,37% em maio.

Mesmo com a queda dos combustíveis (-0,42%), as variações no transporte por aplicativo (13,77%) e no conserto de automóvel (1,03%) impulsionaram a alta.

No Vestuário (0,75%), que contribuiu com 0,04 p.p. em junho, destacam-se as altas na roupa masculina (1,03%), nos calçados e acessórios (0,92%) e na roupa feminina (0,44%).

INPC fica em 0,23%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado como referência para reajustes do salário mínimo e que calcula a inflação para famílias de renda mais baixa, registrou uma alta de 0,23% em junho. Em maio, o índice havia subido 0,35%.

Com isso, o INPC acumulou uma alta de 5,18% nos 12 meses até maio de 2025.

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