Você já pensou que toda a sua vida de trabalho pode depender de um único documento?
E que, se esse documento estiver errado, décadas de esforço podem simplesmente desaparecer do seu direito à aposentadoria?
Esse documento existe. Chama-se CNIS — Cadastro Nacional de Informações Sociais.
O CNIS funciona como um “raio-x” da vida laboral do brasileiro. Nele constam todos os empregos, contribuições, salários e períodos reconhecidos pelo INSS. É a base para qualquer cálculo de benefício, desde aposentadoria até auxílios.
Mas existe um problema sério: na maioria dos casos, o CNIS não reflete a realidade do trabalhador.
Erros são frequentes. Entre os mais comuns estão:
– vínculos sem data;
– contribuições que não aparecem;
– salários lançados abaixo do verdadeiro;
– nomes digitados incorretamente;
– NITs duplicados;
– períodos inteiros ignorados pela base de dados.
E isso gera uma consequência inevitável: o trabalhador vive uma história; o sistema registra outra.
Imagine a situação:
Você sabe que trabalhou por 35 anos. O CNIS mostra apenas 27.
Você lembra do salário que recebia. O sistema aponta um valor menor.
Você viveu a experiência. Mas o INSS só reconhece o que aparece ali.
Como esperar uma aposentadoria justa se o documento principal está incompleto?
Esses erros levam a benefícios negados, cálculos reduzidos ou análises extremamente demoradas; situações que poderiam ser evitadas com uma simples revisão prévia.
Por isso, a pergunta essencial é:
Se você fosse se aposentar hoje, o CNIS reconheceria tudo o que você realmente trabalhou?
Corrigir o CNIS não é uma formalidade burocrática. É uma etapa estratégica e indispensável para qualquer trabalhador que deseja garantir seus direitos.
E é nesse ponto que a advocacia previdenciária se torna fundamental. Cabe ao advogado reconstruir a trajetória contributiva do cliente com rigor técnico: inserir vínculos esquecidos, comprovar períodos não registrados, ajustar remunerações, unificar NITs e organizar todos os documentos para que o INSS reconheça a vida laboral como ela realmente aconteceu.
A aposentadoria é mais do que um benefício financeiro.
É o fechamento de uma jornada longa, silenciosa, construída com esforço diário.
E fica a reflexão que todo trabalhador deveria fazer:
Vale a pena esperar a aposentadoria para descobrir que o CNIS está errado?
Ou é mais inteligente corrigir hoje e garantir justiça amanhã?
No fim, um CNIS atualizado não é apenas um papel.
É respeito à história de quem trabalhou.
É segurança para o futuro.
É a garantia de receber exatamente aquilo que foi construído ao longo de toda uma vida.
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Por: Drª. Ingrid Dialhane