Homem descobre ter câncer de mama após sentir incômodo ao usar cinto de segurança: ‘Nunca imaginei’

Homem descobre ter câncer de mama após sentir incômodo ao usar cinto de segurança: ‘Nunca imaginei’


Especialista fala sobre a prevenção do câncer de mama em homens
Embora seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver câncer de mama. A diferença está na incidência: em homens, representa cerca de 1% dos casos totais, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) – o que o torna raro, mas não inexistente.
O comerciante aposentado José Simões, de 79 anos, morador de Jacareí, no interior de São Paulo, descobriu o câncer de mama por acaso. Ele sentiu um desconforto no peito ao usar o cinto de segurança do carro, estranhou e resolveu procurar um médico.
“Descobri a doença por acaso, pois quando eu colocava o cinto de segurança do carro, sentia um incômodo no peito e detectei ali a presença de um pequeno nódulo. Um dia, comentei com um médico amigo sobre esse nódulo e ele me orientou a retirar e fazer análise do que poderia ser. Ele mesmo retirou e levou para análise, onde foi detectado o câncer e eu fui encaminhado ao oncologista para dar início ao tratamento”, explicou.
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Foto de José Simões após ter feito a cirurgia de retirada do tumor. Ele ficou sem a mama direita.
Arquivo pessoal/José Simões
José foi diagnosticado com câncer em 1993, quando ele tinha 47 anos. Era um tumor agressivo de grau I. Quando descobriu a enfermidade, José ficou muito assustado, pois, na época, ele tinha três filhos pequenos e não sabia o que poderia acontecer.
O ex-comerciante conta que recebeu o diagnóstico com o filho mais novo no colo, na época com três anos. Para José, foi uma surpresa, pois ele nunca imaginou que homens poderiam ter câncer de mama. Se atualmente esses casos são poucos falados, na década de 90 a possibilidade era ainda menos conhecida.
“Disse ao médico que o meu maior medo era não ver os meus filhos crescerem. O doutor me acalmou e falou que o tratamento daria certo e que eu veria todos eles crescerem sim. Não imaginava que homens pudessem desenvolver câncer de mama. Deus me ajudou a descobrir em tempo de tratar”, narrou José.
Após a realização de exames complementares, ele deu início ao tratamento e precisou fazer uma cirurgia para retirar totalmente a mama direita.
Com o procedimento feito, José Simões realizou 40 sessões de radioterapia e exames periódicos para saber se poderia ter manifestação da doença novamente. A confirmação da cura aconteceu cinco anos após o diagnóstico, em 1998, após uma jornada árdua na luta contra o câncer.
“Foi uma batalha longa e difícil, mas graças a Deus, aos médicos e ao apoio de minha família, fomos vencedores. Sou devoto de Nossa Senhora Aparecida e tenho convicção que ela cuidou de mim e ajudou para que eu fosse curado”, declarou.
José Simões e família na Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
Arquivo pessoal/José Simões
Mesmo curado, por vergonha e receio de julgamentos, José conta que não ficava sem camisa, para que ninguém percebesse que ele não tinha uma mama. Com o tempo, ele superou preconceitos e inclusive voltou a ir à praia, tentando levar uma vida normal e aproveitar tudo que pudesse viver ao lado da família.
“Por causa de não ter uma mama, tinha muita vergonha de ficar sem camisa. Foi um processo longo”, narrou.
Torcedor fanático do São Paulo, José participou de uma campanha do tricolor, para conscientizar sobre os casos de câncer de mama entre homens e a importância da prevenção. Contando a própria história, ele foi convidado para conhecer ídolos do time e teve a oportunidade de assistir a um jogo de camarote ao lado do filho, que também é são-paulino.
Para o filho, a trajetória de cura do pai e poder vê-lo vencer preconceitos para conscientizar outros homens sobre a doença são motivos de orgulho.
“Em 2021, o SPFC lançou no antigo Twitter uma pergunta se alguém conhecia um tricolor que tivesse vencido o câncer de mama, na campanha do outubro rosa. Aí eu respondi contando a história do meu pai. Pouco tempo depois o clube entrou em contato comigo, perguntando se eu e meu pai topávamos ir ao Morumbi assistir ao jogo contra o Internacional pelo Campeonato Brasileiro no Camarote dos Ídolos e participar da campanha do outubro rosa”, contou o filho de José.
“Meu pai tava com medo, por conta ainda da pandemia, mas de tanto eu insistir ele foi. Lá nós fomos super bem-recebidos, ficamos no camarote, ganhamos camisas oficiais da campanha do outubro rosa, e pudemos conhecer ídolos do SPFC como Daryo Pereyra, Ronaldo, Aloísio e Richarlyson. Meu pai participou da gravação do vídeo da campanha, que ficou muito bom. Morro de orgulho sempre que vejo”, completou o filho.
José Simões e o filho no jogo do São Paulo.
Arquivo pessoal
Curado do câncer, com os filhos crescidos e agora formando suas próprias famílias, José vê como o diagnóstico precoce salvou a vida dele e possibilitou a realização de tantos sonhos. Ele alerta para que outros homens não tenham medo e, ao primeiro sinal de que algo está errado, busquem ajuda médica, para que a doença não interrompa uma vida.
“Eu oriento para que todos se cuidem, tenham conhecimento do próprio corpo e busquem ajuda profissional. Passar em consultas e fazer exames regulares pode salvar a vida, mas muita gente tem medo de ir ao médico. No meu caso, a descoberta rápida da doença foi determinante para a minha cura”, finalizou José.
José Simões atualmente. Ele é religioso e faz leituras na missa.
PASCOM Paróquia Imaculada Conceição de Jacareí
Sintomas e tratamentos
O oncologista Henrique Zanoni Fernandes, do Instituto de Oncologia do Vale (IOV), destaca os principais sintomas da doença.
Apesar do diagnóstico poder ser feito através de exames específicos, sinais no corpo também são importantes e devem ser observados:
É essencial que a mulher ou o homem conheça o próprio corpo.
Alterações como nódulo (caroço) endurecido e indolor na mama ou axila
Vermelhidão
Aspecto de casca de laranja
Retração do mamilo
Secreção espontânea (especialmente sanguinolenta)
Dor persistente
O médico também reforça maneiras de reduzir a exposição aos fatores de risco e como se prevenir:
Realizar a mamografia a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas
Mulheres com histórico familiar devem iniciar o rastreamento mais cedo
Exame clínico das mamas pode ser feito a partir dos 20 anos
Ter um estilo de vida saudável
Manter o peso corporal adequado
Praticar atividade física regularmente
Evitar o consumo de álcool e tabaco
Adotar uma alimentação equilibrada
Amamentar é um fator protetor contra o câncer de mama
José Simões e família
Arquivo pessoal/José Simões
*Estagiário Thiago Ventura colaborou sob supervisão do g1.
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