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Economistas divergem de Lula e dizem que austeridade fiscal dá segurança à economia

por Redação
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“Vocês podem e devem mostrar ao mundo que é possível criar um novo modelo de financiamento sem condicionalidades. O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo”, disse Lula na ocasião.

Para Robson Gonçalves, economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), a fala não se sustenta nem na teoria nem na prática.

“Não existe modelo de financiamento sem condicionalidade. Isso equivaleria a um credor emprestar sem nenhum critério, o que é incompatível com qualquer sistema financeiro viável”, afirmou. “Todo agente econômico — pessoa, empresa ou Estado — tem um limite de crédito. E esse limite está atrelado justamente à sua responsabilidade fiscal.”

Lula também associou políticas de austeridade ao aumento da desigualdade: “Toda vez que se faz austeridade, o pobre fica mais pobre e o rico mais rico. É isso que nós temos que mudar.”

Gonçalves rebate. “Essa afirmação é genérica. Países escandinavos, por exemplo, conseguiram reduzir desigualdades mantendo responsabilidade fiscal rigorosa. Não existe correlação direta entre austeridade e desigualdade social. Há outros fatores em jogo.”

Segundo ele, o discurso de Lula “parece remetido à lógica do início do século passado”. “Em 1925, teria sido uma fala progressista. Em 2025, está fora de contexto.”

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Austeridade não exclui justiça social

Marcus Pestana, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), afirmou que conceitos como “austeridade” e “expansionismo” precisam ser compreendidos dentro do contexto histórico de cada país.

Ele afirmou que a teoria do economista norte-americano John Maynard Keynes, consagrada na década de 1930, não se aplica à realidade atual. Keynes defendeu os gastos públicos para impulsionar a economia após o período da grande depressão.

“Keynes escreveu sobre a necessidade de estímulo em um cenário de depressão em 1929. Mas hoje o Brasil não está em recessão. Temos uma economia razoavelmente aquecida, com emprego em alta. Manter déficits sistemáticos em um cenário assim pode agravar a dívida pública”, disse Pestana.

Ele destacou que a missão da IFI é técnica e apartidária: “Nosso papel é oferecer alertas com base em projeções e dados confiáveis. E, hoje, os números mostram que o atual regime fiscal é insustentável no médio prazo.”

O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participou nesta sexta-feira (4), da Cerimônia de anúncios de investimentos da Petrobras em Refino e Petroquímica no Rio de Janeiro, na Refinaria REDUC Petrobras, em Campos Elíseos, Duque de Caxias, RJ — Foto: Carlos Elia Junior/Fotoarena/Estadão Contéudo

Contexto fiscal preocupa

A fala do presidente vem em meio a crescentes preocupações com as contas públicas. Em maio, o governo propôs ao Congresso adiar de 2025 para 2026 a meta de zerar o déficit fiscal. O gesto foi visto como um sinal de frouxidão na condução da política econômica, o que gerou ruídos com o mercado e pressionou o dólar e os juros.

Desde então, declarações de Lula contra o que ele chama de “austeridade” têm sido acompanhadas com atenção por economistas e investidores.

“Austeridade não significa cortes insensíveis. Significa ter disciplina, previsibilidade e segurança para o país e para quem investe nele. Sem isso, não há crescimento sustentável”, disse Robson Gonçalves.

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