Pressão aumenta sobre o governo Trump com divulgação de e-mails do caso Epstein
O bilionário americano Jeffrey Epstein, condenado por abuso sexual, afirmou em uma troca de e-mails ter recebido uma ligação em que estava o presidente Lula (PT), em 2018. Na mesma conversa, Epstein elogiou Jair Bolsonaro (PL), chamando-o de “o cara”. Os arquivos foram divulgados na quarta-feira (12).
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▶️ Contexto: O Congresso dos Estados Unidos divulgou arquivos ligados à investigação sobre o esquema de abuso sexual comandado por Jeffrey Epstein nos anos 2000.
O bilionário foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual.
Epstein foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades dos EUA, tirou a própria vida um mês depois, dentro da cela.
Não está claro com quem Epstein trocava mensagens, já que o nome do interlocutor foi mantido em sigilo. A conversa ocorreu em 21 de setembro de 2018. Na época, Lula estava preso em Curitiba, enquanto Bolsonaro era candidato à Presidência.
Segundo o próprio Epstein, a ligação aconteceu graças ao linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky. Registros indicam que Chomsky visitou Lula na prisão no dia 20 de setembro de 2018, um dia antes da conversa por e-mail.
Veja a seguir a troca de mensagens:
Epstein: “Chomsky me ligou com o Lula. Da prisão. Que mundo.”
Interlocutor: “Diga a ele que o meu cara vai ganhar no primeiro turno.”
Epstein: “Durante a coletiva de imprensa de quinta-feira, foi divulgada uma mensagem de Lula ao Partido dos Trabalhadores (PT) sobre a militância da organização.”
Epstein: “Bolsonaro é o cara.”
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República nega que a ligação telefônica tenha acontecido.
O g1 também entrou em contato com a defesa de Jair Bolsonaro e aguarda retorno.
Jeffrey Epstein
Jornal Nacional/ Reprodução
Em fevereiro de 2019, Epstein voltou a mencionar Lula em outra troca de mensagens. Um interlocutor, cujo nome foi mantido em sigilo nos arquivos, pergunta ao bilionário se ele conseguiria se encontrar com Chomsky. Epstein responde:
“Sim, ele gostaria disso. A esposa dele é brasileira, então vá com calma em relação ao Bolsonaro. Eles são amigos do Lula. Mas ele é uma figura icônica, e você não deveria perder a chance de falar sobre história e política. Eu vou colocar vocês em contato por e-mail, assim podem se coordenar diretamente.”
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Em e-mails, Epstein cita Lula e Bolsonaro’
Reprodução
E-mails jogaram pressão em Trump
Na quarta-feira, o Congresso dos Estados Unidos divulgou mais de 20 mil arquivos da investigação sobre Jeffrey Epstein. Entre o material, há trocas de e-mails que sugerem que o presidente Donald Trump tinha conhecimento da conduta do bilionário.
Em um dos e-mails, datado de janeiro de 2019, Epstein escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”. No mesmo texto, aparecem o nome de uma vítima censurado e a menção a Mar-a-Lago, o resort do ex-presidente localizado na Flórida.
Em outra mensagem, enviada em abril de 2018, Epstein escreveu sobre Trump a Ghislaine Maxwell — sua assistente e confidente, posteriormente condenada por facilitar os crimes.
“Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump”, afirmou. Em seguida, acrescentou que uma das vítimas “passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.
Em uma rede social, Trump afirmou que a polêmica envolvendo os e-mails de Jeffrey Epstein é uma “armadilha” criada pelos democratas. Segundo ele, o objetivo da oposição é desviar a atenção da paralisação do governo federal.
“Os democratas estão tentando ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein porque fariam qualquer coisa para desviar o foco de como se saíram mal na paralisação e em tantos outros assuntos”, escreveu.
“Apenas um republicano muito ruim ou estúpido cairia nessa armadilha”, disse. “Não deve haver distrações com Epstein ou qualquer outra coisa.”
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente “não fez nada de errado” e acusou os democratas de divulgarem os e-mails “para difamar Trump”.
Ela também questionou o fato de os documentos terem sido publicados no mesmo dia em que a Câmara votaria o fim da paralisação e disse que a oposição estava usando o caso para atacar o governo e criar uma narrativa falsa.
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