Haddad comenta posição de Tarcísio e fala em servidão a Bolsonaro: ‘Candidato a vassalo’

Haddad comenta posição de Tarcísio e fala em servidão a Bolsonaro: ‘Candidato a vassalo’


Governador de SP comentou a decisão do presidente Trump de taxar em 50% produtos brasileiros, e culpou o presidente Lula por ter colocado sua ‘ideologia acima da economia’. Lula e Haddad durante lançamento do Plano Safra no Planalto, em 1º de julho de 2025
Reuters/Adriano Machado
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comentou nesta quinta-feira (10) o posicionamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e afirmou que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) é candidato “a vassalo”.
Em uma rede social, Tarcísio atribuiu a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a atitudes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O governador disse em suas redes sociais que “a responsabilidade é de quem governa” e que “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”.
Tarcísio e Gleisi se manifestam sobre tarifa de Trump
Questionado sobre a fala, Haddad afirmou que a tarifa norte-americana não deve se manter, porque não tem realidade econômica, e que a publicação de Tarcísio representa um comportamento de servidão ao ex-presidente Bolsonaro.
“O governador [Tarcísio] errou muito. Porque ou bem uma pessoa é candidata à presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. O que está se pretendendo aqui? Ajoelhar diante de uma agressão unilateral sem nenhum fundamento econômico”, afirmou Haddad, em entrevista.
🔎O termo “vassalo”, originalmente, se refere a um indivíduo que presta serviços e fidelidade a um senhor feudal, no sistema adotado na Idade Média. Também pode ser usado para descrever um ‘súdito ou subordinado’.
As declarações do ministro foram dadas em uma entrevista ao programa “Barão Entrevista” do Canal do Barão.
Tarifa de 50%: Tarcísio responsabiliza Lula por taxa de Trump sobre o Brasil
Reprodução
Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cotado para disputar a Presidência contra o atual presidente em 2026, Tarcísio afirmou que a decisão de Trump é resultado de alinhamento do Brasil a países autoritários e defesa da censura, acrescentando que o governo petista não pode jogar a culpa no seu antecessor.
Racionalidade econômica
Sobre a tarifa imposta por Trump, Haddad afirmou que a medida não deverá se sustentar por muito tempo, porque se trata de uma reação política e não há racionalidade econômica.
“Eu acredito que essa decisão é uma decisão eminentemente política, porque ela não parte de nenhuma racionalidade econômica. Não há racionalidade econômica no que foi feito ontem [quarta], uma vez que os Estados Unidos, como todos sabem, ele é super arbitrário com relação à América do Sul como um todo, e ao Brasil também”, afirmou Haddad.
“O Brasil como um todo, nos últimos 15 anos, nós tivemos um déficit de bens e serviços de mais de R$ 400 bilhões de dólares dos EUA, então não há racionalidade econômica na medida que foi tomada”, prosseguiu.
Haddad também culpou a família do ex-presidente Jair Bolsonaro por ter contribuído para a decisão de Trump.
“O próprio Eduardo Bolsonaro disse a público que se não vier o perdão, as coisas tendem a piorar. Isso ele disse publicamente, fazendo todos nós acreditarmos, porque não há outra explicação, de que esse golpe contra o Brasil, contra a soberania nacional, foi medido de forças dentro do país”.
Ofensiva tarifária
O anúncio de Trump foi recebido com espanto por especialistas no Brasil e no mundo, que destacaram a motivação política da decisão. “Ele [Trump] mencionou a iminente condenação do Bolsonaro”, disse, em entrevista à GloboNews, o ex-presidente do Banco Central Alexandre Schwartsman.
“Não seria a primeira vez que os Estados Unidos usam a política tarifária para fins políticos”, escreveu o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel.
Entidades da indústria e da agropecuária brasileira também manifestaram preocupação com o anúncio e afirmaram que as taxas ameaçam empregos no setor.

Postagens relacionadas

Tarifaço: governo deve publicar nesta segunda decreto que regulamenta Lei da Reciprocidade

Aliados dizem a Motta que não cabe pautar anistia para barrar tarifaço porque tema diz respeito à soberania

Como Trump virou figura central da política brasileira em uma semana