Dólar sobe e fecha a R$ 5,52, após decisões sobre juros e de olho no conflito Israel-Irã; bolsa cai

Dólar sobe e fecha a R$ 5,52, após decisões sobre juros e de olho no conflito Israel-Irã; bolsa cai

Tão importante quanto a decisão em si era o conteúdo do comunicado. O Banco Central (BC) declarou que pretende interromper a elevação da taxa básica de juros para observar seus impactos na economia, mas observou que os juros devem seguir elevados por um período “bastante prolongado”.

▶️ Na quarta, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, também anunciou sua decisão sobre juros — que veio em linha com o esperado. A instituição manteve as taxas inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano e seguiu com sua previsão de realizar dois cortes até o fim de 2025, totalizando uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.) no período.

Os mercados também seguem cautelosos diante das incertezas comerciais, à medida que se aproxima o prazo para o fim da suspensão do tarifaço imposto por Donald Trump, que afetou mais de 180 países. Washington ainda busca concluir acordos com seus principais parceiros.

Entenda abaixo como esses fatores impactam o mercado.

Petróleo chega a subir mais de 14% mas cotação perde força ao longo do pregão

💲Dólar

  • Acumulado da semana: -0,32%;
  • Acumulado do mês: -3,38%;
  • Acumulado do ano: -10,60%.
  • Acumulado da semana: +1,10%
  • Acumulado do mês: +1,23%;
  • Acumulado do ano: +15,32%.

Israel X Irã

Bomba dos EUA pode mudar rumo do conflito Irã-Israel

Já nesta quinta, o presidente dos EUA afirmou que tomará uma decisão sobre o envolvimento direto do país na guerra entre Israel e Irã nas próximas duas semanas. Em comunicado à imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que estava citando o próprio presidente Trump e afirmou:

“Como existe uma chance substancial de fazer negociações com o Irã em um futuro próximo, vou tomar minha decisão, sobre atacar ou não, nas próximas duas semanas.”

Ele disse que “aqueles que conhecem a história do Irã sabem que os iranianos não respondem bem à linguagem da ameaça”.

O mercado financeiro global tem sido influenciado pelo possível agravamento do conflito no Oriente Médio. Situações de incerteza costumam levar a uma maior procura por ativos considerados seguros, como o dólar.

Além disso, os preços do petróleo dispararam por causa da preocupação sobre a interrupção do fornecimento do produto.

A principal preocupação é se o conflito afetará o Estreito de Ormuz, por onde transita cerca de um quinto do consumo global de petróleo. Diante de um possível ataque direto dos EUA contra o Irã, o governo iraniano ameaçou fechar o canal marítmo.

‘Superquarta’

Foi o maior patamar em quase 20 anos – em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa Selic estava em 15,25% ao ano.

  • 🔎 Juros mais altos desestimulam o consumo pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.

A decisão foi por unanimidade. Ou seja, todos os diretores do Copom e o presidente, Gabriel Galípolo, votaram no mesmo sentido. O Copom justificou que as incertezas na economia dos EUA exigem cautela nos países emergentes, como o Brasil. Entenda este e outros recados do comitê.

▶️ ESTADOS UNIDOS: Nos EUA, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Os mercados ainda apostam em dois cortes até dezembro, com um primeiro movimento em setembro sendo visto como o mais provável.

Mais cedo, Trump voltou a criticar o presidente da instituição, Jerome Powell, afirmando que o homem que ele colocou no cargo durante seu último mandato fez um “trabalho ruim”.

A repórteres na Casa Branca, o presidente norte-americano chegou até a mencionar a possibilidade de se nomear para liderar o BC dos EUA. “Powell chegou tarde demais”, disse, referindo-se ao seu desejo de cortes de juros.

No comunicado divulgado após a decisão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) reafirmou que as incertezas em torno das perspectivas econômicas seguem elevadas, mas ponderou que elas diminuíram em relação à última reunião. A postura cautelosa do Fed reflete, principalmente, a política tarifária do presidente Donald Trump.

“Powell voltou a manter sua postura cautelosa, mas deixando claro que o cenário tende a piorar – o que já havia ficado evidente nas projeções de inflação, crescimento e juros divulgadas no comunicado posterior à decisão”, afirmou Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Na semana passada, os investidores repercutiram o novo acordo tarifário entre EUA e China. Eles têm acompanhado de perto a situação preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos.

  • 🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.

Segundo o economista da CM Capital, Matheus Pizzani, a decisão do Fed reforça a perspectiva e que o mercado pode acabar sendo pego de surpresa no segundo semestre do ano.

“Além das entrelinhas do comunicado […] deixarem nítido que o Fed não tem pressa em mudar seu atual posicionamento em termos de política monetária […] a decisão de hoje também trouxe outros elementos importantes que jogam a favor de um cenário de estabilidade de juros até o final do ano”, opinou.

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