Expansão, novos carros e desmanche: veja os planos da Toyota para o Brasil

Expansão, novos carros e desmanche: veja os planos da Toyota para o Brasil

A Toyota entrou no jogo com R$ 11,5 bilhões, que serão aplicados até 2030. O principal plano é inaugurar sua segunda fábrica em Sorocaba, interior de São Paulo. Também estão previstos dois novos modelos para o mercado nacional, o novo SUV Yaris Cross e um modelo a ser revelado.

A montadora também pretende trazer seus primeiros carros 100% elétricos para o Brasil no início de 2026 e planeja ter um desmanche próprio para reaproveitamento e venda de peças com preços mais baixos para o consumidor final.

Veja abaixo os detalhes dos planos da Toyota para o Brasil, segundo Rafael Chang, CEO da marca para América Latina e Caribe, e Evandro Maggio, presidente da Toyota do Brasil.

Fábrica de Sorocaba II

O g1 visitou a fábrica da Toyota, ainda em obras. Neste local serão instaladas as máquinas para montagem dos novos carros da marca — Foto: Divulgação | Toyota

A Toyota está ampliando sua planta em Sorocaba, que substituirá a unidade de Indaiatuba, atualmente em processo de desativação. A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2026.

A capacidade anual de produção passará para 268 mil veículos, um crescimento de 20% na produção total da marca no Brasil.

Serão duas linhas de montagem com as seguintes capacidades:

  • Sorocaba 12025: 155 mil unidades | 2026: 168 mil unidades;
  • Sorocaba 22025: ainda em obras | 2026: 100 mil unidades.

A depender da demanda, é possível elevar a capacidade da unidade Sorocaba 2 para até 200 mil veículos. Na melhor das projeções, a Toyota terá capacidade de entregar 368 mil unidades com a expansão de “Sorocaba 2”.

“A nova fábrica de Sorocaba equivale a 40 campos de futebol. São 400 mil metros quadrados, sendo 160 mil de área construída. Atualmente, 1.100 operários trabalham nas obras”, afirma Maggio.

Sorocaba 1 foi construída para produzir o Etios, lançado em 2012. Ela agora abrigará o Yaris Cross, novidade que chega em novembro às lojas da marca. Sorocaba 2 será a fabricante de dois modelos híbridos plenos: o Corolla e outro veículo ainda não revelado.

Modelos como Hilux, SW4 e a van Hiace — que chega para competir com a Mercedes-Benz Sprinter no fim deste mês — continuarão sendo fabricados na Argentina, que tem capacidade de produzir até 180 mil veículos por ano.

De acordo com Rafael Chang, essa expansão faz o Brasil ganhar ainda mais relevância na operação regional da Toyota. Na América Latina, a montadora japonesa responde por 12% dos emplacamentos, um número maior que os 7,81% de participação do mercado brasileiro, conforme dados da Fenabrave.

Ainda assim, o volume representa cerca de 5% dos 10 milhões de veículos que a Toyota vende anualmente no mundo, ainda pouco em todo o mercado da maior fabricante global.

Toyota Yaris Cross chegará ao mercado nos próximos meses — Foto: Divulgação | Toyota

Durante a visita às instalações, Maggio e Chang ressaltaram que a modernização das fábricas — com novos processos de soldagem, pintura, funilaria, prensagem e acabamento — permitirá que aproximadamente 70% dos veículos vendidos no Brasil sejam produzidos no próprio país.

A Toyota pretende movimentar o mercado ao trazer para o Brasil modelos elétricos já comercializados em outros países. Segundo o CEO, esses veículos estão nos planos da marca para chegar ao país no primeiro semestre de 2026.

Com o objetivo de tornar os veículos mais sustentáveis, até mesmo os modelos comerciais leves passarão por processos de hibridização. “A eletrificação também chegará à Hilux”, garante Chang.

Segundo os executivos, apenas o câmbio e a bateria dos modelos híbridos são importados. Todo o restante é fabricado e montado no Brasil. Entre os sistemas já produzidos no país está o Powertrain Control Unit (PCU), responsável por gerenciar o uso da bateria do novo Yaris Cross.

O lançamento, inclusive, é o mais novo integrante da concorrida categoria de SUVs compactos, que já reúne campeões de venda como Honda HR-V, Hyundai Creta, Jeep Renegade e Volkswagen T-Cross, além do aguardado Honda WR-V.

Assim sendo, será o primeiro SUV de entrada com propulsão híbrida flex plena. Esse conjunto é diferente do utilizado no Corolla e no Corolla Cross, que possuem motor 1.8 e potência combinada de 122 cv (a Toyota não divulga o torque desses modelos).

A versão híbrida flex deve ocupar o topo da linha do Yaris Cross, assim como ocorre no Corolla Cross. Se mantiver a configuração dos atuais hatch e sedã, o SUV terá motor 1.5 flex aspirado, com 110 cv e 14,9 kgfm de torque quando abastecido com etanol.

Desmanche da Toyota

Um projeto ainda em fase de desenvolvimento, mas já com estratégias definidas, é o de reciclagem de veículos.

No contexto do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), a proposta é cuidar do carro “do berço ao túmulo”, medindo sua pegada de carbono desde a extração da matéria-prima até o descarte final. Nesse processo, a Toyota entende que é preciso incluir todas as etapas: produção, uso e descarte.

“Precisamos fechar toda a cadeia produtiva do automóvel, o que está diretamente ligado à descarbonização das fábricas”, explica Chang.

Ainda sem data definida para começar, o projeto de reciclagem de veículos está em fase inicial. Já existem, porém, estudos para que o reaproveitamento de peças chegue ao consumidor final. “Estamos em uma operação piloto, não tão avançada quanto a da Stellantis”, admitiu Maggio.

Para viabilizar o projeto, a Toyota já identificou três perfis de clientes potenciais para o serviço de desmanche:

  • Proprietários de veículos com até cinco anos de uso;
  • Proprietários de veículos com cinco a 10 anos, ainda dentro da garantia;
  • Usuários de veículos destinados ao trabalho.

Engenheiros garantem que 99,5% da área de solda será feita exclusivamente por robôs — Foto: Divulgação | Toyota

No primeiro caso, o cliente com carro novo ou seminovo tende a ser menos sensível ao preço das peças e da manutenção, segundo pesquisas da marca. Isso mostra que ele estaria disposto a pagar um pouco mais para garantir a qualidade do serviço.

O segundo perfil é formado por clientes mais atentos aos custos de manutenção. É nesse segmento que as peças recuperadas do desmanche ganham maior relevância.

“É comum encontrarmos clientes com Corolla de 10, 15 ou até 20 anos. Nesses casos, o valor do carro já caiu bastante e o custo do reparo precisa ser proporcional.”, explica Maggio.

“Ninguém quer gastar R$ 3 mil para consertar um veículo que vale R$ 10 mil. Uma peça recondicionada, em bom estado e mais acessível, faz sentido para esse público.”

O terceiro grupo inclui veículos usados exclusivamente para trabalho, como picapes em fazendas, na mineração ou carros de táxi e aplicativos. “Esse cliente busca a peça mais barata que garanta o funcionamento do veículo e reduza os custos operacionais”, afirma o presidente da Toyota do Brasil.

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